𝐂𝐫𝐢𝐦𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐀𝐬𝐤 | edser

Capítulo 22

Serkan

Como deve ser passar mais de vinte anos com uma pessoa? Penso olhando para o casal de idosos que estavam sentados na mesa ao nosso lado. Imagine, compartilhar suas dores e também felicidades com uma mesma pessoa por tantos anos. Deve ser incrível, mas também estranho, e se um dia acaba? Você simplesmente volta a viver sua vida sem essa pessoa de sei lá quantos anos atrás? O relacionamento amoroso é algo realmente muito estranho, mas não vou mentir dizendo que nunca pensei se algum dia chegaria a minha vez de achar a minha metade e passar vinte, quarenta, ou talvez sessenta anos com ela. Bom, talvez no final das contas eu encontre.

Volto o meu olhar para Eda que estava sentada na minha frente, os olhos castanhos e grandes vidrados em mim esperando que eu fale ou faça algo, mas eu fico travado olhando para o quão linda ela poderia ser. Ela reprime os lábios fazendo as covinhas aparecerem de leve em sua bochecha, ah as covinhas, outra coisa em Eda que eu sou apaixonado (além de eu ser apaixonado por tudo nela), as covinhas era uma das minhas coisas favoritas.

— é... então, a gente vai pedir algo para comer? — Eda pergunta e eu balanço a cabeça saindo do meu transe

— ah sim, pode escolher — falo e empurro o cardápio para ela

Eda abre o cardápio e começa a olhar os pratos, franzo o cenho quando ela faz uma cara de choque e depois coloca o cardápio em pé na mesa tampando nós dois e vem em minha direção pronta para falar algo.

— será que vem um diamante de brinde para cada prato desse lugar? Quinhentos dólares em uma lagosta?! — ela diz espantada e eu dou risada

— você quer a lagosta? — pergunto e ela faz uma careta antes de responder

— que? Não, eu odeio lagosta — ela diz com a cara confusa e eu franzo o cenho — o fato não é a comida e sim o preço, Serkan o prato mais barato é duzentos dólares! — Eda fala e sai um pouco alto, ela faz uma careta e diz foi mal

— está tudo bem, você pode escolher o que quiser — falo tranquilo e ela me olha feio

— não, eu me recuso a pagar mais de duzentos reais em um prato igual aquele — ela fala e aponta para o prato da mesa do lado rapidamente — tem mais prato do que comida, e olha aquela gosma — ela fala fazendo cara de nojo e eu continuo apenas rindo da situação

— Eda eu já disse que você pode comer o que quiser, eu irei pagar — eu digo e ela da uma risada

— eu sei que você é rico e tudo mais, mas nós vamos para um lugar bem melhor — diz e levanta as sombrancelhas com um sorriso malicioso, olho para ela confuso

— O que? Você não gostou do que programei? — falo e finjo ficar triste, ela logo para de sorrir e pega na minha mão

— não, não, não é isso é só que, não vale a pena você gastar tanto dinheiro entende? Nós podemos aproveitar e comer em um lugar mais barato, mas tudo que você planejou está lindo — Eda diz e sorri para mim, eu assinto e sorrio

— então a gente só levanta e sai? — falo e ela assente

— Sim, olhe e me siga — ela fala e pisca um olho para mim

Eda se levanta da mesa e quando passa por mim pega na minha mão fazendo com que eu levante, nós andamos pelo restaurante de mãos dadas. Arregalo os olhos quando escuto um barulho, quando olho para frente vejo que Eda tinha esbarrado em um garçom, derrubando a bandeja que ele estava carregando.

Faço uma careta vendo a bagunça que o lugar tinha virado, a sopa que estava na bandeja tinha ido parar toda no rosto de uma velhinha, que parecia estar em estado de choque porque ela estava na mesma posição desde que a sopa caiu no rosto dela. Olho para a outra mesa e vejo uma moça com o rosto possesso de ódio, quando olho para ela vejo o porquê, o vestido branco dela estava todo manchado de vinho, já que quando a bandeja caiu ela bateu na taça da moça em cima da mesa e derrubou o vinho nela. E por fim olho para o garçom que não se mexia a mais ou menos uns dois minutos, com as mãos paradas no ar como se ainda estivesse com a bandeja na mão, o rosto todo melado com molho de salada e vários pedaços de alface pelo seu rosto.