Capitulo II - Enfim, o encontro

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Acordei pontualmente às cinco horas da manhã, tomei um banho, escovei os dentes e me arrumei com uma daquelas roupas de grife. Escolhi uma saia chiffon preta clássica, até os joelhos e uma camisa de seda branca. Então cuidei do cabelo e maquiagem. Usei um tom muito neutro, nada muito carregado pois não queria parecer exagerada demais e então passei um pouco de gloss labial. Fui para a cozinha, tomei um café rápido. Meu pai estava em pé na soleira da porta, quando tinha acabado de colocar a xicara na pia, me deu um beijo na testa e me desejou um ótimo dia. Ele sempre acordava bem cedo para ir ao trabalho em mais uma construção. Depois foi a vez da mamãe me dando um abraço e pedindo que eu tivesse fé. Minha mãe trabalha em uma pequena biblioteca do bairro, foi justamente daí que nasceu meu amor pelos livros e principalmente o fascínio pelas leis que regem nosso país.

Peguei a bolsa, acenei para eles e fui direto para o ponto de ônibus que fica a duas quadras daqui, e para minha sorte o ônibus não demorou a passar. Cheguei ao prédio por volta de 06:30 e lá na recepção estava um segurança, nesse momento pensei que a moça que me atendeu no dia anterior fosse chegar mais tarde. Falei com ele, que me deu as boas-vindas e me entregou um crachá de acesso. E disse que o andar que eu trabalharia a partir de então era no septuagésimo nono. Fui em direção aos elevadores, já pensando na altura. Quando cheguei ao andar a luz se acendeu automaticamente, pensei em sensores de presença, então me dirigi a uma mesa próxima a uma sala, que tinha o meu nome em uma pequena placa e na porta próxima a mesa tinha uma placa com o nome do meu mais novo chefe, Gordon Spencer Sanders - CEO, foi então que meu coração gelou e busquei manter a calma. Ele estaria ali em breve, pensei. Foi quando para minha surpresa o telefone sob a minha mesa tocou. Atendi prontamente:

- Escritório do Sr. Sanders, bom dia. Em que posso ajudar? Falei surpresa comigo mesma, pois não tremi e falei o mais segura que pude

- Que palhaçada é essa? A voz do outro lado me dava calafrios, mas era quente e fiquei extremamente inquieta

- Desculpe não entendi. Com quem eu falo? Falei novamente com segurança

- Mais uma vez a frase errada. De que planeta você veio? Traga-me uma jarra de água e espero que isso você saiba fazer. - nesse momento meus olhos se voltaram para a porta de meu chefe "carrasco", Deus do céu, e eu pensei que tinha chegado cedo, e ele já estava ali.

- O que foi? O gato comeu sua língua?

- Não senhor, já estou providenciando seu pedido. Pensei ter ouvido um riso, mas deve ter sido minha imaginação


Fui providenciar a água que ele havia me pedido, no mesmo andar tinha uma copa improvisada em um dos ambientes, repletos de salas, a maioria do financeiro, marketing e uma enorme que era para reuniões.

Consegui uma jarra, uma bandeja e coloquei alguns copos. Voltei pelo corredor para o local onde ficava sua oponente sala. Tentando equilibrar tudo em uma mão, isso era fácil devido anos de prática na lanchonete, girei a maçaneta e quando voltei meu corpo após fechar a porta me deparei com expressivos olhos azuis que me olhavam de cima abaixo, como se estivesse me despindo. O chão parecia se abrir diante dos meus pés. E sem querer deixei cair a bandeja que carregava, e nossos olhos continuaram a se conhecer e ele levantou-se de onde estava e veio em minha direção. Meu Deus que homem é esse? Ele é alto, cabelos negros como a noite, tem o corpo esculpido como uma obra de Michelangelo, mão fortes e andar decidido, vestido em um terno deslumbrante em risca de giz, camisa branca, gravata preta e usando abotoaduras douradas caríssimas, além de um perfume que emanava por todo ambiente e que me prendia como um imã no mesmo lugar, e para fechar esse lindo pacote usa um relógio imponente, provavelmente um Rolex. Ele chegou tão perto que pegou em minha face com as duas mãos. Deus, foi como no sonho que tive. Eu simplesmente não conseguia me mexer do lugar e seus olhos azuis tão lindos, me penetravam. Seu toque irradiava calor por todo meu corpo, minha respiração ficou acelerada e então saímos do transe quando a maçaneta da porta girou, prontamente ele se afastou de mim e eu me agachei para pegar a bandeja, a jarra e os copos que não quebraram por sorte, pois caíram sobre o tapete.

No fim do túnel tem açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora