Madrugada de quarta pra quinta, 01:23...
Priscila!
- Ox- ri, me afastando- vou atrás da mamãe- tentei entrar na quadra, mas meu tio me puxou.
- Se liga, preciso de um favor teu- me olhou de rabo de olho.
Arqueei uma sobrancelha, o encarando.
- Colfoi, Buiu?- meu pai cruzou os braços.
- Papo meu e dela! Te mete, não- sorriu divertido- bora alí na biqueira, Priscila- o olhei, desconfiada.
- Pq?- coloquei as mãos na cintura, sem entender.
- Pra nós conversar no meu escritório, quero privacidade- nos deu as costas, subindo em uma moto que estava próxima a nós- vem!
- Cuidado, qualquer coisa tu me liga- meu pai beijou minha cabeça- não confia nele!- brincou.
- Eu limpei a bunda dessa menina, vi de camarote ela comer catarro desde menor. Acompanhei toda a vida dela! Me respeita, rapá- fez o ofendido.
Ele me deu a mão, me ajudando a subir na moto antes de arrancar com ela morro a cima.
Fiz uma careta ao sentir o cheiro forte de maconha, após o tio Buiu estacionar na frente da boca.
- Dá teu papo, eu tô com pressa- ironizei, me sentando na cadeira do escritório dele.
- Tá ligada que meu filho era casado, né? Só que, a mulher meteu a gaia no meu filhote! Aí ele tá malzao já de mó cota, não tá conseguindo tomar conta do meu neto- torceu o nariz- eu não tenho tempo, o L7 não tem paciência e a minha mulher tá ocupadona com as parada da faculdade!
- Vai me pagar quanto?- abri um sorriso divertido, entendendo oq ele queria.
- Te dou dois conto por semana, fechô? Aí tu fica com ele na tua casa de segunda a sexta, leva pra escola e pá!
- Tudo bem, tio- assenti- eu não deveria aceitar o dinheiro, mas vou aceitar pq sei que o senhor tem de sobra- sorri irônica.
Ele riu, balançando a cabeça e abrindo uma gaveta, puxando um bolinho de notas e jogando no meu peito.
- Teu adiantamento, pq hoje eu tô bonzinho- acendeu um cigarro de maconha- eu deixo ele na tua casa amanhã!
Sorri vitoriosa, colocando o dinheiro dentro do meu sutiã.
- O teu filho é meio doido, né? Ele não vai achar ruim?- desconfiei.
- Ele nem cuida do moleque, então não tem que achar nada!- deu de ombros, saindo da sala.
O segui, olhando com nojo pra uma menina que se esfregava em um dos caras da lojinha.
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