Quando chegamos em casa, desci do carro primeiro e comecei a correr para dentro pois ainda chovia muito forte e eu já estava molhada o suficiente. Mas Cha Eunwoo me alcançou quando tentei abrir a porta da frente. Ele segurou meu braço, impedido que eu abrisse a porta.
Eu não queria falar, ouvir ou ver ele na minha frente nem pintado de ouro.
Tudo que eu mais queria naquele momento era trocar de roupa. Eu não era muito fã de pegar resfriados e se eu continuasse com aquelas roupas molhadas era exatamente isso que ia acontecer.
⎯ O que há errado com você? ⎯ Ele perguntou como se não fosse óbvio.
Isso só podia ser uma brincadeira de muito mau gosto, pensei.
⎯ Por que fez isso? Por que me deixou sozinha naquela escola quando eu não conheço ninguém além de você? Estava com medo de ser visto comigo? ⎯ Perguntei irritada, mas não queria ouvir a resposta. Eu só conseguia queria dar ouvidos para a minha própria raiva. ⎯ Você não precisa se preocupar porque eu não tenho o mínimo interesse em dizer que moro com você.
⎯ Você diz isso, mas aposto que ja deve ter contado que mora com uma família rica para o seu novo amiguinho. Estou errado?
Eu estava certa. Dei um palpite sobre ele não querer que outras pessoas soubessem que eu morava com ele. O palpite estava certo.
⎯ Ele não sabe e também não preciso dizer que moro com uma família rica pra ninguém. Eu não sou como você.
Parece até que as pupilas dos olhos dele aumentaram quando eu disse que não era como ele. Eu só não conseguia decifrar se aquilo era um sinal de raiva. Se por acaso fosse, aquilo não era problema meu. Nada disso teria acontecido se ele não me deixasse sozinha na escola.
⎯ Do que está falando? É claro que você não é como eu.
Ele era tão exibido que aquela conversa estava começando a me deixar extenuante. Eu queria até ter o poder de fechar a boca dele para que ela nunca mais voltasse a abrir. Meus dias seriam muito melhores se isso funcionasse
⎯ Eu já disse que não contei nada. Se você quer acreditar que contei, eu não me importo. ⎯ Coloquei a mão na maçaneta para tentar entrar em casa, mas Cha Eunwoo de novo me impediu.
O QUE ELE AINDA QUERIA?
⎯ Eu vi vocês dois na quadra de esportes. Se não estava falando para ele onde você mora, sobre o que estavam conversando? Você não diz nada de interessante, então não encontrei outra opção a não ser achar isso.
Eu precisava ser interessante para alguém querer falar comigo?
⎯ O motivo de morarmos na mesma casa não significa que temos que ser alguma coisa. É por esse motivo que eu também não devo satisfações sobre o que converso com outras pessoas. ⎯ Fiz uma pausa antes de completar. Na minha mente, uma ideia se esclarecia enquanto eu via a boca dele abrir e fechar várias vezes procurando palavras para me atingir de uma forma que eu nunca mais conseguisse me recuperar. ⎯ Vamos fazer um contrato então.
⎯ Contrato? ⎯ Cha Eunwoo pareceu mais perdido do que eu quando estava na escola vendo a chuva forte cair. ⎯ Por que iríamos precisar de um contrato?
Quando consegui finalmente entrar em casa, subi as escadas e fui para o quarto. Procurei por folhas limpas em todas as gavetas e quando as encontrei, voltei a sala onde Eunwoo tava me esperando impacientemente.
Notei sua inquietação, pois ele estava de braços cruzados e sua perna não parava balançar até eu finalmente colocar a folha e a caneta em cima da mesinha de vidro à nossa frente.
⎯ Esse contrato vai servir para nós dois ficarmos o mais longe possível um do outro. ⎯ Começei. ⎯ Eu não direi nada sobre você para ninguém se você prometer não aprontar mais nada comigo.
⎯ Que besteira. ⎯ Debochou ele. ⎯ Por que eu concordaria com isso?
⎯ Por que assim você não quer que as pessoas saibam que eu moro na mesma casa que você.
Ele não percebia que isso era benéfico para ambas as partes? Eu iria poder ficar tranquila em saber que ele não estava planejando nenhuma tolice contra mim e ele teria o prazer de ter sua reputação zelada ou sei lá o que ele queria com isso.
⎯ Que seja. ⎯ Ele pegou o papel e a caneta das minhas mãos e começou a escrever alguma coisa com um letra muito pequena que eu não conseguia enxergar de onde estava. ⎯ Vamos terminar logo com isso. Estou cansado por ter me arrependido e ter ido buscar você na escola.
Queria muito poder bater nele, mas estava aliviada por ele ter se arrependido de ter me deixado sozinha. Isso mostrava que no fundo... bem lá no fundo, Eunwoo tinha uma pontinha de consideração.
Depois que ele escreveu suas exigências no papel, devolveu a folha para mim. A letra dele era impecável como se tivesse sido escrita por uma máquina. Eunwoo deve ter feito no mínimo uns sete anos caligrafia. Até mesmo as frases estavam completamente alinhadas mesmo que a folha não tivesse linhas para marcar o espaço.
Aquilo me deixou tão envergonhada. Minha letra nem de perto era tão bonita quanto a dele. Eu escrevia rápido e não ligava se alguém entendia ou não já que eu era a única que devia entender alguma coisa. Agora que mais alguém veria, eu estava realmente na dúvida se deveria escrever alguma coisa na folha para depois ser esnobada por causa da minha letra.
Nas poucas palavras escritas, Eunwoo escreveu que devo ficar de boca fechada sobre morar com ele, coisa que eu já planejava deste o começo. Não tinha nenhuma intenção de dizer que vivia com uma pessoa dramática que nem ele.
Peguei a caneta de suas mãos e escrevi minha parte dizendo que ele deveria prometer me deixar em paz. Coloquei também que ele não precisava falar comigo sobre nada em certas ocasiõesdesnecessárias. Dessa forma, ia parecer que nem vivíamos na mesma casa.
Entreguei a folha para ele ler também.
⎯ Quer dizer que não vamos nos falar também? ⎯ Ele perguntou.
Assenti na mesma hora. Aquila era a melhor forma para se viver sem nenhuma briga. Se não nós falássemos, não teríamos motivos para discutir também.
⎯ Você está de acordo com isso?
Ele me olhou como se tudo que eu tivesse falado fosse uma besteira sem fim, mas logo voltou seu olhar para o papel e assinou seu nome.
Quando estava tudo pronto, levantei de onde estava e me direcionei para voltar ao quarto, o lugar na qual eu já deveria está desde que cheguei da escola.
⎯ Quando vamos começar? ⎯ Perguntou ele, atrapalhando meus passos.
⎯ Agora mesmo.
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JUVENTUDE
RomanceYe-jin acha que tem todo o seu futuro em mente, mas por uma reviravolta do destino, ela acaba aceitando ser adotada por uma família de prestígio até a idade universitária. Tornando toda essa experiência ainda mais desagradável, Ye-Jin é mal recebida...