Vou começar dizendo que não estou 100% ainda, tem muita coisa ocorrendo e hoje — pela primeira vez em muito tempo — senti vontade de escrever. Não sei se ocorrerá de novo, mas espero que estejam aqui quando acontecer.
Espero que o começo de ano de vocês esteja bom, feliz ano novo aliás. Bom capítulo e me mostrem as gafes para que eu corrija ;)
____________________________________
Caroline Biazin, Londres - 02 de dezembro de 2021 (alguns dias antes).Essa noite eu faria algo inesquecível, algo que estou adiando há alguns anos, desde que me mudei para Londres. Eu visitaria o meu pai. Uau, como é difícil se referir a alguém que nem ao menos sabe da minha existência como "pai". Não o culpo, não gostaria de ter outro pai além do meu, porque foi uma pessoa que me encheu de orgulho, que me ensinou a ser determinada e focada nos princípios da minha vida. Ele fez com que minha infância fosse a melhor possível. Isaías, um italiano carinhoso e fiel à sua família, foi o meu primeiro amor, era meu refúgio, era a quem eu buscava auxílio nos melhores e nos piores dias da minha vida. Eu o amava. Eu me via nele, mesmo que agora eu saiba que não temos um parentesco, mas eu juro que temos o mesmo sorriso e até os mesmos olhos. A forma como ele demonstra amor é igual a minha, palavras de afirmação. A minha mãe sempre foi o tempo de qualidade, isso me ensinou que amar as vezes é apenas estar ali presente. Aprender isso me fez parar de cobrar certas coisas de outras pessoas.
Nunca estive em um relacionamento de verdade, aquele que temos quando nós nos tornamos "maduras". A minha adolescência foi conturbada para ser sincera, acabou que eu não tinha tempo o suficiente para namorar ou me interessar por alguém. Eu até tentei ter um quando menor, dei uns beijinhos em Brian McGorry para perder logo o "bv", e foi isso o que confirmou que eu não gostava de homens. É engraçado pensar isso hoje de uma forma tão calma, sendo que eu surtei na época.
Crescer em uma cidade grande e populosa te ensina a respeitar a diversidade, mas não foi esse o meu caso. Depois que descobri da traição de minha mãe, acabei parando de buscar a aceitação dela já que esconder por 18 anos que meu pai não é o meu pai biológico, não é o mais correto a se fazer. Meu pai, por outro lado, sabia que eu gostava de garotas, quando o contei estava em um choro culposo, mas que foi resolvido com um abraço.
[...
— Carol, pare de chorar! — disse ele limpando minhas lágrimas. Meu rosto estava vermelho e suado, eu realmente estava em alguma crise.— Eu não sou quem você pensa que sou. — falei tentando manter a voz calma, o que foi em vão.
— Como assim? Carol, você é minha filha. — falou como se fosse algo óbvio.
— Não é isso. Eu não sou como o senhor gostaria que eu fosse. — falei tentando esconder meu rosto com as mãos.
— Você fez algo ruim? — neguei com a cabeça, mesmo sentindo que sim — Ok. Há algo em você que seja diferente? — eu assenti nervosa, ele estava quase lá.
— Eu não consigo te dizer, estou com tanta vergonha que dói... — falei em soluços. Eu realmente não aguentava mais esses surtos, começaram depois que tive certeza e contar a ele me ajudaria muito.
— Tem relação com sua sexualidade? — quando ele perguntou, de uma forma clara como se não fosse difícil de sair de sua boca como era para mim, soltei um soluço tão alto que meu ar faltou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Lake House (Dayrol)
Misterio / SuspensoLondres: tempos atuais. Fui enviada da Califórnia para cá na tentativa estúpida de resolver mais um caso. O que eu não acho ruim, viajar tem sido meu alicerce para fugir de alguns problemas pessoais, mas não há nada de bom em casos assim. Uma ga...