No fim do túnel tem açúcar

Capítulo VI - Rick ( Parte III)

Caminho pela calçada, mas estou decidida a obter informações sobre o paradeiro de Rick. O lugar para o qual me dirijo não me resulta boa recepção. Vou caminhando e chego a entrada de um beco, ao fim dele sei que encontrarei quem tanto procuro. Preciso entender o que houve e quais são as chances de Rick.

Vim o mais rápido que pude. Não é fácil estar aqui. Parece até engraçado quando estou adentrando esse beco, mas apesar da metáfora estou em um verdadeiro beco sem saída.

Esse maldito lugar roubou todas as chances não só de Rick mas também de tantos outros jovens que assim como ele se contaminaram pela falsa liberdade das drogas. Se bem soubessem o quão preso ficam nas mãos desses asquerosos traficantes, por meio de dívidas ou favores, ficariam bem longe daqui.

Sinto calafrios percorrerem a minha espinha, o local é horrível e fede. Tem um enorme contêiner velho, repleto de lixo, na lateral uma pilha de papelões.

Enquanto ando vejo um senhor com roupas velhas, aspecto descuidado sentado ao chão, tendo ao seu lado uma garrafa de bebida alcoólica envolta em um saco de papel. Ele usa luvas desgastadas pelo tempo. Ouso pensar que a noite deva sentir muito frio, pois suas roupas não lhe protegeriam de nada em absoluto, pelo estado em que se encontram. Quando passo por ele, nossos olhares se encontram. De um lado o meu olhar atento a cada detalhe e em alerta pelo local onde estou. Do outro um olhar vazio e desprovido de qualquer emoção. Olhar triste e perdido no tempo. Paralisado pelo vício.

Sigo meu caminho, e nada ouço daquele senhor. Sei o quanto fui louca e não corajosa por estar aqui. Mas, sinto esperança de encontrar Rick com vida já que notícias ruins chegam tão depressa.

E ultimamente, torço para que o remetente de algo tão ruim erre o endereço. O destino é tão cruel as vezes, principalmente quando joga suas cartas ao vento. Para ele não importa o endereço.

Como era de se esperar encontro quem procurava realizando mais um de seus recrutamentos para o fundo do poço.

Um jovem caucasiano de aparência esguia pega um pequeno papelote nas mãos de seu futuro executor. Na verdade, diante de mim tenho a cena de um convite feito pela morte em pessoa. Eu a enxergo perfeitamente em seu traje padrão como nos filmes ou até mesmo nos famosos hq's estilo Constantine. Vejo o traje preto com capuz e a foice na mão, condenando a um futuro incerto cada um de seus visitantes.

Lembro que Rick chamava a morte de Stuart. Ele pelo que pude entender na época não é o chefão mas seu principal homem no comando.

Existem muitas gangs locais, várias brigam entre si por território. Eles estão a frente de pequenos delitos no bairro a estrondosos crimes por boa parte da cidade. Porém, o monstro com o qual vim conversar faz parte de uma das gangs mais fortes. Para se firmarem eles aniquilam seus oponentes sem pestanejar. E quem lhes deve paga caro com o seu bem mais precioso - a Vida.

Enquanto, o jovem que avistei vira-se para sair em direção a entrada do beco, o cretino do Stuart me vê e diz

- Ora, ora!!! Se não é a priminha do meu amigo Rick. Não me diga que também quer experimentar um pouco das minhas belezinhas? Te digo que são de primeira e que seu primo adora. - fala desdenhando

- Sabe muito bem porque vim aqui. - Respondo segura. Não quero que pense que estou com medo.

- Se acha corajosa vindo aqui garota? Se eu fosse você tinha mais cuidado. Nunca se sabe o que pode acontecer a uma jovem indefesa que entra em becos, em um bairro tido como perigoso. Devia assistir mais aos noticiários. - ele diz, com um sorriso sarcástico nos lábios.

- Poupe-me de seus conselhos, você deveria dar a si mesmo. O que me trouxe aqui é o fato de Rick ter sumido. Onde ele está? - pergunto

- Quem você pensa que é para vir na minha área me dar lição de moral? Fique sabendo que também procuro por seu priminho e quando o encontrar não serei tão gentil. E se eu fosse você sairia daqui antes que minha pouca paciência se exploda e eu atire em seus miolos aqui mesmo.