No fim do túnel tem açúcar

Capítulo VIII - Açúcar (Parte III)

- A sensação é devastadora, pois eu sinto um vazio enorme dentro de mim. Foi como se tivessem arrancado meu coração a força. Dói muito, dói como nunca, não tê-lo ao meu lado em um momento tão delicado da minha vida. Ele sempre será tão especial, pois tudo com ele era calmo, tranquilo e era como caminhar por um campo vasto cheio de flores e passar as mãos por todas elas em sua extensão durante a caminhada. Fecho os olhos e ainda o sinto comigo.

Pareciam que aquelas palavras eram proferidas por mim. Ouvir aquele discurso de uma mulher que se despedia de alguém tão querido era o fim para mim também. Ela se despedia do amor de toda uma vida.

Estava no cemitério, caminhando por entre os túmulos, mas sabia exatamente a direção e enfim o encontrei

As lágrimas rolavam livremente por meu rosto e meus olhos pareciam nascentes que desenbocavam em um pequeno rio formado no chão onde eu estava parada. Diante de mim uma lápide em que estava escrito

"Filho  amado, irmão querido. Sempre foi especial e um grande amigo. Sentiremos sua falta."

Vim ao seu túmulo, pois graças a ele Rick teve  mais uma chance. Custou sua vida e tamanho sacrifício será por nós eternamente lembrado.

Ainda estou atônita pois ainda me recupero do grande susto daquela noite naquele beco escuro e aterrorizante. Nem posso acreditar que estou tendo mais uma chance para recomeçar.

Lembro nitidamente do tiro que levei e do qual devo me lembrar por um tempo. Aquele monstro disparou em minha direção. O tiro pegou em meu ombro esquerdo. O cirurgião me disse assim que acordei que se ele tivesse atirado um pouco mais abaixo teria atingido em cheio meu coração.

Estela gritou meu nome, ele então bateu tão forte em seu rosto que ela caiu no chão e foi aí que comecei ouvir vários tiros. Um a um dos comparsas de Stuart foram atingidos morrendo instantaneamente e ele ainda reagiu mas foi morto com um tiro na cabeça e seu corpo caiu ao meu lado. Os olhos abertos e o rosto banhado em sangue, parecia uma cena de terror dos filmes de Hitchcock. Um verdadeiro thriller daqueles bem eletrizantes e de um pavor indescritível.

As sirenes soavam na noite anunciando uma cena de crime merecedora de olhares curiosos dos moradores de rua e das prostitutas e cafetões que circulavam no local.

Enfim, parte do tormento havia tido um fim. Stuart não iria nunca mais importunar a vida de Rick e de nossa família. Infelizmente, amigos tão importantes para nós foram brutalmente assassinados e teríamos que nos apoiar muito para superar essas perdas.

Estela veio ao meu encontro chorando e começou a gritar por socorro. Os policiais, peritos e paramédicos se aproximaram. Começaram a delimitar a área e vi os dois policiais que estavam à frente do caso. Um alívio me tomou, pois Estela estava a salvo e ficaria bem.

Fui levada para uma ambulância e só pensava em como Gordon estava se sentindo naquele momento. Abandonei a festa e o deixei sozinho. Sei que fui imprudente mas eu precisava fazer o que fiz. Agora sinto uma culpa por minha atitude e da qual possa me arrepender.

Jamais poderia imaginar que o grande amor da minha vida estava entre a vida e a morte e eu iria descobrir isso da pior maneira.