Capítulo 8

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Já está em todos os jornais, sites e revistas, o resultado da autópsia. O que matara minha mãe foi uma injeção letal aplicada por via intravenosa, no pescoço. 25 minutos antes do seu corpo ter sido encontrado naquele banheiro.

O velório seria hoje pela noite, eu… não sei o que dizer. As coisas não fazem sentido pra mim. Por que isso tá acontecendo comigo?

Na delegacia, estava eu, papai, Gabriella, Jeff, o Sr. Tavares (pai da Gabriella), um homem que parecia ser o dono da mansão alugada, o diretor da novela que mamãe iria protagonizar e algumas amigas íntimas dela.

Éramos chamados um a um, para sermos interrogados, eu não entendo porque éramos exatamente nós ali, o que Jeff e Gabriella tinham a ver com aquele assassinato?

Papai parecia tranquilo demais para alguém que teve sua esposa assassinada, até fumava um cigarro, aparentemente despreocupado.

—Tá tudo bem?— perguntei a ele, aquilo não me parecia certo.

—Tudo ótimo, Anelise. E você? Muito trabalho ultimamente?— que diabos ele tá falando? Mamãe acabou de morrer e ele parece nem se importar?

Ouvi risos do Jeff ao lado por causa da resposta seca de meu pai, olhei para ele, incrédula. Porra, minha mãe morreu, por que tão agindo como se isso não fosse nada seus cuzões?

—Quer calar a boca, seu monte de merda?

—Vê se fica calma, Richtofen.

Eu levantei então, pronta pra encher ele de porrada, aquilo era de muito mal gosto, quem esse filho da puta pensa que é? Eu vou arrebentar ele.

—Vamos manter a calma, querem que eu chame o delegado?— um dos policiais me afastou com o braço, Jeff riu novamente, cínico. Aquilo me irritava de 1000 maneiras diferentes. 

Me sentei e aguardei, até que Gabriella saiu da sala, com sua face lívida e seus olhos assustados. Lá de dentro chamavam Jeff, então ele foi lá dentro e as portas se fecharam novamente, Gabriella conversava baixinho com seu pai algo que para mim era inaudível. 

—Não foi você, foi?— perguntei ao meu pai, baixo.

—Você sabe que não.

—Então por que tá assim? Como se não fosse nada?

—Desculpe pelo desrespeito ao seu luto, mas eu só não tenho motivos para ficar triste ou choramingando.— ele disse olhando em meus olhos.

Realmente, agora sei que não se amavam, eu precisava de algo, mas na delegacia era impossível usar algo, tudo tem limites.

Isso tudo se torna menos doloroso com você me ouvindo.

Alguns minutos depois Jeff saiu de lá, uma expressão séria, tomou seu casaco e saiu sem dizer palavra alguma, sem olhar para ninguém.

Alguém chamava pelo meu nome lá de dentro, era minha vez.

Entrei e me sentei, as portas se fecharam, mas dessa vez eu vi isso acontecer de dentro da sala.

—Anelise Montenegro, 22 anos. Pode falar um pouco do dia 14 de outubro? Desde o momento em que acordou até o que foi dormir.

Respirei fundo, e me contive para não chorar mais uma vez, meus olhos já estavam inchados dos últimos dias.

Contei meu depoimento, dizendo cada passo meu daquele maldito dia, hora ou outra meus olhos insistiam em lacrimejar, mas me segurava, mamãe agora era apenas uma lembrança, e uma lembrança dolorosa.

O Último AtoOnde histórias criam vida. Descubra agora