Precisa. Analítica. Metódica e calculista. Estes são os adjetivos secretamente mais usados para descrever a advogada Diana Andrade.
Dona de uma carreira sólida aos 30 anos, um noivo que a ama e uma família perfeitamente tradicional, ela vive seus d...
Fico arrepiado quando escuto seu nome, penso em você mas não é a mesma coisa. Não vou estar satisfeito até estar sob sua pele. Shiver - Maroon 5
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Pouco mais de uma semana havia se passado, o carro de Diana já havia sido consertado – e Gael tinha razão, o problema era a bateria – e sua vida voltava ao normal. Os coques milimetricamente penteados voltaram a lhe causar dor de cabeça dia após dia, assim como o excesso de maquiagem entupia seus poros e causava algumas espinhas.
A rotina que conhecia há anos e que deu uma trégua no momento em que atropelou Gael voltou a se fazer presente pois depois que ele a deixou em casa naquela sexta-feira os dois não voltaram mais a se falar ou a se encontrar, então mais uma vez Diana atendia o noivo em sua porta em um daqueles dias em que gostaria de ficar sozinha após um longo expediente no escritório.
– Boa noite, princesa.
Maurício a beijou e a entregou um buquê de flores. Diana ignorou o "princesa" e tentou soar contente ao respondê-lo, mas estava cansada demais para isso. Aceitou o arranjo de cravos coloridos e procurou algum jarro para colocá-los enquanto seu noivo tirava o paletó e seguia até o sofá, já descalçando os sapatos sociais e ligando a televisão.
– Obrigada pelas flores – Diana sorriu ao sentar ao lado do noivo – Qual a ocasião?
– Nenhuma – ele passou o braço por seu ombro e a trouxe para mais perto – Não preciso de motivos para dar flores para a minha noiva, mas sua casa precisa um pouco mais de vida, quase não tem decoração aqui – olhou ao redor e voltou a se concentrar na televisão.
– Ah, claro, assim como o meu escritório.
Diana forçou um sorriso e se lembrou do vaso seco em sua sala. As flores que havia acabado de ganhar eram lindas, mas ela sabia que teriam o mesmo triste fim que as de seu escritório. Não que não gostasse delas, mas simplesmente não sabia cuidar. Não tinha tempo para cuidar. Já havia perdido as contas de quantos buquês jogou fora poucos dias depois de ganhar ao longo dos sete anos de relacionamento, mas seu noivo continuava a presenteando sempre que via que o arranjo anterior não existia mais.
Aninhada no abraço de Maurício, Diana escolhia algum filme em uma das plataformas de streaming disponíveis. Dificilmente os dois se interessavam pelo mesmo gênero e sempre depois de muita discussão para decidirem o que assistir, ela cedia aos interesses de seu noivo. Ele deu o play em algum filme de ação barulhento e concentrou-se na televisão enquanto ela tentava se interessar pelo enredo.
O filme de quase duas horas de duração acabou, para o alívio de Diana. Perseguições de carros, bombas, tiros, explosões em efeitos visuais exagerados e mocinhas indefesas que se apaixonam perdidamente pelo homem alfa e musculoso que vivem para protegê-las nunca a atraíram, então por mais que tentasse se interessar pela trama, a tela de seu celular procurando por algo para comer parecia mais interessante. Maurício também focou sua atenção em seu smartphone enquanto os créditos passavam pela tela da televisão.