Capítulo IV - Diagnóstico Ruim (Parte Final)

1.7K 128 6
                                    

Três semanas depois

Estava em meu quarto conversando com Amber, sobre minhas idéias para o evento que aconteceria em menos de dois meses.

Tinha mais ou menos uma hora que eu havia chegado do trabalho, me sentia cansada, tomei um banho e depois fui para a cozinha comer alguma coisa. Minha mãe tinha feito o jantar e como sempre estava uma delícia. Tinha marcado com Amber para que juntas pudéssemos organizar todos os detalhes da festa. Ela chegou fazem poucos minutos e depois de uma conversa com meus pais, fui com minha amiga para meu quarto.

- Sol, e então me diz quais são suas idéias? Me explique mais sobre esse evento e do que realmente precisa.
- Amiga, eu tive vários insights, já que Gordon me disse que era uma festa tradicional, feita há mais de vinte anos para apresentar os novos empreendimentos para Nova York e que infelizmente os últimos foram um verdadeiro fiasco principalmente junto a mídia.
- Nossa Sol, que horror. Vá, pegue essa prancheta e vamos colocar a mão na massa. Esse ano tem que ser diferente gata. Concorda?
- Lógico que sim. Pensei que não deveríamos teimar nesse tradicionalismo. Podemos fazer um show e tanto. O que me diz? - Olho para Amber e pisco. Falo então todas as idéias que tive e que já discuti sobre a decoração com Gerard. E lembrei que tenho que apresentar Amber ao meu anjo da empresa. E ele pediu para levar minha prima Estela na festa, e algo me diz que aquele danadinho está a fim dela. Estela é linda, sinceramente de todos meus primos ela e Rick são os modelos da nossa família.

Pena que Rick, escolheu um caminho diferente do nosso. Infelizmente, minha tia Leda não teve pulso firme com ele, desde que tio Rubens os abandonou Rick acabou por fazer um monte de loucuras e começou a se envolver em pequenos roubos e uso de drogas. Lembro do desespero de meu pai quando eu ainda estava na faculdade e ele teve que falar com seu amigo o Sr. Louis para me deixar trabalhar na lanchonete, pois não teria como arcar com mais despesas. Isso para ajudar sua irmã.

Tia Leda é irmã caçula do meu pai e além do meu primo ela teve Anabel que graças a Deus sempre foi muito tranquila.

Rick é um rebelde sem escrúpulos e que endividou a todos os familiares para pagar suas dívidas com drogas ou fianças para tirá-lo da cadeia.

O pior é que eu sempre disse ao meu pai e ao restante da família que ele não ia mudar e que nunca criaria responsabilidade se toda vez que fizesse uma besteira todos passassem a mão na cabeça dele. Enfim, nunca me ouviram e ele é o que é.

- Sol, Sol - Amber, me chama acordando-me dos meus devaneios
- Está pensando no seu bonitão? - ela me pergunta
- Infelizmente não, anjo. Estava pensando no Rick - disse, explicando
- Sol, sabe muito bem que Rick é um caso perdido. Peço até desculpas por falar assim pois ele é seu primo, mas ele fez suas próprias escolhas e não é mais uma criança. - Amber fala em um tom triste
- Eu sei, mas é triste perceber que este caminho que ele escolheu é tão arriscado. Eu sei que no fundo ele não é mau como quer aparentar. Odeio aqueles caras que ele vive dizendo que são seus amigos e que o levaram para essa vida clandestina, ilegal. Temo por sua vida. Sabe? Tem horas que penso que a qualquer momento vamos receber uma má notícia. Eu já conversei tanto com ele mas é um cabeça dura. - digo já chorando. Sou uma manteiga derretida
- Sol, não fica assim. Não podemos mudar tudo minha amiga e o que podemos fazer é rezar para que o melhor aconteça. - Amber fala para me animar.
- É, você está certa. Vamos voltar ao nosso projeto para que este evento, seja o mais inesquecível de todos os tempos. - falo mais animada
- Assim que se fala garota. - minha amiga diz
- Pensei em vários shows e algumas apresentações artísticas durante a noite, intercaladas com as apresentações dos empreendimentos. O que você acha? - pergunto a Amber e ela diz
- Fantástico! Farei ligações. Vou montar algumas coreografias com grupos de amigos e contatar alguns cantores com os quais já trabalhei. Sol, vai ser um arraso essa festa, você vai ver. Nova York nunca mais será a mesma - Amber, diz com um brilho nos olhos

Nesse momento minha mãe bate na porta e entra com una bandeja com suco e pratos com pedaços de torta e uma tigela com biscoitos. Minha mãe é tão amável e gentil. Sempre preocupada com tudo. A admiro tanto.

- Obrigada mãe - eu digo
- Obrigada tia Lupe - diz Amber, encantada
- Não precisam agradecer meninas. Só não terminem tão tarde. Sol, lembre-se que acorda cedo pela manhã e Amber não pode sair tão tarde. Sabem bem que nenhum lugar a noite é tranquilo. Amber mora a quatro quadras daqui. Já pedi ao seu pai para levá-la. - minha mãe que pensa em tudo, diz preocupada
- Tia Lupe, fica tranquila. O Delroy vem me buscar daqui a pouco. Ele vai ver o Ken que vai ajudar em uma planilha lá do trabalho dele e como é caminho para ele, não precisa que o Sr. McLean me leve. - Amber explica
- Está bem querida, vou avisar ao Noah - minha mãe fala já se aproximando da porta e nos deixa a sós.
- Amber...
- Não começa Sol. Eu e o Delroy não temos nada. Ele é um irmão para mim. - ela se antecipa em me responder já prevendo o que eu ia perguntar
- E ele pensa assim também? - eu a olho e ela diz
- Sol, eu não sei. Nunca brinquei com os sentimentos de ninguém. Delroy é muito importante para mim. Ele cuida de mim sempre. Eu nunca conversei com ele sobre isso. Droga, Sol pára de me olhar assim. Você sabe muito bem que só gostei de um homem. - ela diz jogando uma almofada em mim e rindo.
- Eu sei, e o babaca nunca lhe deu bola. Amber, ele era seu professor de Jazz e hoje é dono de uma renomada companhia de dança e já está casado. O que quero dizer é que me preocupa o fato de já ter visto várias vezes um Delroy olhando para você como se dependesse disso para viver. Nós nunca o vimos com uma namorada. Você não acha isso estranho?
- Sol, ele já saiu com várias garotas - ela me diz, tentando se explicar
- Porque você pediu para ele. Mas, você via muito bem a cara que ele fazia para ir nesses encontros arranjados por você. - digo para uma Amber pensativa
- Sol, ele não é gay - ela responde
- Eu sei que não, e se fosse o apoiariamos em tudo que ele precisasse, mas não mude de assunto. Ele não quer as outras mulheres. Ele quer você. - respondo

Nesse momento ouvimos outra batida na porta e a voz do outro lado é familiar. Peço a Delroy que entre e ele o faz meio sem graça. E a primeira pessoa para quem ele olha é Amber. Eu sorrio para a cena a minha frente e um silêncio entre esses dois me deixa feliz, pois é o único momento em que um contempla o outro. Ele então desfaz o silêncio.

- Acho que cheguei muito cedo, vou te esperar lá fora, ok? E você Sol, como está?
- Estou bem meu amigo - respondo - Eu já terminei por hoje com a Amber. Pode levá-la.
- Sol, eu vou fazer então as ligações que te falei e acertamos demais detalhes. Vai ser incrível, você vai ver. - Amber diz se levantando da cama onde sentara a uma hora, e eu sei que ela está sem graça. E ela fala em seguida algo que deixa Delroy meio sem jeito.
- Del, meus pais viajaram e estou sozinha. Você pode dormir lá em casa? - ela olha para ele esperançosa. São adultos, espero que se resolvam de uma vez. Ele responde então.
- Tem certeza? Amber, não pega bem eu dormir lá.
- É claro que eu tenho certeza. Nos conhecemos a anos. Meus pais te adoram e confiam em você. Não vejo nada demais. E então, o que me diz?
- Tudo bem. Eu vou ver o Ken para resolver sobre a planilha que te falei. E retorno para sua casa. - ele responde sem jeito
- Ótimo. Amanhã preciso que separe algumas roupas para passar uns dias lá em casa. Já que meus pais vão ficar fora uma semana. Foram visitar minha tia Suzy, parece que ela está doente - Amber fala percebendo a surpresa no rosto de Delroy e ainda completa. - E só não vou para sua casa, primeiro porque não posso deixar a minha sozinha, segundo porque você tem quatro irmãos, logo eu não teria onde dormir. - diz sorrindo
- Amber, porque não fica aqui com a Sol? - ele diz, com a voz trêmula. Eu já estou rindo um pouco da situação.
- Você vai dormir comigo e pronto. Deixe de bobagens. E precisamos conversar. Além disso, quero sua ajuda para uma coisa. - ela diz decidida.
- Está bem Amber. Eu irei. - ele diz por fim, então ela sorri e o abraça forte. Torço para que tudo dê certo

Os acompanho até a porta, depois que se despedem dos meus pais. Então, vou para a sala e lá converso com meus pais, falo sobre minhas idéias para o evento anual da Construtora e despeço-me indo para meu quarto. E então, durmo para encarar um dia daqueles amanhã.

No fim do túnel tem açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora