𝐂𝐫𝐢𝐦𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐀𝐬𝐤 | edser

Capítulo 16

Eda

Observo os paramédicos colocarem o corpo dentro do pacote preto. Desvio o olhar quando passam na minha frente com o corpo o levando para a ambulância. Olho para a minha roupa, meus joelhos e mãos sujas se sangue e também tinha um pouco em minha blusa. Minha barriga revira e revira milhões de vezes.

Eu travei, não digo uma palavra desde que encontrei o corpo, eu não consigo, eu tentei, mas nada sai da minha boca, eu não consigo mostrar nenhuma reação. Na minha cabeça eu estou falando e falando, muitas coisas, mas eu não consigo dizer nenhuma delas. Serkan também não disse nada, ele tentou mas quando percebeu que eu não ia responder desistiu.

Na minha cabeça tudo está funcionando bem, mas o meu corpo não obedece os meus comandos, eu quero falar, eu quero falar que agora o assassino sabe que Ethan contou do aplicativo, quero falar que suspeito que o irmão dele o matou, quero falar que precisamos ir atrás do assassino antes que ele consiga tomar providências e fugir da gente. E eu quero falar muito mais, mas eu simplesmente não consigo, não sai nada. Bom, palavras não saem.

Corro quando sinto tudo o que comi hoje subir até a minha garganta, vou até uma lata de lixo que tinha por ali e coloco tudo para fora. Sinto uma mão tocando minhas costas, mas não consigo parar para olhar quem é.

— tudo bem, tudo bem — escuto a voz de Serkan calma e ele puxa o meu cabelo que cai para o lado

— estamos quase no final disso tudo — ele fala enquanto afoga a mão em minhas costas

Finalmente paro de colocar minhas tripas para fora, fico parada tentando recuperar o fôlego, limpo as lágrimas que saíram de meu olho enquanto passava por aquela situação humilhante. Me viro para Serkan e ele me olhava com um olhar diferente, não conseguia dizer se era pena, compaixão ou se ele realmente se importava, ele estica a mão oferecendo um lenço que ele tirou de seu bolso, pego o lenço de sua mão e limpo a boca.

— você não precisava ter visto isso — falo morrendo de vergonha de ter feito aquilo na frente dele, ele me olha e nega com a cabeça

— não tem problema, parceiros são para os piores momentos também — ele diz e eu tento esboçar um sorriso, mas apenas dou um sorriso sem mostrar os dentes

— obrigada — levanto o lenço e depois o jogo no lixo, ele assente e sorri.

Não consigo mais ficar ali com todo aquele barulho de pessoas andando, conversando, as pessoas da perícia e tudo mais, estava tudo muito estressante, sem contar que tudo estava girando. Saio dali e torço para que aquela sensação ruim passasse.

(...)

Deixo com que o vento bata em meu rosto, fazendo meus cabelos voarem e respiro fundo tentando fazer o meu melhor para relaxar. Puxo e solto o ar várias vezes, repassando calmamente o momento em que encontrei o corpo de Ethan no chão. Tento me lembrar se podia ter alguma pista ou algo que pudesse ajudar, mas infelizmente não consigo pensar em nada.

Olho para os prédios abaixo, as luzes deixando a cidade de Los Angeles viva e acesa. Observo e penso: em qual desses prédios está a próxima vítima que eu não conseguiria salvar desse desgraçado psicopata?
Balanço a cabeça e começo a puxar e soltar o ar de novo. O que leva uma pessoa a sair matando assim? Sem mais nem menos?

Ele estava vivendo a vida dele e do nada pensou "A porque não fazer um aplicativo para influenciar pessoas a matar junto comigo?"
Eu sei que deve ter uma explicação psicológica para isso, ou não, mas algo eu sei, a pessoa que começou isso não é normal, e tudo indica que ele é um psicopata. O crime planejado perfeitamente e tudo friamente calculado, uma pessoa normal não conseguiria fazer isso tudo sem sentir remorso ou culpa, não tem como.
Mas eu estou curiosa para ficar de frente com o meu principal inimigo e ele também deve estar para se encontrar comigo, já que ele foi atrás de mim. Eu não sei o que vai acontecer quando eu estiver com ele na minha frente, talvez o ódio tome conta de mim e eu o mate e depois eu vou presa ou eu consigo me controlar, sigo o plano e trago ele para prisão para ele ter o que ele merece.