Após tudo o que aconteceu na casa do lago, as coisas se acalmaram. Chuck parece melhor, até mesmo com a ideia de Lana e eu passarmos mais tempo juntas. Nunca na frente dela. Não passamos tanto tempo a sós, devido ao meu trabalho e a escrita de Lana. Ela está se entregando aos poucos ao livro. Fica cerca de três horas por dia sentada no jardim com uma máquina de escrever. Depois ela passa tudo o que escreve para o notebook e às vezes para o papel, a mão. Chuck não parece tão interessada quanto eu em observar a irmã. Ela mal para em casa. Acho que conta os dias para se livrar de nós. Por mais que ainda queira minha amizade, como ela mesmo disse, não parece mais estar tão certa disso.
Consegui contatar o cara que mora no meu apartamento. Ele saiu hoje pela manhã. Não foi fácil pressioná-lo a sair tão rápido, mas com a ajuda de uma amiga corretora que disponibilizou um desconto, ele não pareceu se importar tanto. Assim como eu, Lana também está prestes a ir. Com a casa decorada e tudo certo, nada a impede.
Malibu não fica tão longe, mas agora, não sei se quero essa distância entre nós.
Estou empacotando o que resta das minhas roupas. A maioria das caixas estão no pequeno caminhão de mudança do outro lado da rua. O que mais ocupa espaço é o piano que ganhei de Chuck há alguns anos. Pensei em deixá-lo, mas ela fez questão de que ficasse comigo já que foi um presente. Junto há ele há outras coisas. Objetos que nem sei ao certo porque levo. Felizmente não preciso me preocupar com móveis, já que o apartamento está mobiliado. A única coisa que preciso comprar é uma cama nova. Por sorte o sofá retrátil marrom vai dar conta do recado por alguns dias.
Ao meu lado, Lana fecha as caixas com fita adesiva. Ela parece concentrada.— Essa é a última? – suas mãos vão para a cintura enquanto observa o armário vazio.
— Sim, vamos levar – pego a caixa de um lado enquanto ela pega do outro. A caixa não é pesada o suficiente para duas pessoas carregarem, mas gostamos da ideia de fazermos isso juntas.
Ao descermos as escadas e atravessarmos a porta, o motorista do caminhão, Josh, coloca a caixa para dentro e o fecha. Nos acomodamos no banco vazio ao lado do volante e seguimos uma hora de viagem até o prédio que disse que Lana não saberia onde ficaria. Agora ela não só sabe, como vai me ajudar a arruma-lo. É engraçado pensar que mudo de ideia rapidamente quando se trata dela. Não é somente um pensamento engraçado, é desconcertante também.
Todas as coisas são colocadas para dentro do pequeno apartamento antes do anoitecer. Ainda há algumas coisas do antigo inquilino. Ele disse que buscaria amanhã de manhã.— Como conseguimos trazer aquele piano enorme tão rápido? – ela faz uma careta ao levar as mãos nas costas.
— Você não viu o tamanho dos músculos do Josh? Acho que nossos braços nem fizeram tanta diferença.
— É, você tem razão, o cara era enorme!
— Eu só preciso sentar um pouco – me jogo sobre o sofá e respiro profundamente. Hoje o dia foi bem cansativo. Além de todo trabalho braçal, não consigo parar de pensar se aceito ou não trabalhar naquele colégio.
— Quer um pouco de água?
— Sim, por favor.
Lana abre a geladeira e enche um copo de água tirado da caixa pequena sobre o balcão.
— Você vai ficar aqui hoje? – pergunto.
— Eu posso?
— Pode, se quiser.
Ela me entrega o copo e se senta ao meu lado. Dou apenas um gole e o apoio no braço do sofá.
— Onde vamos dormir sem uma cama?
— Nesse sofá.
— Parece confortável – ela acaricia as almofadas – ainda não dormimos juntas. Alguma expectativa?

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It hurts to love you
RomanceLana e Marina se conhecem desde crianças. Cresceram dentro dos braços uma da outra, até que uma delas, Lana, decidiu seguir seu coração. Decidiu seguir a música. Anos após sua partida, Marina se reergueu, conseguiu construir uma vida feliz ao lado d...