Gentileza não está mais em alta

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No sábado, sentei do lado de fora e comecei a revisar tudo que tinha visto na semana. Acompanhar as matérias e o conteúdo que eu não conhecia, tinha se tornado muito difícil. Além disso, no meu primeiro dia de aula cheguei atrasada e perdi um bom tempo de aula. Isso foi tudo culpa dele é claro mas eu não podia culpá-lo por não está entendendo muito bem as matérias.

Começei a escrever mais logo parei pois Jin-ah veio até mim muito sorridente.

⎯ Ye-Jin o que acha de fazermos um passeio? Quero apresentá-la para minhas amigas.

Eu queria ir, mas não podia. Se saísse com ela, provavelmente iríamos demorar para voltar e isso iria me atrasar ainda mais.

⎯ Eu adoraria, mas estou muito ocupada hoje. ⎯ Eu disse e ela pareceu entender quando viu a quantidade de livros em cima da mesa. ⎯ Tenho muito o que estudar.

⎯ Bom, acho que terei que ir sozinha então, mas me prometa que irá da próxima vez.

⎯ Eu prometo.

Quando Jin-ah saiu, voltei a escrever como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo. Isso funcionou por um tempo, mas minha mão começou a ficar muito cansada e tive que fazer uma pausa.

Fui para cozinha e tomei dois copos de suco de uma só vez. Eu não tinha percebido que estava com tanta cede até dá os primeiros goles. Em seguida fiz uma caminhada breve por alguns minutos e quando achei que já era o suficiente, voltei para a mesa em que estava antes. Algo parecia estranho quando sentei na cadeira e olhei para os livros espalhados sobre a mesa, percebi que havia algo faltando.

Minha memória não era uma das melhores, mas me dei conta de que o caderno amarelo que eu estava copiando anteriormente tinha sumido. Olhei dentro da mochila, olhei debaixo da mesa e também tentei organizar a mesa para tentar encontrar, mas não tive nenhum sucesso. Aquele caderno era tão importante quanto o lápis que eu estava escrevendo. Era nele que estava todas as minhas anotações. Eu não era nada sem elas.

O método das anotações eu usava desde muito tempo e sempre funcionava. Mesmo mudando de escola, as anotações ainda serviriam para me ajudar em muitas coisas. O que eu iria fazer sem o caderno?

Voltei para todos lugares que lembrava ter passado. Fui até a cozinha, em seguida fui até o jardim. Subi as escadas, procurei debaixo da cama e até mesmo dentro do armário de roupas, porém ainda assim, não encontre nenhuma pista de onde ele estaria.

Quando olhei pela janela, vi Kevin regando a grama, então fui até ele o mais rápido que conseguia. Ele tinha que saber. Kevin sabia de tudo.

⎯ Kevin, por acaso você viu um caderno amarelo? Eu perdi faz alguns minutos e não consigo encontrá-lo em lugar nenhum.

Kevin desliga a água e se volta para mim com um ar pensativo.

Por favor, diga que sabe, diga que sabe, diga que...

⎯ Desculpe, mas não faço ideia de onde esteja.

Como ele não sabia? Kevin todas as vezes encontrava qualquer coisa que estivesse perdida. Como ele não sabia do meu caderno?

Voltei para a mesa e depois de arrumar todas os livros, desisti de procurar. Eu ainda não entendia o motivo dele ter sumido em um piscar de olhos daquele jeito. Eu só fui até a cozinha e caminhei um pouco. Além disso, um caderno não tinha pernas para sair andando por aí.

Entrei em casa ainda pensando o que tinha acontecido até ver Cha Eunwoo sentado no sofá com fones de ouvido. A música estava tão alta que eu conseguia escutar mesmo estando distante dele.

Depois de aproximar, percebi que o objeto que estava em suas mãos era meu caderno. Ele passava as folhas como se não fosse tão importante. Podia até não ser para ele, mas pra mim era de extrema importância.

Andei apressadamente e tomei o caderno de suas mãos. Eu estava irritada, pois ele não tinha esse direito de sair pegando as coisas que não era dele sem permissão.

⎯ Sabe o quanto procurei por isso? ⎯ Perguntei sem paciência e ao mesmo tempo aliviada por ter conseguido recuperar algo perdido.

Ele tirou os fones e olhou pra mim sem dar muita importância. Esse menino ainda ia me enloquecer. Isso se eu já não estivesse louca.

⎯ Ah, era seu?

Claro que era meu seu estúpido...

Você não deve sair por aí pegando coisas que não são suas. Esse caderno tem coisas importantes pra mim, então eu ficaria feliz se você não fizesse mais isso.

⎯ Essa casa é minha e tudo que está aqui também é meu.

Tentar ser paciente e compreensível era quase impossível quando se tratava de lidar com Cha Eunwoo. Ele gostava de provocar as pessoas e gostava ainda mais quando conseguia o que queria.

⎯ É mesmo? ⎯ Se ele achava que eu ia concordar com isso, estava completamente enganando. ⎯ Essa casa também é minha, então... Essa regra também se aplica pra mim, certo? Tudo que está aqui também é meu? ⎯ Coloquei os livros que segurava no sofá e me aproximei dele. ⎯ E esse fone? Se está aqui é meu também, certo? ⎯ Tirei os fones de suas mãos e me distanciei.

⎯ Ei, me devolve isso!

Quando menos esperava, começamos uma batalha de pega-pega. Eunwoo corria atrás de mim para ter seus fones seguros, mas eu corria ainda mais para que isso não acontecesse. Cha Eunwoo beberia do primeiro veneno se continuasse com seu comportamento questionável.

⎯ Se você quiser seus fones de volta, vai ter que me pegar.

Na mesma hora, me arrependi do que disse. Eunwoo correu tão rápido que conseguiu me alcançar. Mas, quando ele segurou meu braço não conseguir manter os pés firmes no chão e acabei me desequilibrando. Cha Eunwoo também foi rápido nesse quesito já que me segurou antes que eu caísse e me machucasse feio.

Comecei a encará-lo por longos segundos porque dizer "obrigado" também não me fazia ficar mais confortável. Olhar pra ele era constrangedor, mas eu não conseguia parar.

⎯ Peguei você! ⎯ Ele disse muito satisfeito como se tivesse me salvado da morte.

Quando a sensação de ficar olhando para ele se tornou muito estranha, me distanciei e devolvi os fones para ele.

⎯ Não pegue mais minhas coisas, ou serei obrigada a fazer o mesmo com você.

Peguei os livros onde deixei anteriormente e subi as escadas sem dizer mais nenhuma palavra. Cha Eunwoo também não disse nada e agradeci mentalmente por isso. Eu gostaria de evitar todas as perguntas possíveis. Principalmente perguntas sobre o que tinha acabado de acontecer.

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