Capítulo VIII - Açúcar (Parte I)

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"Ao cair da noite me deparo com o quarto vazio, o único som é um leve sussurrar do vento ao atravessar a janela, cada sombra vira uma possível imagem sua, é quando percebo que a distância nos impede, mas no fundo de meu ser à esperança persiste e faço da incerteza de sua existência o motivo essencial para não desistir...e seguir, pois você é o único que quero para sempre."

  - Moça, acorde. Ei moça acorde. Chegamos ao destino

Num sobressalto acordo. Estava sonhando com Gordon  e ouço o taxista me chamando agitado

  - Me desculpe, essa semana tem sido  bem difícil e a tensão acabou me golpeando - respondi

  - Moça sei que não tenho nada a ver com isso, mas não entendo o que você faz aqui desse lado da cidade a uma hora dessas. É perigoso e você não parece... enfim acho que entendeu

  -  Na verdade, não queria estar aqui mas não posso fugir do destino - Abri a carteira e paguei ao taxista e ao abrir a porta recebo o vento frio em minha face e é tão gelado que sinto um arrepio na espinha. O beco fica a poucos metros daqui. Não quis parar lá para não chamar atenção. Antes de descer o taxista me diz

  - Moça não sei o que está acontecendo, mas espero que dê tudo certo

  - Obrigada. Boa noite

  - Boa noite - ele responde e segue pelas ruas 

Ando pela rua seguindo em direção ao beco onde aquele cretino mantem minha prima cativa. É tão escuro aqui e pelas calçadas há mendigos caídos e prostitutas andando de um lado para o outro como se estivessem marcando território.  Carros passam e buzinam e elas gritam coisas para os motoristas e seus caronas. Por um momento sorrio, lembrando de uma cena do filme Uma linda mulher, na cena em que a Julia Roberts está prestes a conhecer o amor da sua vida em uma calçada de Beverly Hills. 

Enfim, o momento em minha mente é bem tenso, pois na verdade não sei o que me espera naquele beco escuro e mal cheiroso, então pensar em romances me ajudam em momentos como esse. E pensar no estado de minha prima Estela me deixa ainda mais nervosa. Preciso relaxar. Foco Soledade, repito para mim a todo tempo

Gordon a essa altura já deve saber que não estou mais no hotel e muito menos tratando a respeito de assuntos sobre o evento. Não queria que fosse assim, mas infelizmente fiz uma escolha e não posso voltar atrás em minha decisão. 

Ando a passos lentos, pois na verdade nem sei como ainda consigo ficar em pé, meu coração está acelerado e a cada passo uma batida. Meus nervos não estão me ajudando muito, mas Estela precisa de mim e eu não poderia deixar Rick se envolver mais uma vez com esse monstro. Tomara que ele e Martina possam me perdoar pelo que fiz mas sei que saberão que fiz pelo bem de Rick.

Deixei com eles os contatos dos dois policiais que estão a frente do caso e rezo para que não demorem muito a chegar. Tentarei distrair ao máximo Stuart e que Estela esteja bem e quem sabe saiamos daqui sãs e salvas. Quem sabe voltarei a ver as águas do Caribe olhando para mim tão lindo e enfim recuperado? Espero que ele saiba quanto o amo.

A escuridão do beco...cheguei



No fim do túnel tem açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora