Capítulo 15.1

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Bom dia meu bem, acabo de tomar meu café da manhã, vamos á cachoeira?

Já estou usando meu robe e minha toalha já está separada, quero aproveitar ao máximo o dia de hoje, não vamos perder tempo, vamos imediatamente para lá. Estou levando uma jarra de suco de manga geladinho, para me ajudar com todo esse calor, é mais um dia bonito e ensolarado na chácara. 

Caminhei rapidamente até a cachoeira, ansiava por entrar nela desde ontem, hoje era com certeza um ótimo dia para isso.

Assim que cheguei lá, tirei meus chinelos e chequei a temperatura da água com a ponta dos dedos do pé, estava morna, do jeito que eu esperava que estivesse, ótimo.

Espero que não se importe...

Tirei meu robe de cetim preto e o deixei de lado, entrei nua naquelas águas, sentindo sua temperatura envolvendo e refrescando meu corpo e minha pele quente.

Posso lhe contar um mito grego?

É um mito que fala sobre o amor, é o meu favorito. Já deve ter ouvido falar do mito de Eros e Psiquê. Me lembrei dele hoje quando acordei.

Um rei tinha 3 filhas, todas muito bonitas, duas se casaram e a outra não, essa era Psiquê, era tão bonita que os rapazes a temiam, então acaba ficando sozinha.

Afrodite, a deusa do amor e da beleza, com inveja da formosura da jovem que atraia os olhares e a admiração de todos, resolveu se vingar e usaria Eros (seu filho) para isso. Quando os pais de Psiquê foram consultar um oráculo para saber por que a filha ainda não se casara, receberam instruções para prepará-la e abandoná-la no alto de uma montanha, pois ela haveria de se casar com um monstro. Então eles assim o fizeram, tristes pelo destino da filha.

Quando a garota estava quase adormecendo no alto da montanha, um vento forte a carregou para um belo palácio. Lá, Eros se apresentou a ela como seu marido, no escuro do quarto, fingindo ser o monstro tão horrendo que desposaria dela, só que ele acabou se apaixonando por Psiquê na mesma hora.

Ele era um ótimo esposo que a fazia se sentir amada e cuidada, mas só pedia uma coisa em troca, que ela não olhasse o seu rosto.

Imagina só, apaixonada por alguém que mal pode ver, alguém que ela sequer sabia qual era o rosto. Eros queria que Psiquê a amasse por quem ele era, e não pela sua beleza, eu compreendo muito bem esse sentimento.

Psiquê se apaixonou do mesmo modo por ele, ela pediu a ele para visitar sua família, é claro que ele concedeu isso a sua amada. Porém as irmãs encheram sua cabeça, convencendo-a a olhar para ele e ver seu rosto durante a noite, ela se deixou levar e assim o fez. Pela noite, quando Eros adormeceu ela acendeu uma vela e olhou sua face, ficou estupefata com tamanha beleza e acabou derramando uma gota de cera em seu rosto, óbvio que ele acordou, assutou-se e foi embora, sentindo-se traído. 

Ela então, arrependida e muitíssimo entristecida, saiu vagando pelo mundo enquanto ia completando desafios que Afrodite (muito irritada) ia lhe dando afim de matá-la. Ela completou todos, Eros estava surpreso com tamanha persistência e lealdade de sua amada, então voltou para ela e os dois se casaram e permaneceram juntos pela eternidade. 

Lindo não é? Por isso é o meu mito grego favorito. Os desafios que ela venceu, colocando sua vida em risco, apenas para ter seu amado Eros de volta.

Eu definitivamente não gostaria de ter uma sogra como Afrodite. Imagine só a vadia colocando veneno no meu pedaço de bolo de casamento.

Seria capaz de loucuras assim por amor? Eu com certeza seria.

Gostaria de ser meu Eros? Eu poderia ser a sua Psiquê se você quisesse.

...

Estou brincando, é claro… não leve isso a sério...

Tenho muito gosto pela mitologia grega, sei muitos mitos como esse. Sempre tive uma pequena ligação com a Grécia Antiga… talvez eu seja uma deusa.

Já me chamaram de Megan Fox negra, então acho que isso faz de mim quase que uma deusa, ela é lindíssima, e se me comparam a ela, por mim tudo bem. Alguns dizem que meu rosto lembra ao da Pocahontas, a princesa da Disney… Megan Fox "bronzeada" ou Pocahontas? Deixo ao seu critério, no final de contas, talvez eu não me pareça com nenhuma das duas e as pessoas estejam apenas delirando.

Sai da cachoeira após alguns minutos então me sequei e vesti novamente meu robe, fui até um balanço que estava pendurado numa árvore e me balancei forte, sentindo o vento deixar meus cavelos esvoaçantes, dessa vez, eu não estava apostando corrida dentro de um carro.

Mas me cansei após uns minutos e tomei um pouco de suco. Me lembrei de quando era criança, não brincava tanto com outras crianças, isso era raro, quando ia no parquinho quase que só brincava no balanço.

Uma vez uma garotinha veio até mim e me perguntou o porquê de eu ficar tanto tempo lá, estava me mandando sair! Então eu mordi o nariz dela. Mas ela ficou bem depois… eu acho.

Eu era a princesinha do papai, até os 4 anos, depois fui rebaixada, alguém deve de ter roubado minha coroa. Agora tudo que eu recebo é desprezo, fui jogada para escanteio, mas está tudo bem.

Quando fui tratada como princesa de novo, foi com o Jeff. Uma verdadeira princesa. Não podia usar as roupas que eu gostava, deveria sempre informar aonde eu ia, com quem eu ia, pedir permissão, até os mínimos detalhes ele queria saber, e jamais me envolver com a plebe. Jeff era do tipo que usava luvas para apertar a mão de pobre, vamos deixar esse babaca de lado. 

Gostaria de viver esse dia com você como se fosse o último.

Imagine nós dois dançando no salão principal de um grande castelo, você estaria vestido como um verdadeiro membro da corte real, e eu seria um plebeia disfarçada tentando lhe conquistar com piadas disfarçadas de críticas sobre os nobres.

Você me chamaria para dançar uma segunda vez depois que eu lhe dissesse que o imperador pensava como uma criança de 5 anos? Ou me ouvisse dizer que tenho vontade de apertar as bochechas do Pedrinho, o mini-monarca?

Gosto de me imaginar no período colonial, dançando bailes na grande capital Rio de Janeiro, sendo cortejada, recebendo presentes e cartas, mas você sabe, eu não seria de sangue azul, é impossível. 

Eu já estava no meu terceiro copo de suco, ao invés de ficar hidratada eu estava era virando uma grande mijona, então peguei minhas coisas e voltei para a casinha.

Fui ao banheiro e depois me vesti, coloquei uma camisa larga e uma calcinha, como nas fanfics quando uma mulher acaba de transar com o CEO. Depois um plot, ela está grávida e o CEO tão frio e calculista terá que aprender a ser pai (isso se ela não esconder a gravidez e ele só descobrir quando a criança crescer e tiver um temperamento igual ao dele).

Qual modalidade de clichê você prefere? Sou uma garota diferente das outras e esbarrei com um famoso sem saber que ele era famoso ou fiquei grávida do CEO e vou esconder?

Prefiro a primeira opção, melhor que essa apenas o popular que se apaixona pela nerd no meio de uma aposta em que ele tem que levar ela para o baile. 

Olhei o armário tentando planejar algo para almoçar, qualquer coisa para matar a fome já estaria de bom tamanho, não fiz tagine suficiente para o almoço de hoje.

Mas mudando de assunto…

Não vou mais enrolar para lhe dizer, espero que não fique bravo comigo por ter escondido isso até agora…

Ontem, quando fui ao mercadinho comprar as coisas do jantar, meu celular pegou sinal e algumas mensagens chegaram, descobriram quem matou Antonella e isso vai a público amanhã. Quero estar lá, então vou voltar mais cedo que previsto, eu estava tentando esquecer disso por causa da confusão que estava tendo na minha mente, mas você que me entende como ninguém sabe, eu não consigo fugir disso por muito tempo.

Estou tentando não ficar assim tão triste hoje, já que é meu último dia na chácara antes de voltar ao mundo real.

Então só aproveite comigo, okay? Tentarei não me deprimir hoje, afinal, já terei o amanhã para isso.

O Último AtoOnde histórias criam vida. Descubra agora