Dois meses depois, domingo, 17:32...
Priscila!
*Status da Priscila*
Dominguinho!
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....- Espera, Caio- guardei o celular no bolso, agarrando a mão dele.
- Titia, sorvete- apontou pra sorveteria do morro, enquanto nós subiamos a favela.
- Seu vô já deve tá doido atrás de você- olhei em volta, ajeitando minha bolsa no ombro.
- Sorvete, titia- insistiu, puxando a barra do meu short.
- A gente não pode demorar- avisei, seguindo ele pra sorveteria.
Fizemos o pedido e nos sentamos em uma das mesinhas, comendo enquanto observavamos o movimento do morro.
Favela tava bem agitada, já que estava tendo pagofunk na casa do meu pai.
- Oi, meninos!- dona Isabella, mulher do tio Buiu, entrou animada na sorveteria e veio caminhando na nossa direção.
- Oi, tia!- sorri.
- Vovó- o Caio pulou nela, assim que a viu se aproximar.
Observei ela se sentar ao meu lado, com o Caio no colo e sorri, notando que ela parecia feliz apesar dos buchichos que estão rolando no morro, sobre ela.
- Não sabia que a sua sorveteria andava tão má frequentada, Cláudia- uma senhora olhou com nojo pra tia Isabella, se aproximando da moça que estava atrás do balcão.
- Não me mete nos teus b.o não, dona- a mulher negou com a cabeça, fazendo cara feia.
- Piranha infiel tinha que ficar só trancada em casa, levando uma coça por dia- sorriu com ironia.
- Quem é infiel, moça?- a atendente perguntou sem entender.
- Aquela alí, ó- apontou na cara dura pra Isabella- meteu foi o chifre no coitado do Buiu, e ele continuou com ela! Deve ter aquela frescura que os jovens de hoje em dia falam, sabe? Dependência amorosa, emocional, namoral...alguma coisa assim, minha filha!
A tia Isabella suspirou, negando com a cabeça.
- Foi contigo que o Léo Dias aprendeu a ser fofoqueiro daquele jeito, né não, dona Ana? Pq a senhora não vai dar essa sua buceta velha, ao invés de tomar conta da vida dos outros? E outra, para de falar oq a senhora não sabe, fechô? Pq a Isabella tem como provar que não fez oq a senhora está dizendo! Agora, me surpreende muito você, dona Ana, uma senhora de idade avançada, que só largou a prostituição já beirando a terceira idade, que apanhava do seu falecido marido até teu coro cair, quando ele descobria os chifres que a senhora dava nele, vir aqui querendo ofender a Isabella, e usando traição como argumento! Quanta hipocrisia- neguei com a cabeça.
Ela ficou pianinha, saindo da sorveteria de cabeça baixa.
- Já tô cansada das pessoas espalhando isso, sendo que não é verdade- suspirou, enxugando uma lágrima- eu jamais trairia meu marido, Priscila.
- Não chora, vovó- o Caio, mesmo sem entender a confusão e o motivo do choro da Isabella, abraçou o pescoço da avó e afagou seus cabelos.
...