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Estou sentada em frente ao computador encarando o e-mail que recebi há duas semanas. Outra proposta. Dessa vez nada grandioso, apenas um novo colégio que precisa urgentemente de uma ótima professora de piano. Eles pagarão mais do que eu ganho. Seria fácil aceitar se eu precisasse de dinheiro, mas desde que me estabeleci financeiramente tenho o poder de escolha, e ele não é fácil. Eu teria que deixar meus alunos e o conforto do meu lar para enfrentar adolescentes todos os dias. Uma parte de mim acha excitante, mas a outra parte questiona o estresse diário. É um preço a se pagar quando se trata de adolescentes.

— Que calor!

Lana.

Ela chegou do encontro com o decorador. Estive todo esse tempo revisando umas partituras e pensando sobre a proposta de trabalho.
Achei que ela iria direto para a casa do lago pescar com o pai.
Pela nossa conversa acho que entramos em concenso.

— O que está fazendo? – ela solta o cabelo preso a um rabo de cavalo e se inclina, tentando ver o que vejo no computador.

— Nada – apago a tela e olho para ela, que ainda mantém os olhos na tela – você não vai pescar?

— Daqui a pouco. Eu precisava fazer uma coisa antes.

— O quê?

Lana se aproxima o suficiente pra segurar meu rosto e pressionar nossos lábios. Quando afasta sua boca, sinto o gosto do gloss de morango. Ela olha dentro dos meus olhos por algum tempo, como se esperasse alguma reação, mas eu não consigo me mover. Meu coração está acelerado, estou prestes a ter um ataque. Ela não faz ideia do que está fazendo comigo, porque se soubesse, não me olharia assim. Como se eu valesse um milhão de dólares.
Ao perceber que não vou dizer nada, ela me beija de novo, dessa vez de verdade. Sinto sua língua vir de encontro com a minha ao mesmo tempo que sinto um misto de sabores. O mentolado é forte, mas não o suficiente para esconder o sabor do cigarro que ela disse ter substituído pelo vape.
Não preciso de muito para me deixar levar pelo delicioso beijo. Logo minhas mãos correm pelo seu cabelo e depois pelas suas costas, em busca da sua bunda. Eu ainda estou sentada, então a puxo contra mim para que ela sente no meu colo.
Lana passa as pernas ao meu redor, encaixando perfeitamente nossos corpos.
Volto a beijá-la, dessa vez com mais força. Minhas mãos agem de acordo com a necessidade do beijo, elas apertam, puxam e quase machucam o corpo de Lana. É como se eu tentasse tirar tudo dela. Tirar tudo dela e colocar em mim. Eu a quero por completo. A quero toda pra mim.

— Daqui a pouco meu pai vai me ligar. Ele disse para eu não me atrasar. E disse para eu te levar. Ele quer que você pare de trabalhar e vá pescar.

— Eu não quero ir pescar. Chuck já falou com ele. Eu quero te beijar.

— Eu sei, mas ele insistiu, você sabe como ele é. Vamos, você vai ficar fazendo o que sozinha?

— Trabalhando.

— No fim de semana?

— Eu não quero lidar com ninguém agora.

— Eu lido com eles por você. Não quero pescar sabendo que você está aqui sozinha, trabalhando, ao invés de estar me olhando tirar um peixe enorme da água.

Ela sai de cima de mim e estica a mão. A seguro e me levanto também. Me rendo a toda bagagem que irei enfrentar na casa do lago.

— Vai arrumar suas coisas, te espero no carro.

— Eu já volto.

Após vinte minutos, enfio tudo o que acho que vou precisar em uma bagagem de mão. Lana está de óculos escuros fumando um cigarro quando entro no carro. Jogo minha bagagem no banco de trás e coloco o cinto.

It hurts to love youOnde histórias criam vida. Descubra agora