Segunda, 20:48...
L7!
- Oi papai- veio correndo e agarrou minhas pernas, na hora que eu tava saindo pra ir no mercado.
- Eae, pivete!- peguei ele no colo, tirando a pequena mochila das suas costas e jogando no sofá- tá pesado, em- ri e coloquei ele no chão de novo, após ouvir o estralo que minhas costas deu.
- Cadê teu tio?- olhei pra porta, não o vendo.
- Já foi embora- Priscila sorriu, entrando pela porta.
Encarei ela, arqueando uma sobrancelha.
- Brotou do chão?- balancei a cabeça, me aproximando e dando um selinho nela.
- Aí, tá vencido já em- fez cara de nojo e tapou o nariz, me empurrando- eu vim pq o Luiz falou que você me chamou pra jantar- arqueou a sobrancelha- e eu preciso que você me leve de volta cedo, em? Amanhã de manhã eu tenho compromisso, preciso dormir cedo.
Observei ela se jogar no meu sofá com o Caio e ignorei oq ela falou.
É claro que eu não levaria ela embora hoje.
Não pedi pra trazer mas já que veio, vai dormir coladinha em mim.
- A catinga tá forte mesmo, pai- Caio balançou a cabeça, deitando no colo da Priscila.
Mandei dedo pros dois, indo na direção do banheiro.
Quando liguei o chuveiro e entrei de baixo dele, que me dei conta que não tinha sabonete e nem toalha.
- Caio- gritei.
- Vê lá oq ele quer, tia! Eu tô vendo desenho- Caio resmungou.
- Mas o seu pai é muito chato, né?- ouvi ela resmungar enquanto se aproximava do banheiro- fala, L7!- gritou do corredor.
- Vê se na mala que tá no quarto, tem sabonete, toalha, essas coisas! Se tiver, trás pra mim- pedi.
Ela murmurou umas palavras que eu não entendi, mas não demorou muitos minutos até a porta do banheiro ser aberta.
- Ó, tá tudo aqui- entrou olhando pro chão e colocou as coisas no canto do banheiro.
- Se junta aqui comigo- tentei puxar ela, que se afastou.
- Sai, o Caio tá em casa- me deu língua, saindo do banheiro.
Dei risada e peguei os bagulho que ela trouxe.
Tomei uma ducha rapidinho e já vesti a cueca e a bermuda que ela trouxe também, escovando meus dentes antes de sair do banheiro.
- Oq a gente vai comer, pai?- Caio me olhou, enquanto eu saía do banheiro jogando a camisa no ombro.
- O Luiz disse que você me convidou pra jantar, mas nem um pacote de arroz tem nessa casa- Priscila me olhou desconfiada.
- Bora alí comer uma parada- dei risada, puxando eles do sofá.
- Pensei que você ia me fazer uma comidinha caseira- Priscila fez bico, ajeitando o chinelo no pé antes de sair.
- Já viu ladrão cozinhar, Priscila? Se liga- ri.
- Oq a gente vai comer?- Caio me estendeu a mão, a qual logo segurei.
- Oq você quer comer?- Priscila sorriu, pegando na mão que ele estendeu pra ela.
- Pastel?- ele pulou, animado.
- E um sorvete depois, pode ser?- ela balançou o braço.
- Pode!- ele sorriu.
- Tem um bar alí pra baixo, bora passar por lá pra ver se tem essas parada- fui descendo a rua com eles.
Nois andava igual família feliz, tá ligado? Lado a lado, com o Caio no meio de mãos dadas com nós dois.
Já cheguei na quebrada pagando de casado... espero que isso não me custe caro pra caralho lá na frente.
- Um dia aqui e já conheceu até bar, é?- Priscila zombou.
- Conheço essa comunidade como a palma da minha mão, Priscilinha- ri- estudei muito essa favela, já tive muito informante aqui e subi muitas vezes pra cá, arrastando invasão quando eu comandava lá a quebrada do teu pai- dei de ombros.
- Entendi- sorriu fraco, sentando na mesa do bar- pede bastante coisa, hoje é na conta do chefe- sussurrou no ouvido do Caio como se fosse um segredo.
Ele riu, sentando ao lado dela enquanto eu revirava os meus olhos e sentava de frente pra eles.
Esses dois juntos vão me dar um trabalho da porra!
- Tem pastel?- Caio sorriu pra atendente, que parou na nossa frente.
- Fica falando esses bagulho de chefe por aí não, viu, fofoqueira?- olhei pra ela, assim que a garçonete saiu de perto já com o nosso pedido.
- Ué, é segredo?- me olhou confusa.
- Eles sabem que a favela agora é aliada do Alemão e que alguém de lá vai vim aí assumir a gerência, só não sabem que é eu e o Novinho!- dei de ombros.
- Vocês são lesados, é? Pq já não falaram?- uniu as sobrancelhas.
- A gente chegou hoje, tava rondando a área primeiro antes de botar logo as cara! Falamo lá na boca que nois só veio pra dar uma averiguada nos armamento e marcamo a reunião na boca pra amanhã cedinho- expliquei olhando pra quem passava na rua.
- Pq tá todo mundo olhando pra gente?- Caio perguntou.
Realmente, todo mundo passava encarando a gente.
Provavelmente por curiosidade, já que nunca tinham nos visto alí.
- Eu sou bonitona, aí chamo muita atenção- Priscila jogou os cabelos, se gabando.
- Ficaria ainda mais bonita se colocasse uma roupa de verdade ao invés desses pedaço de pano- desci o olhar pro shortinho jeans que ela usava.
Mal cobria o priquito.
- Vou costurar sua língua nelas, aí vai ficar tudo bem longo- me deu dedo.
- Criançona- me estiquei, dando um tapa na cabeça dela.
Ela emburrou a cara e cruzou os braços, oq me fez rir pegando a cerveja que a garçonete colocou na mesa.
...