negotiating the truth

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mais um cap e espero que curtam, também acho que não há nada demais. se eu der uma pausa daqui é pq o trabalho está corrido e pq comprei um livro novo e vou me dedicar em ler ele.
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Dayane Limins, Londres - 05 de dezembro de 2021 (cada vez mais próxima da verdade).

[...]
Eu corria pela casa buscando por algo que me fizesse crer de que ela estava bem. Eu não entendia o porquê, mas estávamos na casa de praia dos meus pais. Por que eu a trouxe até aqui? Era óbvio que eles nos seguiriam, era óbvio que eles viriam atrás dela!

Entrei em meu carro girando a chave na ignição e ouvindo o motor roncar, o carro tremeu e eu soube que era a hora de pisar fundo. "Onde você está indo? Já faz mais de uma hora que ela sumiu, sua idiota!" gritei para mim mesma enquanto dirigia mais rápido que um tiro. Era verdade, eu não fazia ideia de onde eles poderiam tê-la levado.

— Eu prometi protegê-la, eu prometi! — bati no volante com força enquanto sentia as lágrimas caírem.

Como se minha alma tivesse sido trazida de volta ao meu corpo, eu respirei fundo e pulei na cama. Era apenas um sonho, um sonho tosco. Não era real, mas o desespero era, a angústia e aflição já estavam comigo há muito tempo. A saudade de poder ser uma jovem destemida e feliz me cercava, eu queria voltar a ser o que era, a não ter mais esses sonhos e me sentir bem com quem eu queira estar.

Eu estava sentada na cama, só agora percebi que meu corpo havia se levantado com o baque. Felizmente eu não apaguei a luz da cozinha, não estava tão escuro. Senti algo em meu ombro, algo leve feito uma pluma. Senti medo de olhar, medo de virar e não ser o que eu esperava. Medo de não ter sido um sonho, talvez eu jamais me perdoaria.

Day... — foi a primeira vez que ela me chamou assim, no meio de todo esse show de horrores eu acabei não pedindo para ela usar meu apelido para se referir a mim.

Eu a olhei no fundo de seus olhos, sentindo uma onda de choro bater em minha porta. Meu coração faltou pular do peito e meus olhos começaram a arder, estava vindo com tudo e eu não conseguia me segurar. Então ela simplesmente me abraçou, me puxou pelos ombros e direcionou minha cabeça até seu peito. Eu não podia chorar, não na frente de uma testemunha, não no meio de uma investigação.

Não adiantou pensar. Quando eu vi já estava encharcando a mulher com as  minhas lágrimas. Ela alisava meu cabelo da mesma forma que alguém faz com uma criança, ela descia lentamente os dedos sob os fios pretos e ondulados da minha cabeça. Sua respiração era leve e sua paciência estava me acalmando. Enquanto eu chorava sentia que ela dizia "tudo bem, leve o tempo que precisar" mesmo sem dizer uma palavra, apenas por não me apertar ou tentar dizer algo. Ela só me manteve livre, ficando em silêncio para que eu pudesse agir como desejasse.

Seu toque se cessou quando eu, involuntariamente, me obriguei a soltá-la. Não queria, desejei ficar ali em seu colo, recebendo sua atenção apenas para mim por mais algumas horas. Já iria começar a amanhecer. Ela me encarou buscando saber se deveria quebrar o silêncio, eu desejei que não.

Você gritou... enquanto dormia. — falou tocando minha bochecha com o indicador, foi de uma forma tão sútil que fez cócegas.

O que eu gritei? — perguntei tentando me desvencilhar de seu carinho, mas apenas por impulso, pois eu estava gostando.

Eu não entendi muito bem. Você está bem? — perguntou voltando a empurrar meus ombros para trás, ela queria que eu me deitasse.

Eu me deitei de barriga para cima, ela se ajustou em meu lado, ficando de frente para o meu rosto. Ela ficou perto, tão perto que eu sentia seu corpo se apertando em meus braços e tronco. Eu não sou muito fã de contato físico, mas não poderia negar que eu me sentia muito melhor quando ela fazia algo que envolvia toque.

The Lake House (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora