Capítulo VIII - Açúcar (Parte Final)

579 68 18
                                    


Estava no hospital, mais precisamente no quarto. Acabei de sair de uma cirurgia para retirada da bala que quase me matou. Nem acredito na loucura que fiz e ainda me sinto sob o efeito da anestesia e por isso minha consciência sobre tudo o que aconteceu naquele beco ao fim desta noite e adentrando a madrugada ainda me são tão vagas.

Forço a mente em busca de imagens das quais deveria esquecer para sempre mas eu realmente nem consigo me lembrar. Deve ser o choque por toda aquela cena, todo aquele horror e a única coisa que me importou naquele momento foi a vida de Estela e sei que ela está bem e claro que assim como eu ela deva estar assustada com tudo o que aconteceu mas sei que ela é forte e irá superar tudo isso. Temos que superar.

Enquanto ainda vagueio em meus pensamentos a porta é aberta e uma enfermeira entra no quarto. Com estatura esguia e tez pálida ela sorri e vejo seus olhos castanhos. Ela verifica os medicamentos que recebo na veia e pergunta como me sinto. Acredito que faça isso para testar se me recupero dos efeitos da anestesia. Ela afere minha pressão e faz anotações no prontuário, se despede e sai do quarto.

Uma hora depois , acredito, pois já tem algum tempo que desde que a enfermeira saiu do quarto tento dormir um pouco mas não consigo percebo a porta se abrir novamente e dessa vez é o médico que em seu imaculado jaleco vem ao meu encontro para verificar no monitor meus batimentos cardíacos, vê a minha pressão arterial e se os medicamentos cessaram de serem injetados em minha veia. Ele é alto, branco, cabelos lisos e escuros e os olhos verdes muito bonitos e penetrantes.

   - Boa noite, sou o Dr. Nathan Draco. Estou cuidando do seu caso. Como se sente Soledade? - ele pergunta em tom calmo e ouvir meu nome foi tão diferente, tão próximo, tão tranquilizador.

     - Me sinto menos sonolenta, menos grogue na verdade - respondo. - Dr. Draco me parece bem jovem e ao mesmo tempo muito experiente. Deve ter uns trinta e quatro anos. Sua voz é grave e de uma seriedade arrepiante. Tem uma beleza singular que me lembra o ator e modelo Eduardo Verastegui.

     - Isso é muito bom pois significa que o efeito da anestesia está passando. Você sentirá dor local mas receitei alguns medicamentos e peço que siga a risca o tratamento para que assim tenha uma rápida recuperação .

    - Farei o que me pede doutor. Tem minha palavra. Obrigada - digo

    - Terei que excepcionalmente liberar visitas fora do horário normal, pois tem um batalhão lá fora querendo te ver, mas é claro que não virão todos agora. Liberei seus pais e um amigo para te ver. E seu primo e a namorada dele para verem sua prima Estela.

   - Como ela está doutor? - faço menção de levantar e sinto uma dor excruciante e me escapa um gemido

    - Não mocinha! - ele se aproxima fazendo-me deitar com calma novamente - Nada disso agora. Não faça movimentos bruscos, pode com isso romper alguns pontos. Você precisa repousar agora. Tem noção da sua sorte? Se o tiro tivesse sido um pouco mais abaixo seria fatal. Sobre sua prima, ela vai ficar bem, teve algumas escoriações e está com um hematoma no rosto devido uma agressão sofrida mas nada que fique por muito tempo. Fique tranquila e por favor nada de missões suicidas e atos de heroísmo por um bom tempo.

   - Pode ficar tranquilo quanto a isso. Não quero passar nunca mais em minha vida por algo parecido. - respondi sinceramente

   - Também espero não te encontrar nas mesmas condições e que venha apenas fazer-me uma visita. Deixarei seus pais entrarem daqui a pouco. Irei até a sala de espera para conversar e acalmar a todos. - ele me disse já caminhando em direção à porta e então eu disse

No fim do túnel tem açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora