CAPÍTULO 20 - Surto, teste e invasão (Parte 5)

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A incerteza sobre o que acontecia do lado de fora do quarto alimentava meu medo, enquanto eu aguardava, imersa na escuridão, buscando uma explicação para o tormento que se desenrolava ao meu redor

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A incerteza sobre o que acontecia do lado de fora do quarto alimentava meu medo, enquanto eu aguardava, imersa na escuridão, buscando uma explicação para o tormento que se desenrolava ao meu redor. Abraçada a mim mesma, ouvi alguns passos pelo corredor. Respirei profundamente, tentando me acalmar e pensar com mais clareza. Precisava chamar por ajuda. Ao enxugar os olhos, olhei para o aparelho em minha mão e vi que o ícone de bateria mostrava apenas um traço vermelho. Liberei involuntariamente um soluço, sentindo-me completamente desamparada. 

Quando finalmente consegui parar de chorar, deparei-me com um dilema cruel: precisava decidir para quem ligaria antes que a bateria se esgotasse. Minha primeira ideia foi ligar para meu irmão, que estava prestes a chegar. Mas e se o invasor o surpreendesse assim que ele entrasse? O pensamento de colocá-lo em perigo era insuportável. Em meio à confusão mental, forcei-me a considerar outras opções. O barulho dos passos do lado de fora parecia estar se aproximando novamente. Com a respiração entrecortada, decidi ligar para a polícia. Precisava avisar sobre a situação antes que fosse tarde demais. Com dedos trêmulos, disquei o número, cada segundo parecendo uma eternidade enquanto o telefone chamava.

— Por favor, atendam... — sussurrei, a voz embargada pelo pânico, enquanto os passos do outro lado da porta se tornavam cada vez mais audíveis.

Me vi persuadida a encerrar a ligação, receosa até mesmo de respirar, temendo que o simples som pudesse denunciar minha localização exata. A realidade me forçou a encarar tudo de maneira diferente. Parecia que o mal realmente existia, e a fragilidade me atingiu de forma devastadora. Eu estava presa em um quarto, com apenas uma porta me separando de quem quer que fosse, e precisava desesperadamente garantir minha segurança. Tomada pela urgência, mais uma vez optei por ligar para a polícia, sabendo que a rapidez teria que ser crucial. Apertei os números com dedos trêmulos, mantendo-me em silêncio enquanto a chamada se conectava, mas e então, nada. A operadora do meu celular repentinamente ficou fora de área, aumentando meu desespero. 

O som dos passos no corredor era cada vez mais próximo, e meu coração batia descontroladamente. Olhei ao meu redor, buscando algo que pudesse ser usado como arma se necessário. Uma ideia momentânea clareou minha mente, lembrando-me do estilete que sempre guardava na mochila. Levantei-me rapidamente e abri a bolsa. Encontrei o estilete e, para minha surpresa, um pequeno alicate de cutículas. Embora não fossem armas grandes, poderiam ser de imensa ajuda. Acreditava que, em um confronto, poderia ferir a garganta ou os olhos do invasor, o que me proporcionou um pouco mais de confiança. Ainda tremendo, mas agora armada, me preparei para o pior. Não estava completamente satisfeita, mas já não me sentia tão vulnerável e impotente quanto antes. O telefone finalmente conectou, e eu sussurrei rapidamente meu pedido de socorro, fornecendo meu endereço antes que a linha caísse. Agora, só me restava aguardar.

Cada segundo parecia uma eternidade, enquanto eu mantinha o estilete firme na mão, pronta para qualquer coisa. Ouvindo atentamente, percebi que os passos haviam parado bem diante da porta do quarto. A sensação de vulnerabilidade era insuportável, um peso que esmagava meu peito sem qualquer esforço. Percebi que começava a me sentir mal; o estresse estava cobrando seu preço. Meus músculos estavam tão tensos que chegavam a doer. Meu peito parecia um tambor, e a dificuldade para respirar aumentava a cada segundo. Apoiei-me na parede, sentindo um início de tontura. E nesse momento um novo medo surgiu dentro de mim: eu poderia desmaiar. Desajeitadamente, escorreguei pelo chão, forçando meus olhos a permanecerem abertos. Seria tão fácil estender o corpo no piso frio, fechar os olhos e me desligar daquela realidade quase inacreditável. No entanto, o simples pensamento do que poderia acontecer comigo enquanto eu estivesse inconsciente me apavorava mais do que tudo.

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