As garotas me levaram pra uma das boates mais fudidas de Brasília só gente podre de rica, meu bem. Sabe quantos negros? Sem contar comigo. Isso aí, 5!
"Pelo menos eles tão curtindo" Não, acho que não estão, são 3 seguranças, uma barista seminua e uma stripper.
Que garota não quer ser como a famosa modelo internacional Anelise Montenegro? Ficar chapada até de manhã com esses amigos que só querem me ver jogar dinheiro pro alto?
Se eu fosse à falência até o fim da noite, eles me chutariam porta a fora daquele lugar, aqueles brancos metidos cuspiriam na minha cara e eu seria só uma preta qualquer pra eles.
—Aceita uma bebida?— uma voz familiar surgiu atrás de mim, nos breves segundos em que não vi seu rosto, me esforcei para lembrar quem falava.
Assim que ela surgiu na minha frente, pude ver Gabriella com uma taça na mão, essa garota está em todo lugar?
—Obrigada… não sabia que estava em Brasília.— disse enquanto dava um gole no champanhe que ela me oferecera.
—Vim com meu pai, ele está cobrindo uma investigação na região, não podia deixar de dar um passada por aqui, sabe como eu amo viajar.— ela sorriu e bebeu um pouco, admirando meu vestido.
Bom, me deixe te apresentar a Gabriella, o pai dela é repórter, um grande amigo do meu pai, quase que amigos de infância, mamãe não gosta muito dele, acha ele um "fracassado", poxa ele só está passando por uma fase difícil na carreira.
—Os desfiles quase não me deixam mais viajar a passeio, passo poucas horas nas cidades, nem dá tanto tempo de aproveitar muita coisa.
—Devia tirar algumas férias, pode fazer bem.
—Quem sabe daqui uns dias, gostou do desfile hoje?
—Você tava linda! Sério, parecia uma daquelas gringas famosas.
—Gringa? Sério? — falei em tom de brincadeira, mas aquela brincadeira com uma pontinha de verdade que você conhece bem, sei que já fez isso também.
Por que eu não posso simplesmente ser bonita como uma BRASILEIRA? Como Lais Ribeiro, por exemplo, aquela mulher é maravilhosa, uma beleza brasileira, sem comparação.
—O QUE? NÃO TÔ OUVINDO? TA ALTO DEMAIS!
—OBRIGADO EU DISSE!— sai de perto dela e fui até os rapazes pra ver se algum filhinho de deputado daqueles tinha algo bom.
—E ai? Quero algo diferente hoje, minha intuição diz que vocês sabem como me arrumar…— disse sorrindo e em seguida dei um gole na minha bebida.
—Claro madame, tá afim do que? Hoje tenho bala e tenho neve, algo do seu agrado?— ele fitava minha face com aqueles olhos chapados, me perdoe, mas eu achava até um pouco atraente.
—A segunda opção, ajeita pra mim?
—Claro.— ele se sentou numa mesa próxima e tirou um saquinho de seu bolso, ele despejou o conteúdo na mesa e fez as carreirinhas com seu black card.
Inalamos juntos e em seguida tudo ficou de um tom diferente, a alegria tomou conta de mim, e eu podia sentir a euforia correndo pelas minhas veias, me fazendo finalmente sentir viva, eu amava aquela sensação.
Quando menos percebi já estava na pista de dança, as luzes piscando e eu beijando um desconhecido, a noite passava em flashes. Me lembro de ter bebido um pouco e ter me enfiado no banheiro com um rapaz de olhos claros, eu pedia pra ele não parar e é claro que ele obedecia.
Assim que o efeito passou, inalei de novo, e de novo, não me lembro de muita coisa.
Bem-vindo ao mundo da fabulosa Anelise Montenegro, leitor.
Eu simplesmente não me lembro de nada.
Não importa o quanto me esforce, não me lembro de mais nada que houve depois.
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O Último Ato
Mistério / SuspenseAnelise Montenegro, uma jovem modelo do sul brasileiro, nasceu com a sorte de uma família rica, é claro que toda família tem seus defeitos, mas a sua sempre fora por todos considerada como bem estruturada. Ou pelo menos era isso que ela pensava, ant...