Doce como açúcar

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Acordei no outro dia ainda pensando em tudo sobre a noite passada. Cada detalhe, cada segundo. Nada tinha sumido da minha mente.

Então, pra fazer aquilo parar de um vez por todas, troquei de roupa e saí do quarto, mas foi uma perda de tempo esquecer aquilo porque encontrei Cha Eunwoo também saindo do quarto dele. Ele estava secando o cabelo com uma pequena toalha azul.

⎯ O que você ia fazer ontem à noite? ⎯ Eu estava prestes a sair dali e correr para a cozinha, mas tive que parar quando ele perguntou.

⎯ O que?

⎯ Não bati na sua porta, mas você abriu mesmo assim. ⎯ Lembrou ele.

Por que ele tinha que ter a memória tão boa?

⎯ Eu... ⎯ Sorri de nervoso e pensei na pior mentira que conseguia. ⎯ Eu estava com sede.

⎯ Mas tem uma jarra com água bem ali na sua estante. ⎯ Disse ele olhando para dentro do meu quarto.

Fechei a porta atrás de mim com bastante esforço para esconder minha vergonha por ter mentido e ele ter percebido.

⎯ Essa? Já está muito quente. ⎯ Não me importava se ele tinha acreditado ou não, eu tinha que sair dali antes que ele fizesse mais perguntas.

Comecei a andar para descer as escadas, mas ele andou atrás de mim acompanhando meus passos com rapidez.

⎯ Por que está tão apressada? Não estamos atrasados.

⎯ Estou com muita fome.

Quando chegamos na cozinha,  me deparei com Jin-ah segurando um bolo de aniversário. Ótimo! Ela tinha lembrado.

⎯ Supresa!

⎯ Achei que não iria lembrar. ⎯ Disse Cha Eunwoo. Olhei para ele confusa. O que ele estava fazendo? Aquele bolo é para mim e não para ele.

⎯ Como eu esqueceria de vocês?

Vocês?

Eunwoo olhou para a avó e depois para mim, em seguida repetiu tudo novamente umas três vezes. Eu não queria está certa. Não queria que o que eu estava pensando estivesse certo.

⎯ Bom, eu escolhi o sabor favorito dos dois e...

⎯ Do que está falando? ⎯ Cha Eunwoo parecia ainda não ter entendido. Ou ele só não queria aceitar.

Eu ainda não estava acreditando que tínhamos nascido no mesmo dia.

⎯ Hoje é nosso aniversário. ⎯ Expliquei sem muita empolgação.

Quando ele entendeu, fez uma expressão que eu não conhecia. Ele parecia feliz, mas ao mesmo tempo não. Acho que ele ainda estava processando as informações e por isso ainda não tinha escolhido qual expressão mostrar.

⎯ Isso é incrível, não acham? ⎯ Perguntou Jin-ah e sentou-se à mesa. ⎯ É incrível o fato de terem nascido no mesmo dia.

Me perguntei qual era a probabilidade daquilo acontecer. Eram muito pequenas, óbvio. Mas aconteceu. E Eunwoo e eu por incrível que parecesse, nascemos no mesmo dia

Eu ainda não sabia o que achar, mas isso não era o que me fazia está tendo aquela explosão de frustação. Eu estava assim porque não sabia que era o aniversário dele e por isso não tinha comprado nada como presente. E sim. O fato de nascermos no mesmo dia era realmente incrível.

⎯ Por que não me disse nada sobre ser seu aniversário hoje? ⎯ Ele perguntou.

⎯ Por que não me disse nada sobre ser o seu?

Continuamos nos encarando, procurando a resposta no olhar um do outro, mas não encontramos nada. Nem mesmo eu sabia porque não tinha contado e também isso não era tão importante. No dia anterior algo tinha sido muito mais interessante.

O bolo era divido em duas partes. A minha parte era de chocolate e a de Cha Eunwoo era de frutas vermelhas. Eu não poderia chegar perto dessa parte já que tinha alergia à morangos, por isso fiquei contente com minha parte que tinha certeza que estava igualmente boa como a dele.

Quando Jin-ah saiu, continuamos tomando comendo em silêncio já que não tínhamos nada para falar um com o outro. Bom, eu achava que não tínhamos.

⎯ Tenho algo para você. ⎯ Disparou ele. Sua boca estava suja, mas ele não parecia ligar para isso. Ou só não tinha percebido.

⎯ Mas... você não sabia que hoje era meu aniversário e...

⎯ Eu não sabia, mas achei ter ouvido da minha avó que você completaria 20 anos esse mês, eu só não sabia que seria no mesmo dia que o meu.

Fiquei ainda mais nervosa. Eu não tinha comprado nada para ele e isso me fazia sentir um pouco de incômodo.

⎯ Eu vou buscar e... já volto. ⎯ Ele levantou e saiu em direção às escadas.

Fiquei pensativa. Eu queria fazer o mesmo por ele, mas não tinha ideia do que ele gostava. Percebi que durante todo o tempo em que moramos juntos eu não tinha perguntado nenhuma vez sobre coisas que ele gostava.

Não foi como se eu não quisesse perguntar. Só não tive a oportunidade certa para fazer isso.

⎯ Você está pronta? ⎯ Ele voltou escondendo o objeto atrásdas costas. ⎯ Você precisa fechar os olhos.

Levantei da cadeira e fui até ele, fechei os olhos e estendi minhas mãos para frente esperando que ele colocassem nas minhas mãos. Quando ele colocou senti algo metálico. Era uma caixinha, mas não consegui encontrar uma abertura.

⎯ Posso abrir os olhos agora? ⎯ Perguntei.

⎯ Sim.

Abri os olhos lentamente e percebi que era uma caixinha de música giratória. Dentro havia uma bailarina que girava até a música acabar.

Olhei encantada pata a caixinha nas minhas mãos, quilo tinha sido a coisa mais linda que eu já tinha ganhado. Na verdade, nada que eu ganhasse seria melhor do que aquilo.

Fiquei paralisada olhando a pequena bailarina girar durante um minuto inteiro. Eu não queria parar de olhar porque estava fascinada.

⎯ Você gostou? ⎯ Ele me encarou com o olhar esperançoso.

E quem não iria gostar de um presente como aqueles?

⎯ Eu adorei. ⎯ Eu disse. ⎯ Especialmente porque foi você quem me deu.

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