Desperto com o sol quente contra o meu rosto. O desconforto me faz levantar da cama, caminhar até o banheiro e me enfiar embaixo da água morna. Não sei quanto tempo fico ali, mas é o suficiente para me despertar totalmente. Após me trocar e arrumar o cabelo, percebo que não ouço nada além de mim. Nenhum outro som.
Desço as escadas e encontro a sala vazia, assim como a cozinha. Lá fora, próximo do rio, encontro o pai de Lana pescando sozinho. Penso em ir dar bom dia, mas mudo de ideia ao lembrar do que Lana me disse ontem. Volto para dentro e sigo para a garagem. Pela falta de um dos carros, imagino que eles tenham ido buscar algo.— Achei que fosse dormir por mais tempo – para a minha surpresa, Chuck aparece de trás de uma árvore segurando dois baldes vazios.
— Precisa de ajuda?
— Não, tudo bem. Eu só estou ajudando meu pai a regar umas plantas.
— Cadê todo mundo?
— Foram há uma peixaria buscar algumas ostras para o almoço.
— Ah... – de seus olhos, os meus caem para o chão – sobre a confusão de ontem, eu...
— Está tudo bem. Não precisa continuar, eu não devia ter falado nada na frente de todos mundo, eu sei – Chuck pressiona os lábios dando um pequeno sorriso e começar a entrar.
— Eu não estou chateada com você. Eu só não gosto de ver você chateada. Não queria que as coisas fossem dessa forma, eu sinto que estou estragando tudo, não só pra você como pra todo mundo.
Chuck para e se vira para mim.
— Apesar de tudo, você não deve nada a ninguém. Nem ao meu pai ou ao meu irmão. Nem mesmo a mim. As coisas vão melhorar com o tempo, Marina, não se preocupe tanto comigo – enquanto ela volta a se afastar, encaro suas costas.
Tudo o que eu queria era não me importar, mas o olhar de Robert gravado na minha cabeça não me dá outra escolha. Não sei como Lizzy consegue falar sobre ficarmos juntas como se nada mais estivesse envolvido. Como se não se importasse que vá magoar outras pessoas. Será que ela ainda me ama tanto assim? A ponto de invalidar os sentimentos da sua família? Por que não consigo me sentir da mesma forma?
Por pensar no diabo... Eles chegaram.
— Acordou agora? – Ela desce do carro segurando um saco enorme.
— Amor me ajuda aqui atrás – Charlie chama a namorada pra pegar algo no porta malas.
Sean desce de mãos vazias e olha para o meu rosto brevemente, com certo receio antes de passar pela porta da sala.
— Há uma hora eu acho – a respondo.
— Tivemos que passar no mercado também. Taylor queria comer torta de abóbora. Como se fosse halloween ou ação de graças – Lana da uma risada sarcástica.
— Hey, é totalmente comum comer torta de abóbora em épocas não comemorativas – Taylor retruca.
— Sei – Lana tromba seu braço com o meu como se pedisse para segui-lá até a cozinha. Assim o faço.
Ela coloca o saco sobre a bancada e se apoia, olhando pra mim.
— O que foi?
— Só queria olhar para você.
— Achei que você já tivesse olhado para mim.
— Eu gosto de te observar quando está com o cabelo molhado.
A felicidade previsível que achei que sentiria ao ouvi-la não me atinge. Tento não parecer apática, então dou um meio sorriso. Lana percebe. Claro que percebe.

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It hurts to love you
RomanceLana e Marina se conhecem desde crianças. Cresceram dentro dos braços uma da outra, até que uma delas, Lana, decidiu seguir seu coração. Decidiu seguir a música. Anos após sua partida, Marina se reergueu, conseguiu construir uma vida feliz ao lado d...