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Ela não confessou. Sinceramente, não foi preciso. Seus olhos disseram tudo o que o sua boca não pôde. Disseram até mais. Grande parte do que vi foi tristeza e angústia, o que dá a entender que não foi um bom relacionamento. Será que eles tiveram realmente um? Ou não passou de um caso? Lana me diria a verdade se eu pedisse ou só olharia pra mim como está olhando agora? São perguntas que por ora decido não fazer. Não quero deixá-la mais desconfortável do que já está. Mas não posso prometer que não vou trazer esse assunto a tona novamente, não enquanto sinto que há algo de errado.

— Já sabe o que pedir? – Ela muda de assunto como se eu nunca tivesse dito nada a respeito de Barrie. Lana mantém o cardápio em suas mãos passando os olhos pelos pratos. Não estou mais com fome.

— Pode ser peixe.

— Salmão? Aqui tem um com creme de batata. Parece bom.

— Pode ser.

— Quer alguma entrada ou ir direto para o prato principal?

— Só o peixe.

Lana chama um funcionário que anota os pedidos. Assim que ele sai, ela tira o vape de onde quer que estivesse e o traga algumas vezes.

— Vou pegar outra bebida – me levanto com o copo quase vazio e sigo para o bar. Eu sei que poderia ter pedido a alguém, mas precisava esticar as pernas para longe de Elizabeth.

— Outro, por favor – entrego o copo para o barman e olho ao redor enquanto ele termina a bebida de outra pessoa.

Quando cheguei estava mais vazio que agora. O lugar está começando a ficar movimentado, e com isso, noto um trio de mulheres na ponta do bar rindo um pouco alto demais. Elas falam sobre algum cara. A não ser uma delas, que parece não estar prestando tanta atenção assim, já que não para de me encarar.
Ao vê-la vindo em minha direção, tento não manifestar a confusão que sinto.

— Oi – ela apoia um dos braços na bancada de frente para mim.

— Oi – minha voz soa meio sem graça.

— O que pediu?

— Gin tônica – respondo receosa.

— Adoro gin tônica, mas nada supera uma taça de vinho branco.

— Não gosto de vinho branco, prefiro tinto.

— Essa doeu – ela abre um sorriso contagiante. Lindo. Ela é linda – Ok, eu sei que posso estar parecendo meio não sei? Estranha? Inconveniente? Mas eu não pude deixar de notar que você é muito bonita.

Agora há um sorriso tímido estampado no meu rosto. Algumas mulheres já flertaram comigo, mas não acontecia há um bom tempo. Não sei mais como reagir.

— Obrigada. Você também é muito bonita. Adorei seu cabelo.

Ela semicerra os olhos e abre outro sorriso, mas sua atenção é desviada quando uma de suas amigas da outra risada alta.

— Meu Deus, elas são tão escandalosas – a loira faz uma careta e volta sua atenção a mim – qual o seu nome?

— Marina e o seu?

— Miley.

Miley tem o cabelo ondulado até os seios. A raiz escura tem um bom contraste com o loiro acobreado. Ela tem olhos claros e marcantes, e sabe bem disso, pois me sinto intimidada pela forma que eles estão fixos em mim.

— Você está sozinha? – Miley coloca meu cabelo atrás da orelha. Um gesto atrevido e íntimo demais para alguém que acabou de conhecer. Ela claramente não tem medo da rejeição. É confiante. Dá pra ver.

It hurts to love youOnde histórias criam vida. Descubra agora