sei que não estou escrevendo capítulos grande, nem dando grandes passos na escrita, mas ainda sim espero que gostem. vou voltar com tudo quando tiver tempo.
perdoem qualquer erro, pois passaram despercebidos. boa leitura e até mais!
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Dayane Limins, Londres - 06 de dezembro de 2021 (em pedaços).Foi avassalador descobrir que ela estava embaixo de nosso nariz, que poderíamos ter olhado as câmeras e descoberto de primeira. Ela não teria que passar por nada do que passou, mas eu fui incompetente. Eu não fiz as coisas básicas que alguém no meu lugar deveria fazer, por medo e por não saber admitir que eu não estava adepta a esse caso. Caroline me lembrou Inger, eu a projetei nela porque sentia que deveria salvar alguém para acabar com a minha dívida de vida e morte com Inger, que salvando Carol me pouparia da dor de acordar todos os dias e saber que eu tive culpa na morte de alguém, mas a verdade é que quem deveria ser salva era eu. Inger se foi, a garota norueguesa se foi, mas Caroline não precisava ir. Eu prometi fazer o possível para achá-la, mas quando chegamos perto eu só soube correr e me reconciliar com a droga do meu vício.
Eu sou fraca. Todos acham isso de si, mas a verdade é que eu realmente sou. Eu não era, costumava aguentar tudo e entendia o propósito da vida, mas agora tudo que eu faço é fugir. Fujo dos problemas, fujo das responsabilidades e principalmente de mim mesma. Eu não busco a redenção, não consigo aceitar que em um milhão de pessoas próximas eu fui a escolhida para ser a porra de uma dependente. Eu dependo do álcool, mesmo não o consumindo mais. Como a garrafa de whisky que fica escondida no criado mudo, eu não a bebo há anos, mas não consigo deixá-la ir.
Nesse caso, não conseguiria deixar Caroline ir porque nos últimos anos, meses e dias quem vem me trazendo essa sensação de êxtase é ela. Eu sei o que isso significava. Se ela não estiver viva eu só paro de beber quando eu morrer. Mas se ela estiver com aquelas bochechas avermelhadas e olhos cheios de esperança, vai ser o fim de algo que construí. Não precisarei de mais nada para me fazer sentir viva. O álcool me tirava da realidade e eu amava isso, mas eu não sei o que mudou. Não sei o que aconteceu para que eu sentisse que ela poderia fazer muito mais por mim.
O carro seguia as avenidas em um tiro, haviam alguns policiais atrás de nós seguindo o caminho em seus carros. Não seria fácil, ele sabia que estávamos indo atrás dela porque ele acompanhou cada passo nosso. Ele estava tão perto, mas foi tão difícil de nota-lo lá que é decepcionante. O que ele ganharia em troca disso? Dinheiro? Não sei, a família de Violet não parecia saber disso, pelo contrário, mal tinham contato com o homem.
— Você desconfiava? — Bruno me perguntou, ele torceu a boca com a pergunta e me encarou rapidamente.
— Não em relação aos assassinatos, mas sabia que ele escondia algo. — falei o encarando novamente — E você? — o sonso de Bruno era mais aguçado que o meu, em certos casos quem abriu meus olhos era ele.
— Sim, não o suficiente para ter certeza, mas também sentia algo esquisito nele. — falou dando de ombros, ele dirigia atenciosamente enquanto desviava dos carros.
Enquanto o carro seguia eu sentia uma vontade avassaladora de chorar, mas eu sabia que não devia. Eu não iria chorar ali no meio do nada, mas meu amigo entrelaçou nossos dedos em um formato de abraço, me encostei no banco do carro e passei a colocar aquela angústia para fora. Não era um choro comum, eu o sentia me sufocar, era um desespero que eu jamais havia sentido em minha vida. Doeu tanto que eu queria que ele parasse, mas não havia mais jeito, eu dei passagem para que ele viesse e agora teria que esperar tudo isso sair de uma vez. Eu sentia a mão de Bruno alisar as minhas costas, um carinho calmo para alguém que estava se sufocando em sua angústia.
— Não há mais porque ter medo, Day. — em uma calmaria sua voz me atingiu.
Levantei minha cabeça e estávamos parados, todos nós. Estava no local. Eu sequei as lágrimas e Bruno me ajudou me dando seu lenço macio. Seus olhos buscavam os meus como se esperasse eu dizer que estava bem, talvez buscando algum traço de sanidade.
— Você vai me odiar, mas precisa confiar em mim. — falou fugindo dos meus olhos.
— Bruno, não... — falei rápido, eu sabia o que ele iria fazer.
— Eu te conheço, te deixei achar que era desconfiança para que você tivesse alguma certeza em si mesma, mas eu nunca desconfiei da sua sobriedade. — falou se soltando de mim, aquele assunto novamente — Deixei que você achasse aquilo para que não percebesse que não estava pronta para entrar em um caso como esse. Agora você sabe, então não me odeie. — houve uma longa pausa, uma causa que fez meu coração sair boca — Você está fora desse caso, Day. Você verá Carol, mas será um trabalho meu e da polícia. Você entende? — meu rosto ardia, mas de vergonha.
Eu queria gritar com ele e o xingar, mas ele estava certo. Senti tanto medo de não estar apta a esse caso que ofusquei a verdade, eu realmente não estou. Estou tão perdida que logo estaria acabando com toda a minha sobriedade por conta de uma mulher. Uma garota. Eu assenti para ele enquanto ele saía do carro, os outros policiais o olharam, estava fardado e com um colete, sua arma estava em suas mãos e todos estavam prontos para entrar.
Eu não salvaria Carol, eu não a salvei. Jamais salvarei alguém, nem a mim mesma.
Mas seria fácil demais desistir assim, não poderia deixá-la dessa forma. Não tão rápido. Desci do carro e vesti a farda por cima da roupa mesmo, junto do colete. Peguei a maleta e tirei minha arma de lá, estava carregada. Mirei em minha frente, pronta para derrubar qualquer pessoa que ousasse entrar em minha frente. Entrei na delegacia encontrando apenas o vazio, não havia ninguém. O lugar havia sido evacuado, o silêncio era a única coisa que restava. Desci até o subsolo aonde Bruno disse que ele havia a levado, desci andar por andar buscando algum sinal de qualquer pessoa, seria agradável achar Bruno.
Eu estava armada, mas com medo. Se eu trombasse com ele, provavelmente usaria Carol como isca e eu cairia, correria até ela de uma forma desesperada sem me preocupar com uma arma apontada em minha cabeça. Então eu estava receosa enquanto abria porta por porta, sabia que de alguma forma ele faria com que eu escolhesse entre mim e ela. Eu a escolheria, eu acho que sim pelo menos, quando estamos a mira da arma tudo tudo.
Quando cheguei no penúltimo andar do subsolo tudo que eu pude ouvir foi um grito, um grito por mim. Era ela. Era uma armadilha.
Eu fui correr em sua direção, eu quis correr, mas algo me segurou tampando a minha boca. Era alguém, havia saído de uma das salas que eu ainda não havia olhado. Eu quis chorar e gritar pela possibilidade de ser aquele nojento asqueroso, mas quando eu ouvi o "shh" doce e calmo ao meu ouvido, eu soube que era o homem que usava uma loção pós barba amadeirada.
— Eu também ouvi, ele está perto. — disse Bruno atrás de mim, ele ainda me segurava contra seu peito tendo a certeza de que eu correria até lá.
Me desfiz de suas mãos e guardei a arma, estava quase pronta para atirar em Bruno caso não sentisse o cheiro de sua loção. Respirei fundo e reparei que estávamos no depósito, a fresta da porta não mostrava nenhuma sombra. Provavelmente Carol será levada para alguma outra saída, não estamos prontos para outro tipo de varredura.
— Ele vai levar ela para alguma outra saída de emergência, não vai usar as escadas. — falei tentando manter a voz em um sussurro.
— Fale mais baixo. — pediu colocando o dedo em minha boca — Nossos homens estão em todas as portas. — falou tirando a arma do coldre e indo até a porta.
Ele abriu a fresta e olhou, o corretor era escuro, porém ainda sim daria para vê-los se tivessem que passar por nós. Eu estava começando a ficar entediada ali, agoniada, talvez até ansiosa. O suor escorria por todo meu corpo, minhas mãos tremiam e eu sentia meu rosto queimar.
— Day, você vai me dar cobertura. Mas me escute. — os olhos verdes de Bruno tomaram uma coloração escura, tão escura que eu mal podia ver suas pupilas. Ele estava vermelho também, com o rosto abatido — Você não pode foder tudo. Você vai agir com a razão, esqueça a porra dos seus sentimentos! — ele me segurou pelos ombros, era como se suplicasse para que eu agisse corretamente — Estamos lidando com alguém treinado, não faça besteira. — se ele pudesse fumar, com toda certeza haveria cinco cigarros em sua mão de uma vez.
— Tudo bem. — falei baixinho.
Ele saiu pelo corredor comigo em sua costa, esperando qualquer tiro em qualquer direção. Não se tratou mais da promessa que fiz a Carol, mas sim uma questão de honra. Nem ela e nem Bruno irão se ferir, não enquanto eu estiver aqui.
Nem que isso custe a mim.
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The Lake House (Dayrol)
Mistério / SuspenseLondres: tempos atuais. Fui enviada da Califórnia para cá na tentativa estúpida de resolver mais um caso. O que eu não acho ruim, viajar tem sido meu alicerce para fugir de alguns problemas pessoais, mas não há nada de bom em casos assim. Uma ga...