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Sentir a água quente sobre meu corpo é como uma sessão de terapia. É quase como estar nos braços de Elizabeth.
O sonho que tive mexeu consideravelmente com a minha cabeça. Não sei se vou ter algum controle sobre o meu corpo se eu vê-la. Vai ser difícil para cacete não pensar na sua boca entre as minhas pernas. Nas suas mãos correndo pela minha cintura enquanto eu me desmancho sob seu toque. É difícil pensar quando se trata daquele corpo. Daquelas mãos. As unhas compridas, vermelhas. As imagino se arrastando pela minha garganta, os dedos envolvendo meu pescoço com força o suficiente para me levar ao paraíso.
São pensamentos como esses que me fazem levar uma das mãos ao ponto sensível entre as minhas pernas. Um grito quase escapa dos meus lábios quando chego lá. Meu corpo fraqueja. Levo alguns segundos para me dar conta da realidade.
Alguém bate na porta.
Não dormi no mesmo quarto que Charlie. Acabei dormindo no sofá enquanto via um filme, então aproveitei para tomar banho no banheiro debaixo. O mesmo banheiro que Lana costuma usar. Ela diz que o espelho e a luz é superior ao de cima.

— Já estou saindo – coloco a cabeça para fora do boxe ao dizer e fecho o chuveiro, vestindo um roupão antes de abrir a porta e dar de cara com Lana.

— Eu deixei minha escova de dentes nesse banheiro, mas se você precisar secar o cabelo posso esperar.

Meus olhos caem para suas mãos. As unhas vermelhas estão intactas. Meus pensamentos sórdidos começam a ganhar vida.

— Não, pode usar, eu deixo secar naturalmente.

— Ok – ao passar por mim, seu corpo encosta de leve no meu. É o suficiente para me dar um frio na barriga – precisa de mais alguma coisa?

Percebo que ainda estou parada na entrada do banheiro. Apenas balanço a cabeça e dou as costas, indo para a cozinha. Começo a preparar o café da manhã para me distrair. Chuck ainda não acordou. Hoje eu iria pescar com eles, mas ontem consegui convencer Chuck a dizer ao pai dela que eu não poderia ir. Não estou com cabeça para ficar sentada em frente a um lago com Sean, Lana, Chuck e principalmente Charlie.
Desde que ele e Taylor apareceram na cozinha e interromperam minha conversa com Lana, não consigo mais pensar nele sem fazer uma careta. Foram suas palavras que me pressionaram a contar a verdade a Chuck.

Eu sei que aconteceu algo entre vocês. É nítido. Talvez ela não tenha percebido, porque não espera isso de vocês, mas eu conheço Lana. Mantive contato tempo o suficiente com ela para entender que quando se trata de você, ela age de forma irracional mesmo após tantos anos. Só ela não percebe.

— Você não entende. Eu não posso contar, isso vai acabar com Chuck.

— Ela não merece viver a base de mentiras, Marina. Achei que você entenderia.

Volto a bater os ovos com mais força.
Despejo a mistura na frigideira quente e mexo. Ao servir em pratos, Chuck aparece com a cara amassada de sono.

— Bom dia – ela resmunga e se senta.

— Bom dia.

— Você dormiu no quarto de hóspedes?

— Acabei pegando no sono assistindo um filme. Não conseguia dormir.

— Eu dormi feito uma pedra.

— Você está bem? Com o que aconteceu ontem.

— Vou ficar – ela serve uma xícara de café.

— Você conversou com Lana?

— Sim, e nós não estamos muito bem. Ela disse umas coisas que sinceramente senti vontade de dar um soco na cara dela.

Me contenho em perguntar o quê. Pego potes de iogurte na geladeira e sirvo em tigelas pequenas, jogando um pouco de castanhas por cima.

— Por que você está fazendo isso?

It hurts to love youOnde histórias criam vida. Descubra agora