Eu tentava decifrar o que se passava na cabeça da Briana. Embora expressasse o desejo de se relacionar comigo, suas atitudes indicavam um arrependimento latente. A forma como ela desviava o olhar ou hesitava ao tocar em assuntos pessoais fazia meu coração apertar, como se cada gesto seu fosse um segredo que eu não conseguia desvendar. Quando ela pediu para ficar sozinha, senti uma onda de desapontamento e preocupação me atingir. Mesmo assim, respeitei sua decisão, pois sabia que forçar uma conversa naquele momento só iria piorar as coisas. Entrei no veículo e dirigi sem rumo, sentindo a necessidade urgente de solidão para organizar meus próprios pensamentos. O som do motor e o vento pela janela eram como uma trilha sonora para minha mente agitada. Após um longo período na estrada, decidi retornar para casa.
O conforto do meu lar parecia um abraço acolhedor diante do caos emocional. Tomei um banho demorado, deixando a água quente acalmar meus músculos tensos. Comi apenas uma fruta, a fome não era tão significativa, mas o ato de comer trazia uma sensação reconfortante de normalidade. Liguei a TV do meu quarto, sintonizando no mesmo canal que sempre assistia. Um filme de ação estava em exibição, mas meus pensamentos estavam longe, presos na imagem da garota ruiva de olhos penetrantes. Cada cena de ação na tela era um borrão indistinto, enquanto minha mente repassava cada momento que compartilhamos. Reconhecia que ter tido intimidade com ela em meu quarto fora um grande equívoco, já que agora, cada canto do ambiente ecoava sua presença, desde a cama até o quadro na parede que ela tanto admirava.
Era como se suas memórias estivessem impregnadas em cada objeto, me atormentando com lembranças dolorosas e desejos não realizados. Apesar de ter decidido não sair naquela noite, a turma com a qual costumava socializar parecia tentadora, ligando constantemente e exercendo pressão sobre mim. Não havia maneira de escapar da realidade que me cercava, então me rendi ao inevitável. Acertamos de nos encontrar no bar de sempre. Alison, como de costume, buscava oportunidades para ficar próxima, mandando mensagens pedindo carona e tentando se inserir em cada momento da minha vida.
Sinceramente, nem me dei ao trabalho de responder, pois a simples ideia de lidar com mais drama naquele momento já era esmagadora o suficiente. Após mais um banho reconfortante, vesti uma calça jeans desgastada e uma camiseta regata preta, completando o visual com minha jaqueta de couro favorita. Caminhei até a garagem com passos determinados, pronto para um momento de distância e reflexão a sós. Subi a bordo do meu Dodge, sentindo o rugido do motor vibrar em sintonia com minhas próprias emoções turbilhonantes. Quando estava prestes a partir, a voz firme do meu pai ecoou pela garagem.
— Billy, sua irmã vai com algumas amigas no bar do Joe, garanta que ela fique segura! — Ordenou ele, com um tom que indicava que não havia espaço para discussões.
Cocei a cabeça, uma mistura de frustração e resignação se misturando em meus pensamentos.
— Então, virei babá agora? — Indaguei, tentando esconder a leve irritação em minha voz.
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DEVANEIO IMPARÁVEL
RomanceEm "Devaneio Imparável", Briana e Billy, dois jovens comuns, veem suas vidas colidirem em uma nova cidade. A existência aparentemente normal de Briana é abruptamente perturbada pelo misterioso desaparecimento de sua mãe, ao passo que Billy, o rebeld...