Encarei minha imagem no espelho estilhaçado, notando a vermelhidão em meu rosto como um triste reflexo da humilhação sofrida. Não demorou muito até que a porta se abrisse novamente, fazendo meu coração parar por um segundo ao pensar que Alison havia retornado. Para meu alívio, era apenas a coordenadora geral do colégio, cuja presença trouxe um misto de apreensão e esperança de que medidas seriam tomadas diante do ocorrido.
— Briana, está tudo bem? O que aconteceu aqui? — perguntou a coordenadora, visivelmente assustada, enquanto eu permanecia estática, sem saber o que dizer.
— Não aconteceu nada! — foi apenas isso que consegui articular, minha mente ainda atordoada.
— A Alison me procurou! Ela disse que você estava surtando no banheiro por causa da sua mãe e que se jogou contra o espelho! — ela se aproximou, a preocupação estampada em seu rosto.
— O quê? Isso é uma grande mentira, ela me agrediu! As amigas dela viram tudo! — gritei, a indignação fervendo dentro de mim.
— As amigas dela confirmaram tudo que ela disse. Estou preocupada com você, seu histórico é delicado, eu vi um vídeo que circulou com você segurando uma menina nos braços! — ela encarou-me profundamente nos olhos, como se buscasse respostas além das palavras.
— Sei do meu histórico, não precisa ficar me lembrando, mas hoje eu não fiz isso! Não acredito que prefere acreditar nelas! — rosnei entre dentes, a frustração pulsando em cada palavra.
— Acho melhor você ir até a enfermaria e depois ir para casa. Durante as férias, escolha um dia qualquer para realizar as provas que faria hoje, venha comigo! — ela pegou minha bolsa e meus livros, orientando-me até a enfermaria, sua voz agora carregada de preocupação e cuidado.
Eu me sentia profundamente injustiçada, mas diante da futilidade de argumentar, cedi às exigências dela. Alison, com sua astúcia afiada como uma lâmina, havia atingido meu ponto mais frágil. Era uma agressão silenciosa, daquelas que não deixam marcas físicas, mas ferem a alma de maneira indelével. Eu sabia que emergiria incólume fisicamente, mas a dor emocional era dilacerante. Ninguém acreditaria na minha versão, pois ela teceu uma teia de mentiras habilmente planejadas. O ódio que fervia dentro de mim era indescritível, um fogo que queimava cada pedaço da minha tranquilidade.
"O que meu pai pensará disso? E o que o Billy vai pensar?", ponderava, aflita, enquanto as lágrimas de frustração ameaçavam escapar. Alison havia aniquilado o que restava da minha dignidade, e a revolta crescia como uma tempestade dentro de mim, raios de desespero cortando meu ser. A impotência diante da injustiça era avassaladora, e a certeza de que ela escaparia impune aumentava meu sentimento de desamparo. Ao chegarmos à enfermaria, avistei Billy se aproximando, seu rosto marcado pela preocupação e pela confusão. A incerteza me envolvia, pesada como uma nuvem carregada de tormenta. Eu enfrentava as consequências de uma situação injusta e difamatória, enquanto o olhar inquisitivo de Billy exigia explicações que eu mal sabia por onde começar. Eu sabia que precisaria esclarecer tudo, não apenas para Billy, mas também para resguardar o pouco que restava da minha reputação, que estava sendo dilapidada pelas mentiras ardilosas de Alison.
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DEVANEIO IMPARÁVEL
RomansaEm "Devaneio Imparável", Briana e Billy, dois jovens comuns, veem suas vidas colidirem em uma nova cidade. A existência aparentemente normal de Briana é abruptamente perturbada pelo misterioso desaparecimento de sua mãe, ao passo que Billy, o rebeld...