Duas semanas depois, quarta-feira, 14:09...
L7!
Olhei pro céu azul e suspirei, jogando a fumaça pro alto.
- Aí, Cabeça tá lá na casa das prima- Novinho estalou a língua e negou com a cabeça, estacionando na minha frente.
- Tá me gastando? Aquele porra tá traindo minha sogra?- abri maior olhão.
- Nossa sogra!- me corrigiu.
Joguei o resto do cigarro de maconha no chão e me levantei do meio fio, já montando na garupa do Novinho
- Mete marcha pra lá, vai, imbica!- cutuquei ele.
Ele riu, acelerando.
Assim que ele estacionou de frente o puteiro eu desci da moto, ajeitando meu boné na cabeça antes de adentrar aquela casa.
- Cadê o Cabeça?- Novinho puxou uma das meninas pelo braço.
Suspirei, fingindo não ver ela vestida só com uma calcinha transparente.
- Pra que a pressa? Vamos aproveitar um pouco- ela riu- meninas, tratamento de rei pros nossos chefinhos- piscou pra mim.
- Afasta, sou casado- mostrei a aliança pras meninas que se aproximavam da gente.
- Desencosta, porra- Novinho meteu o tapa na cara da mina que apertou o pau dele.
Não aguentei, dando uma leve risada.
- Cadê o meu sogro- perguntei rígido, atraindo a atenção das meninas- bora porra, desembucha- grunhi.
- Tá lá em cima- uma das meninas revirou os olhos, se afastando com as amigas.
Subi abrindo porta por porta no chute.
- Maluco, cadê tua mulher? Vou contar pra Neguinha- Novinho negou com a cabeça pra um cara que transava em um dos quartos.
Ignorei, chutando mais uma porta e o Cabeça tava lá, sentado em uma mesinha no canto do quarto junto com o meu pai.
- Tão dividindo mulher agora? Se liga velharada, vocês são casados- Novinho passou por mim, adentrando o quarto.
- Oq vocês tá fazendo aq? Minhas filhas sabem?- Cabeça arqueou uma sobrancelha, parecendo despreocupado.
- Eu vou contar, assim que eu falar pra Mariana que encontrei contigo aqui- dei um sorriso debochado.
- Estamos resolvendo negócios- Buiu deu de ombros.
- Trocação de goza virou "negócios"?- Novinho cruzou os braços.
- Na verdade, sempre foi- a Polyana, dona da casa, saiu de uma portinha com alguns papéis na mão, logo jogando na mesa que eles estavam sentados.
- Quando a gente pode buscar?- Cabeça cruzou os braços.
- Elas estarão prontas hoje a noite- ela sorriu, se sentando na cama- e vocês, meninos? Estão interessados em algumas das minhas meninas? Ainda tenho algumas a venda- olhou pra mim e pro Novinho.
- Valeu aí, fé pra ti- Novinho deu as costas, saindo do quarto.
Segui ele e os velhos vieram logo atrás.
- Colfoi, pai? Voltou a fazer tráfico de mulher? Minha mãe já não tinha falado pro senhor parar com isso?- estalei a língua pro meu pai, assim que nós quatro saímos da casa.
- E é por isso que ela não vai saber, Lucas- murmurou.
- As menores de idade já estão com documentação falsa, dessa vez não vai dar merda- Cabeça se meteu.
Respirei fundo, dando as costas pra eles e indo embora.
...