Capítulo VIII - Açúcar (Parte II)

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Vejo uma luz branca muito forte e me sinto sendo arrastado por ela e meu coração queima, tenho pouco ar em meus pulmões. Sinto a vida se despedindo de meu corpo e uma lágrima rola pelo meu rosto.

Tenho uma máscara de oxigênio colocada sobre minha boca cobrindo parte do meu rosto. Ouço vozes ao fundo e do nada meu coração da um solavanco e o ar externo força entrada em meus pulmões, sinto tudo queimar e uma dor alucinante se apossa de mim, meu corpo se agita e aos poucos vai retomando o estado letárgico porém com vida.

- Batimentos cardíacos normalizados, paciente estabilizado. Vamos acompanhar o estágio dos picos de IAM do paciente até chegarmos a sala de cirurgia. Enfim, receberá uma nova máquina meu jovem - diz um homem com uma touca azul em seus cabelos e máscara branca tapando sua boca se aproximando de mim. Assim que ele se afasta um pouco sinto novamente um abalo em meu interior e a dor já conhecida bate novamente a porta e sinto a escuridão tomando conta de mim.

- Paciente tendo mais uma parada cardíaca, perda de pulso, mantenha distância. Preparar estabilizador

...

A escuridão do beco é explícita e o mau cheiro invade meu nariz. Assim que me aprofundo nela ouço um riso de escárnio e meu corpo se arrepia pois sei muito bem de quem se trata. Só peço que Estela esteja viva e que Gordon esteja bem.

- Ora, ora olha só quem chegou rapazes. A priminha do Rick - uma onda de medo se apossou de mim quando ele disse a palavra " rapazes". Agora sim, é que não saio viva desse beco. Só posso torcer para que minha vida tenha valido a pena e que eu tenha feito as escolhas certas.

- Onde está Rick? - ele pergunta e agora minha visão se acostuma com a penumbra e vejo claramente o monstro a minha frente. Ele está acompanhado por dois homens e um deles tem o braço envolto no pescoço de minha prima Estela que bravamente se mantém calma. Um alívio me consome e minto para assim ganhar mais tempo.

- Ele está a caminho, me confirmou há meia hora que está vindo para cá. - falo com extrema segurança para que Stuart acredite

- Você acha que sou otario? Acha mesmo que vou acreditar nisso? - ele fala com raiva e se aproxima com uma arma em punho.

- E você acha que eu atravessaria a cidade e viria até aqui para olhar pra sua cara e mentir? Voce está com minha prima. Eu não sou louca.

- Minta melhor Soledade - ele diz entredentes

- Não tenho por que inventar. Só me diga o que quer com meu primo? Só vim na frente pois já lhe perguntei quanto ele devia para que pudéssemos pagar. Liberem Estela, eu fico aqui se quiser. Ela não tem nada a ver com isso.

- Você não está em posição de negociar e mesmo que me pagasse ainda sim mataria seu primo de merda.

- Porque está fazendo tudo isso? Poderia receber sua grana e nos deixar em paz - digo tentando aliviar a tensão ali, mas é assombrosa nossa situação. A arma continua voltada para mim e Estela está resistindo como pode ao aperto de um dos homens desse cretino.

- Uma coisa tenho que admitir, de todos da sua família você tem peito pra me enfrentar. Sempre foi assim não é? Você gosta de desafiar a mim o tempo todo. Mas, estou cansado disso sabia? - ele simplesmente atira e só consigo ouvir Estela gritar antes de eu cair

- Não! Não! Sol, não. Seu desgraçado

No fim do túnel tem açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora