07

165 17 14
                                        

É difícil manter meus olhos longe quando tudo o que me interessa é saber se ela contou ou irá contar para Charlie o que ouviu entre Lana e eu.
Estou há quase meia hora encarando Taylor.
Ignoro tudo ao meu redor, inclusive Sean perto da mesa de jantar do jardim assando peixes junto a Robert. Ou Chuck e Lana arrumando a mesa junto a Luiz, o caseiro que Robert fez questão de chamar. Ele cuida da casa do lago durante todo o tempo que ninguém está aqui. Apara as flores do jardim e cuida de qualquer coisa que precisa ser feita. Não o conheço desde a infância como conhecia Matt, o antigo caseiro, que morreu há dois anos. Era um homem bem velho e gentil.

Agora Taylor beija Charlie e depois o abraça com força. Acho que eles estão juntos há uns seis meses. Nunca perguntei como se conheceram ou qual impressão um teve sobre o outro, mas acho que eles se conheceram em algum show. Ela costuma se apresentar em bares. Não entendo porque ela ainda não fez sucesso. Sua voz é linda, assim como seus olhos. Olhos nos quais me encaram de volta. Sinto um frio na barriga e tento disfarçar, mas ela percebe. Após sussurrar algo no ouvido dele, caminha até mim.

— Marina – olha para os dois lados se certificando que não tenha alguém por perto – eu não vou contar, ok? Eu não tenho nada a ver com isso, agora para de encarar como se quisesse me devorar.

O alívio é imediato.

— Tudo bem, desculpe e obrigada.

— De nada – ela volta para o namorado.

Enfim, posso relaxar um pouco. Aproveito para terminar a taça de vinho que seguro há dez minutos.
Me aproximo da churrasqueira a fim de sentir o cheiro delicioso dos peixes. Apesar de eu não gostar tanto de Sean, ele sabe muito bem como assar peixes.

— Vai demorar muito para ficar pronto?

— Não – ele vira alguns e bebe cerveja direto da lata. O calor deu uma trégua, o que não permite que ele sue.

— Estou com muita fome.

— Da para ver pela sua cara.

— Você já ajeitou suas coisas no quarto com a Chuck? – Robert surge com um novo assunto.

— Minhas coisas estão no corredor, mas eu vou levá-las para o quarto depois.

— Ah, que bom. Outro lugar que sobra é no quarto com Sean. Lá tem uma boa cama para Lana.

— Meio desconfortável para ela, não acha? – faço uma careta discreta.

— O que? Não! Eles se adoram, e assim terão mais uma oportunidade de se conhecerem.

— Sou um ótimo colega de quarto – Sean se gaba.

— Aposto que é – bato em seu ombro com força indo para a mesa.

— Sobre o que vocês falavam? Ouvi meu nome – Chuck arruma o último lugar e se senta. Lana e Luiz estão na cozinha provavelmente.

— Seu pai falando sobre dividirmos o quarto, nada de mais.

— Não tem muitas opções. É isso ou dormir com Sean.

Dou um sorrisinho.

— Preciso de mais vinho.

Vou até a cozinha e encontro Luiz colocando açúcar em uma jarra de limonada e entregando a colher para Lana mexer.

— Vim atrás do vinho.

— Eu pego para você – Lana solta a colher e vai até a geladeira.

— Fiquei muito contente que seu sogro me convidou para o jantar – Luiz abre um sorriso singelo.

It hurts to love youOnde histórias criam vida. Descubra agora