10

159 15 3
                                        

Meu corpo está em chamas. Não entendo de onde vem todo esse calor. Sei que estamos no início do verão, mas deixei o ar-condicionado ligado ontem à noite. Lembro de ligá-lo antes de me deitar ao lado de Lana no sofá.

Oh sim, não estou sozinha.

Lana.

Pisco devagar me acostumando com a claridade e me dando conta da realidade. Há um pouco de cabelo no meu rosto, junto a um corpo seminu agarrado ao meu. Quando ela se mexe o calor fica ainda mais intenso. Não me lembrava dela ser tão quente.

— Oi – seu sorriso se estica a cada segundo que observa meu rosto.

— Você é quente.

Ela franze a testa e depois aumenta o sorriso tocando a lateral da minha coxa.

— Não foi isso que eu quis dizer. Eu quis dizer que seu corpo emana muito calor, minha testa está úmida.

— Só a sua testa? – Seu sorriso desaparece a medida que sua mão sai da lateral da minha coxa e se enfia entre elas.

Fecho os olhos brevemente tentando controlar a respiração. A sensação dos seus dedos percorrendo minha pele tão devagar quanto seus olhos se escurecem me deixa completamente inebriada. Eu nem tinha me dado conta de que estava molhada até ela perguntar. É claro, com todo esse calor quem não estaria?!

— Acho que você já tem a resposta. – E é quando a sinto. Ela afunda dois dedos para dentro de mim enquanto gira o polegar no ponto certo. – Oh, meu Deus!

— Mais rápido?

— Por favor.

Como um anjo Lana aumenta a velocidade e me leva ao paraíso. Mesmo estando um pouco desnorteada seguro seu rosto e a beijo com força em uma falha tentativa de aliviar a pressão que sinto no pé da barriga.
Se antes eu estava úmida, agora estou encharcada. Nosso suor se mistura conforme o beijo fica mais intenso, Lana está usando uma das minhas regatas. Daquelas finas que parecem uma segunda camada de pele. Consigo sentir seus mamilos roçarem contra os meus. Ela está com tanto tesão quanto eu. É louca a maneira que me comer a leva ao paraíso também.

Elizabeth... – escapa da minha boca como um sussurro misericordioso. Estou implorando por algo que nem ao menos faça ideia do que seja. Prendo seu lábio inferior entre os meus dentes e puxo com força quando o clímax me atinge. Ao soltá-lo sinto um gosto metálico na língua. Vejo algo vermelho escorrer do lábio de Lana. Sangue.

— Você me mordeu – ela leva a mão livre na boca observando o sangue em seus próprios dedos. Em seguida suga o próprio lábio fazendo uma careta.

Seus dedos saem de mim ao mesmo tempo que ela se levanta e caminha depressa para o banheiro.

Levo as mãos ao rosto respirando fundo antes de ir atrás dela.

— Desculpa, eu não queria te machucar – Encosto a cabeça no batente da porta a observando pressionar o lábio com um pedaço de papel higiênico.

— Está tudo bem.

— Mesmo?

Ela joga o papel higiênico com sangue no lixo e observa o próprio reflexo no espelho antes de olhar para mim.

— Sim. Selvagem – seu sorriso me causa alívio instantâneo. Ela não ficou chateada.

— Só um pouco – caminho em sua direção envolvendo sua cintura – estou com fome.

— Acho que não tem nada aqui pra gente comer. Temos que sair.

— Não esse tipo de fome.

Ela parece confusa por alguns segundos, mas depois que percebe que estou abaixando sua calcinha enquanto olho em seus olhos, entende.

Me ajoelho e me inclino encostando os lábios nas costas dos seus pés. Eles sobem percorrendo suas pernas até as coxas. Suas mãos agora estão no meu cabelo. No começo ela parece tímida, carinhosa, mas assim que minha língua percorre sua virilha, ela se torna urgente, quase agressiva, apertando meu cabelo e empurrando seus quadris em direção ao meu rosto como se quisesse me sufocar. Lana começa a rir. Coloco toda pressão necessária em seu clitóris, sugando e beijando a medida que sua necessidade cresce.
É tão bom que eu poderia gritar, mas eu não grito. Ao invés disso cravo minhas unhas na sua bunda e a aperto, a levando a soltar um gemido.

°

Eu aceitei o trabalho no colégio. De certa forma sinto que estou começando do zero e nada melhor do que um novo local de trabalho. Apesar de tudo parecer certo, há uma voz lá no fundo que me diz que as coisas estão boas demais pra serem verdade. Tento ignorá-la a maior parte do tempo, mas nem sempre consigo. Ela me deixa apreensiva. Talvez seja por aquela ideia de que há algo que Lana ainda não me disse. Só não entendo o porquê.
Se fosse algo trivial ela já teria contado. Deve ser algo relacionado a vida que levava em Londres. Tudo o que eu sei sobre o tempo em que ela esteve lá, li sem querer em revistas de fofocas e jornais. Sei que o que quer que seja Lana não vai me contar. Vejo isso em seus olhos, e não sei se consigo conviver com essa agonia. Eu preciso descobrir. Por mais idiota que seja, preciso descobrir. Não posso me machucar de novo. Eu disse a ela. Não posso.

— Professora Diamandis? – Uma de minhas alunas entra na sala de música. Vou dar minha primeira aula daqui meia hora.

— Sim, o que gostaria? – Fecho meu notebook assim que ela se aproxima um pouco mais.

— Queria te conhecer antes da primeira aula. Soube que você toca muito bem.

Abro um sorriso gentil, mas ele não diz muito. Minha mente ainda está em Lana.

— Vou ensinar a vocês tudo o que eu sei. Qual o seu nome, linda?

— Izabel.

— Que nome bonito.

— Obrigada. Te achei muito simpática. Algumas garotas acham que você é chata, mas muito pelo contrário.

— Espero que mudem de ideia quando me conhecerem.

Izabel me dá um sorriso simpático e se retira da sala. Ela deve ter uns dezesseis anos. É loira e tem algumas manchinhas no rosto. De alguma forma me lembra Elizabeth com essa idade. Principalmente pelo cabelo.

Abro o notebook de novo e volto a procurar algo no e-mail de Chuck. Ainda lembro a senha. Espero que ela não descubra. Vasculho e-mails antigos,  mas não encontro nada, então vou até a lixeira. Há dezenas deles. E-mails de anos atrás. Não vou conseguir ler todos agora, então escolho aleatoriamente.
São palavras de Chuck. Ela pergunta a irmã porque não a responde de volta.
Em outro, Chuck reclama que Lana está afastada há nove meses. Que não deu nenhum sinal de vida.
Leio o máximo que consigo antes de dar o horário da minha aula, e um nome que não me passou batido ronda minha cabeça durante os cinquenta minutos que ensino partituras para a turma. Ele foi repetido pelo menos umas seis vezes em e-mails diferentes, mas depois parou de ser mencionado.
Chuck não disse muito sobre ele. Ela escreveu de uma forma muito particular, como se somente Lana fosse capaz de entendê-la. Era algo sobre ele conhecer Lana. Sobre algum jantar. Não fui capaz de entender. Talvez mais tarde eu volte a ler os e-mails e consiga descobrir quem é Barrie James.

It hurts to love youOnde histórias criam vida. Descubra agora