Mesmo sabendo que está uma delícia, fico apreensiva ao vê-la dar uma mordida em um dos pedaços que servi com sorvete de creme. Quando Lana vai para o segundo pedaço sem dizer nada, levanto as sobrancelhas clamando por uma resposta.
— E aí?
— Uma delícia.
O suspiro aliviado que solto a faz rir. Estou prestes a beijá-la em seu sofá quando a porta é aberta. Barrie. Lana fecha o sorriso e coloca o prato em cima da mesinha de centro.
— Achei que fosse passar o dia todo fora.
— Acabou que resolvi as coisas mais rápido do que imaginava – ele segue até a cozinha e pega uma cerveja da geladeira.
— Vai ficar para o jantar? – Lana se mantém centrada nele, que começa a se deslocar até nós.
— Sim, que tal macarrão? – Ele senta no outro sofá em nossa frente. Ele é marrom escuro, menor. Barrie cobre quase todo o espaço.
— De novo não.
— É tudo o que eu sei fazer, baby.
Baby. Baby? Isso me faz revirar os olhos. Barrie percebe e sorri. Que idiota. Mal o conheço e já o detesto.
— Eu nunca pensei em Lana como uma lésbica – ao dizer, olha de uma para outra.
— Eu não sou lésbica – Lana pega o prato de volta. Agora o sorvete está todo derretido, mas ela não se importa. Come da mesma forma.
— Você entendeu o que eu quis dizer. Nunca vi você ficando com nenhuma mulher, agora seu histórico com homens...
Algo no seu tom me causa tremendo desconforto e faço de tudo para não demonstrar.
— Como vocês se conheceram? – Pergunto a Barrie.
— Ela foi em um dos meus shows. Ficamos flertando durante um bom tempo até eu pagar uma bebida. Não sabia quem ela era até estarmos na cama.
— Ótima história.
Sinto o olhar de Lana em mim. Não consigo retribuir. Não quero que ela veja o desdém estampado na minha íris.
— E vocês? Ela nunca me falou de você.
— Nos conhecemos desde pequenas. Estudamos juntas.
— Namoraram no ensino médio?
— Sim.
— Estão namorando agora?
A princípio não digo nada. Espero que ele dê dois goles na garrafa de cerveja. Quando estou prestes a afirmar, Lana o faz por mim.
— Sim, estamos – Ela não só diz, como toca meu joelho.
— Bom pra vocês.
— Quanto tempo você vai ficar Barrie? – A pergunta faz Lana ficar ainda mais séria. Não sei o motivo de não ter gostado. É só uma pergunta.
— Não muito. Estou resolvendo uma coisa – Ele olha para Lana no instante seguinte, como se ela soubesse bem do que se trata.
— Que coisa? Achei que estivesse aqui a passeio.
— Não, estou aqui pra colocar cada coisa em seu devido lugar.
— Que tipo de coisa?
— Marina – a repreensão da mulher que amo me causa um frio na barriga. Eu não gosto de ser repreendida.
— Tudo bem, vou parar de ser tão curiosa – ergo as mãos em rendição e me levanto. Olho em volta em busca da minha bolsa, mas me lembro que deixei no carro – Eu já vou, ok? – Começo a ir em direção a porta. Lana se levanta depressa para segurar meu braço
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It hurts to love you
RomanceLana e Marina se conhecem desde crianças. Cresceram dentro dos braços uma da outra, até que uma delas, Lana, decidiu seguir seu coração. Decidiu seguir a música. Anos após sua partida, Marina se reergueu, conseguiu construir uma vida feliz ao lado d...