15°

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Sábado, 08:10...

Mariana!

Lavei meu cabelo com calma, respirando fundo pra não pirar com tudo isso que vem acontecendo.

Quando terminei o banho, enrolei uma toalha no meu corpo e uma no meu cabelo, voltando pro quarto.
Peguei um shortinho jeans claro e um cropped regata preto. Me vesti, calçando minha havaianas branca e depois fiz uma maquiagem leve, pra disfarçar a cara de quem chorou a madrugada toda. Arrumei meu cabelo também, passando o creme que eu mais gosto.

Passei meu hidratante preferido, espirrei um pouco de perfume no meu corpo, peguei meu celular, meu cartão e saí do quarto, descendo as escadas.

- Aí, cadê tua filha?- Luiz perguntou, assim que eu desci as escadas.

Ele estava jogado no sofá da sala, só de bermuda.

Pensa que mora aqui em casa, ele.

- Na praia com o Vinícius- falei.

- Ah, achei que tinha ido no mercado ou algo do tipo! Vou partir pra minha goma então- levantou.

- Não, fica aí. Eu vou na padaria rapidinho comprar pão pra gente tomar café, depois de comer, você vai- ele me olhou, confirmando com a cabeça.

- Sogrinha boa- sorriu.

- Sou uma ótima sogra, fala tu- mandei beijo, saindo de casa- bom dia!- falei com o Kaká.

- Bom dia, dona- coçou a nuca, desviando o olhar.

- Que foi, menino? Parece que viu bixo- franzi a testa.

- Po, deixa isso quieto. Quero te estressar antes do tempo, não- balançou a cabeça, me deixando sem entender- se liga, deixaram tua bolsa aqui na madrugada- pegou de cima da cadeira, me estendendo.

Sorri, pegando.

- Quem deixou aí?- o olhei, antes de abrir pra ver se faltava alguma coisa.

Ele riu.

- Não vi, caí no cochilo e quando abri o olho, tava no meu colo- dei risada, negando com a cabeça.

Assim que abri a bolsa, vi um papel enorme dentro dela. O puxei, abrindo.

"Eu voltando"

Suspirei, olhando a frase escrita na folha. A letra era igualzinha a do meu Carlos, oq me intrigava.

Entrei em casa, jogando o papel no lixo e guardando a bolsa, antes de sair novamente.

Mesmo estando cedo, o sol já brilhava, fazendo minha pele arder levemente.

Cheguei rapidamente na padaria, pedindo os pães, queijo, presunto e um bolo formigueiro que o Luiz adora. Já com tudo em mãos, fui cortando por entre os becos e vielas, pra chegar logo em casa.

Quando estava quase na rua de casa, saindo de uma viela, eu o vi.

Cocei meus olhos, achando ter visto errado. Mas, não! Ele realmente estava alí, do outro lado da rua, conversando com uma senhora. Ele ria, o sorriso que eu sentia tanta saudade!

Eu só posso estar ficando louca!

Com o nervosismo, minhas mãos ficaram trêmulas e eu acabei derrubando minhas sacolas, atraindo a atenção daquele homem e da moradora.

Me doeu tanto, tanto, olhar aquele homem com o rosto do meu marido, e saber que não era o meu Carlos e que eu estava alucinando.

Quando ele deu um passo na minha direção, eu saí correndo rua a cima, largando as sacolas pra trás.

Quando o Kaká viu eu me aproximar correndo, me olhou assustado.

Ignorei, entrando rapidamente em casa e fechando a porta com força.

- Oq houve, mãe?- Priscila descia as escadas de pijama e cara amassada.

- Colfoi, sogra? Cadê o pão?- Novinho me olhou, desconfiado com a minha expressão.

- Me abracem, por favor- pedi, chorando.

- Oq houve?- Priscila franziu a testa, se aproximando.

Eles me abraçaram, ainda sem entender.

...

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