A pergunta que eu estava esperando tinha sido feita. Mas, embora isso tivesse acontecido, meu corpo todo ficou tenso esperando por qual de nós dois iria começar a contar.
Eu contava ou ele contava?
Mesmo que San-ha já tivesse descoberto, eu estava com medo de falar alguma coisa e deixar Cha Eunwoo com mais ódio de mim. Eu não queria que ele gostasse de mim, mas também ele não precisava desgostar. O contrato que fizemos não tinha servido para nada e me arrependi de não ter colocado algo que tanto eu e ele tivéssemos medo. Então assim nenhum dos dois quebraria as regras. Os contratos verdadeiros tinham coisas desse tipo, como uma multa bem alta. Mas Cha Eunwoo era rico o bastante para não ter medo desse tipo de coisa. Por isso talvez ele tivesse levando toda essa história na brincadeira.
⎯ Nós moramos juntos. ⎯ Cha Eunwoo revelou, mas fez uma careta como se tivesse se arrependido amargamente de ter dito alguma coisa.
Eu realmente achei que ele nunca iria abrir mão do seu segredo grandioso. Ele não queria que chegássemos a escola ao mesmo tempo e também não queria que a gente conversasse em público. O que eu podia pensar com todas aquelas exigências?
San-ha ficou ainda mais confuso do que antes, então tive que contar tudo de uma forma que ele entedesse. Eu disse que era órfã e que a vó de Eunwoo me adotou, por isso agora eu morava com ele. Porém contei também que isso mudaria logo já que faltava pouco tempo para a faculdade e talvez eu tivesse que procurar outro lugar para morar. Não contei a parte que não queria sair de perto de Jin-ah e Si-a pois me sentia segura morando com elas, porém, alguém naquela casa não gostava da minha presença e as provocações estavam começando a me deixar cansada.
⎯ Vocês são como primos ou algo do tipo? ⎯ Perguntou San-ha.
⎯ Estamos mais para inimigos. ⎯ Eu disse sem peceber, e logo me apressei em consertar quando vi a expressão indignada de Eunwoo. ⎯ Somos um pouco distantes. Foi isso que eu quis dizer. ⎯ Sorri sem graça e decidi que já estava na hora de ficar quieta.
Durante a refeição San-ha e Cha Eunwoo ficaram se provocando como se fossem um melhor do que o outro. Eles eram detestáveis ao ponto de eu querer gritar para que eles parassem. Só que eu não podia fazer isso quando havia tanta gente no restaurante. A única coisa que eu podia fazer era aguentar mais um pouquinho aquele barulho irritante que saia da boca deles. Aliás, meu macarrão já estava acabando.
⎯ Quem disse que você era o melhor jogador de basquete? ⎯ San-ha perguntou para Eunwoo, se ajeitando na cadeira. Ele fazia aquilo cada vez que era sua vez de falar.
O prato dos dois estava completamente sem nenhuma diferença porque eles passaram o tempo todo discutindo sobre algo sem contexto que eu preferi ignorar por enquanto.
⎯ Ninguém precisa dizer. Eu sei que eu sou.
Tão exibido.
Devia ser difícil diminuir a autoestima de alguém como ele.
Eunwoo achava que era melhor em tudo que fazia. Eu provei disso quando ele atrapalhou o preparo dos meus biscoitos. Se ele não tivesse aparecido naquela cozinha no exato momento em que eu estava lá, nada teria acontecido com minha mão ou com os biscoitos.
⎯ Você nem é tão bom assim.
Pra mim já chega!
Levantei daquela mesa tão rapidamente que os pratos balançaram. Coloquei a mochila nas costas e respirei fundo para não explodir.
⎯ Aonde você vai? ⎯ Cha Eunwoo perguntou.
⎯ Pra casa. ⎯ Respondi e me virei de costas para sair. A mochila pesando nas minhas costas.
⎯ Mais ainda não terminei de... ⎯ Não esperei que ele terminasse de falar e saí me sentindo aliviada por ouvir o barulho dos carros e de outras vozes quem não fossem a deles. Quem ligava para quem era o melhor jogador de basquete e por que eles tinham que falar daquilo justamente quando eu também estava presente?
Não era como se eles estivessem me enxergando enquanto brigavam, de qualquer maneira.
⎯ Ei, por que não me esperou? ⎯ Eunwoo me alcançou e começou a andar do meu lado com os mesmos passos rápidos que eu.
⎯ Estou há uma hora escutando vocês dois sendo ridículos um com o outro.
⎯ Você não está errada em dizer que ele é ridículo, mas eu também?
Revirei os olhos e andei ainda mais rapidamente. Perder tempo com aquele tipo de coisa não estava no meu objetivo de vida. A resposta era bem óbvia e uma pessoa não precisava ser muito inteligente para perceber como ele era ridículo. Porém, Eunwoo só enxergava o próprio ego ou algo assim.
Paramos para pegar o ônibus e voltar para casa. Eu sentia que a qualquer momento ele me faria uma pergunta ou falaria alguma coisa para quebrar o gelo. Depois de tanto esforço para ninguém descobrir que morávamos juntos, ele mesmo tinha contado.
⎯ Você nem me deixou terminar de comer.
⎯ Você pode comer em casa. ⎯ Respondi calmamente, como se não ligasse muito. ⎯ Aposto que Jin-ah deve está preocupada porque nenhum de nós avisamos aonde iríamos.
⎯ Minha vó não vai se importar comigo. ⎯ Ele disse baixinho. ⎯ Talvez com você, mas não comigo.
O ônibus chegou e nem tive tempo de perguntar porquê ele estava dizendo aquilo. É claro que Jin-ah se importava. Cha Eunwoo deveria sentir ciúmes já que agora a atenção de sua vó não era apenas para ele. No entanto, eu tinha certeza que o que ele tinha dito não era verdade e aquilo tinha saído sem ele nem perceber o que estava falando.
Sentamos juntos, mas dessa vez eu sentei próxima a janela. Eunwoo não pareceu se importar porque não disse nada. Além disso, outros bancos próximos à janelas estavam vazios. Se ele queria isso era só sentar em outro lugar.
Não conversamos mais depois disso e achei que ele estava pensando no que falar. Mas Cha Eunwoo deixou sua cabeça cair no meu ombro e percebi que ele está dormindo logo depois. Naquela manhã eu já havia notado que ele estava cansado, como se não tivesse dormindo bem ou nem mesmo tivesse dormido. Já que estávamos indo para casa, ele talvez não tenha aguentado o sono.
Notei também que não estava mais brava como na hora que percebi que ele estava seguindo San-ha e eu. Talvez eu tenha me acalmado depois que ele deitou sua cabeça no meu ombro. Por que Cha Eunwoo parecia tão frágil que eu não sentia mais medo dele.
Mas, eu odiava aquela sensação.
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JUVENTUDE
RomanceYe-jin acha que tem todo o seu futuro em mente, mas por uma reviravolta do destino, ela acaba aceitando ser adotada por uma família de prestígio até a idade universitária. Tornando toda essa experiência ainda mais desagradável, Ye-Jin é mal recebida...