⎯ Mas...
⎯ Acha que eu faria isso por sua causa? ⎯ Perguntou ele com um sorrisinho debochado.
"Não, ele jamais faria isso por sua causa"
Mas se não foi Cha Eunwoo, quem foi? Só ele sabia o que tinha acontecido com minha mão naquele dia. Só ele poderia ter feito aquilo, certo?
⎯ Eu pedi para o cozinheiro fazer porque não queria que minha prima levasse seus biscoitos queimados para a escola.
Me senti murchar como uma planta sem água. Minha animação tinha saído do máximo e ido para o mínimo em um piscar de olhos. É claro que Ji-Woo não deveria levar biscoitos queimados para seus colegas na escola, mas me sentia péssima por ele ter falado daquele jeito.
Eu pensei que nossa relação estava melhorando, mas não tinha como melhorar daquele jeito. Cha Eunwoo era ainda mais estranho. Ele mudava de uma hora para outra e achava que eu estaria bem com isso. Ele não se importava com os sentimentos das outras pessoas ou fingia não se importar?
Na verdade não importava se ele fingia ou era mesmo verdade. Ele me deixava sem respostas todas as vezes e agia como se fosse a primeira vez que tivéssemos nos visto. Eu não queria voltar naquele dia nunca mais. Só que ele me fazia voltar todas as vezes naquele momento quando agia da forma mais idiota que alguém poderia agir.
⎯ Ah... eu entendo. ⎯ Eu disse em um tom baixo e me ajeitei no acento. Eu queria não ter que ficar no mesmo lugar que ele e agradecia mentalmente que estivéssemos chegando na escola. Eu queria ficar triste sem que ele percebesse o que tinha feito. Eu queria não ter que fingir não me importar. Eu apenas queria que ele não fosse assim.
Talvez eu devesse mudar. Talvez eu devesse parar de enxergar coisas onde não existiam. Eu tinha que ignorá-lo e parar de me importar com o que ele pensava sobre mim. Eu deveria seguir a quarta regra do contrato que era não falar um com o outro quando não era uma emergência. Assim as coisas seriam mais fáceis desde o começo.
Quando chegamos, procurei San-ha pois ainda não tinha me desculpado por sair de uma forma repentina na noite passada. Eu nem mesmo havia me despedido dele e apenas fui embora. Tenho que admitir que fiz aquilo sem pensar. Eu estava tão cansada de ter que ouvir a discussão dele com Eunwoo que não pensei bem antes de fazer aquilo.
⎯ Oi. ⎯ Eu disse sem jeito. Ele olhou para mim sem dizer nada. Eu já esperava que San-ha estivesse bravo pelo que aconteceu. ⎯ Eu sinto muito por ontem. Se eu tivesse prestado mais atenção, Eunwoo não teria seguido a gente. Vocês não teriam brigado e eu não teria saído daquela forma ontem.
Abaixei a cabeça e encarei meus tênis, mas sou obrigada a levantar a cabeça quando San-ha começou a rir alto dentro da biblioteca.
A bibliotecária nos encarou com muita fúria. Parecia que ela já teve que pedir silêncio muitas vezes e estava exausta. Coitada. Teria que aguentar mais tempo pois agora que o dia tinha começado.
⎯ Acha que estou bravo? ⎯ Ele perguntou ainda rindo, só que dessa vez mais baixo. ⎯ Aliás, por que você e ele se odeiam?
⎯ Posso passar o dia inteiro dizendo pra você tudo que eu consertaria nele. ⎯ Peguei um livro na estante e comecei a folhear as páginas. ⎯ No começo eu tentei ser amigável e tudo mais. Só que quando se trata de Cha Eunwoo, isso é impossível. Por isso... ⎯ Soltei um suspiro profundo antes de continuar. ⎯ Por isso... ⎯ Fui interrompida pelo sinal que tocou avisando que deveríamos ir para sala pois as aulas estavam prestes a começar.
Coloquei o livro de volta na estante e segui San-ha. Eu tinha até me esquecido o que iria falar.
༄
Faltava uma hora para o almoço e eu estava quase terminando de fazer a atividade de História. Enquanto todo mundo estava em silêncio, Eunwoo estava fazendo um barulho insuportável com a caneta que segurava. Aquilo estava me atrasando já que eu não conseguia me concentrar no que estava fazendo sem que aquele barulho continuasse enchendo meus ouvidos.
⎯ Que coisa chata. ⎯ sussurrei para mim mesma. Achei que tinha falado baixo até o barulho da caneta sumir e ele se virar para me encarar com aquela expressão assustadora que sempre fazia quando estava irritado.
⎯ O que você disse?
Não tenha medo...
Não tenha medo...
Não tenha medo...
Ele só está querendo me intimidar.
⎯ Pode parar com isso? ⎯ Eu disse para ele em um tom calmo, embora eu estivesse a ponto de quebrar aquela caneta ao meio.
⎯ Por que? A única que está incomodada é você. ⎯ Ele tirou e colocou a tampa da caneta inúmeras vezes novamente apenas para me fazer ficar mais irritada.
⎯ Sim eu estou incomodada e por isso, quero que você pare. ⎯ Eu olhava apenas para ele, mas tinha certeza que os outros também estavam prestando atenção na discussão.
⎯ Que inútil. Por que eu faria algo que você está mandando? ⎯ Ele levantou da cadeira onde estava como se fosse um superior. ⎯ Você ainda não viu nada.
Aquilo foi uma ameaça?
⎯ Aí, seu idiota, Acho melhor tomar cuidado com o que diz. ⎯ Com toda certeza, não era permitido xingar naquela escola, mas o que eu podia fazer para atingir ele de uma forma mais dolorosa? ⎯ Você não podia simplesmente parar de ser tão convencido?
Levantei também, porque não queria me sentir rebaixada por alguém como ele.
A professor não estava na sala, mas ele entrou justamente quando eu estava próxima a ferir os direitos humanos com uma frase nem um pouco ética. Até eu comecei a me sentir mau por está brigando por causa de um caneta barulhenta.
⎯ Vocês dois! ⎯ Ele olha a gente com superioridade, mas para Eunwoo ele tem um olhar diferente. ⎯ Estão atrapalhando a turma inteira.
⎯ A culpa é dela. ⎯ Ele diz e senta de volta em seu lugar.
⎯ A culpa não é minha seu idiota. Você que não parou de fazer barulho com essa porcaria. Se tivesse parado não estaríamos discutindo por conta dessa besteira.
⎯ Por favor Ye-Jin, se cale! Já basta. ⎯ O professor deu um suspiro de frustação e voltou seu olhar para mim. ⎯ É claro que Cha Eunwoo não tem culpa.
⎯ O que? Mas...
Ele fez gesto para que eu me calasse mais uma vez.
⎯ Não se faz esse escândalo por uma simples caneta. ⎯ O professor sorriu para Cha Eunwoo como se ele fosse um rei e tivesse que ser adorado. ⎯ Por causa disso você terá a punição que merece.
Punição? O que eu fiz para ser punida? Me importar com uma tampa de caneta era motivo para sofrer um castigo em pleno século XXI?
Eu estava frustada. A hierarquia funcionava mesmo naquela escola. E por todo mundo saber que Cha Eunwoo era rico e de uma família renomada, ele tinha que ser tratado melhor do que os outros. Como ninguém sabia de onde eu vinha, nem mesmo eu, era assim que eu merecia ser tratada
Isso era tão injusto quanto alguém ser punido por algo que não fez.
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ꕥOii, se você leu até aqui muito obrigada.
Espero que continue acompanhando a história até o fim ♡♡
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JUVENTUDE
RomansaYe-jin acha que tem todo o seu futuro em mente, mas por uma reviravolta do destino, ela acaba aceitando ser adotada por uma família de prestígio até a idade universitária. Tornando toda essa experiência ainda mais desagradável, Ye-Jin é mal recebida...