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Madrugada de sexta pra sábado, 03:13...

L7!

- Quem é aquele maluco?- Novinho me cutucou.

- Que maluco?- joguei o esqueiro na mesa, me aproximando novamente da grade.

Olhei lá pra baixo e vi a Priscila conversar com um dos vapor, encostada em uma barraquinha de bebida.

- Ele é gatinho, né? Fui eu quem agitei- Fernanda sorriu, se aproximando de nós.

Encarei ela.

- Porra, Fernanda!- Novinho negou com a cabeça.

- Aí, chega aqui- acenei pra um pivetinho que tava alí no camarote, e ele logo se aproximou- vai alí naquele mano e fala que eu mandei ele descer pra fazer horário lá na boca da 17 até a hora do almoço- apontei pra Priscila.

- Qual mano, chefe?- olhou pra baixo da grade, forçando a vista.

- Aquele branquinho alí de papo com a mina de preto, na barraca perto dos banheiro- apontei.

- Te dou 50 reais pra não ir lá- Fernanda entrou na frente do moleque.

- Eu dou 100 pra tu ir- Luiz balançou a carteira.

- 200 e você não vai!- Fernanda bateu o pé.

- Eu dobro pra 500, encosta lá- joguei as notas na mão do menino.

- Quem manda é o chefinho, gata- ele piscou e mandou beijo pra Fernanda, já descendo as escadas do camarote.


O moleque devia ter uns 10/11 anos.

- Você é um empata foda- Fernanda bufou, cruzando os braços.

- Eu tô empatando a dele e adiantando a minha- dei de ombros, acompanhando o pivete com o olhar.

- Fez bem- Novinho balançou a cabeça, olhando lá pra baixo também.

O pirralho encostou neles e trocou algumas palavras, não demorou pra Priscila me encarar e fechar a cara. Sorri debochado e mandei um tchauzinho pra ela.

- De qualquer forma, ela já tá quase namorando um menino lá do asfalto- Fernanda bebericou a bebida rosa que tava no copo dela.

- Quando isso?- encarei ela.

- Já tem um tempo que eles estão saindo, mas ficou sério de uns 10 dias pra cá, eu acho- deu de ombros.

- Que história é essa, Fernanda? Pq tu deixou ela pegar um cara que não era o L7?- Novinho cruzou os braços.

- Ele é uma boa pessoa e quer relacionamento sério, diferente do seu amiguinho aí- apontou pra mim com a cabeça, sentando no sofá velho.

- Isso memo Fernanda, tá certinha vocês duas- balancei a cabeça, ajeitando meu fuzil nas costas- tô me saindo, fé aí- acenei, já descendo as escadas.

Trombei a Priscila na saída do camarote mas fingi que nem vi, desci direto.

- Amor, posso ir embora com você?- a loirinha lá se aproximou enquanto eu subia na minha moto.

- Sobe aí- balancei a cabeça.

Ela abriu um sorrisão, subindo na garupa.

Dei partida pro meu barraco da rua 28, o mesmo que eu dormi no dia que cheguei na favela.
...

Na favela!Onde histórias criam vida. Descubra agora