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Domingo, 20:20...

Priscila!

- O Kaká vai matar eles- dei risada, observando os meninos se cobrirem de lama na beira do mar.

- Ainda mais que o banco do carro dele, é de tecido branco- L7 riu comigo.

- Eu acho que já tá na nossa hora, né?- puxei o braço dele, olhando o relógio.

- Que nada, os pivete tão se divertindo ainda- deu de ombros, trazendo seu olhar pra mim.

- Eu já tô ficando com frio- fiz careta, observando ele virar a lata de cerveja.

- Vem cá, eu te esquento- um sorriso brincalhão apareceu no seu rosto.

Ele abraçou meus ombros, me puxando pra perto.

Sorri, encostando minha cabeça no ombro dele.

- Aí, tu tá ligada que semana que vem vai encostar um maluco famosão pra cantar lá na favela né? No baile de sábado- ele riu fraco- vai encostar gente pra caralho! Galera da boca tá fazendo um carregamento bolado, vamo faturar mó nota!

- Tô sabendo sim, o salão também tá com a agenda lotada essa semana- puxei sua mão, entrelaçando nossos dedos em cima da minha perna.

- Tu vai encostar?- ele perguntou, cheirando meu cabelo.

Dei uma risada baixa.

- Acho que não, tenho muita coisa pra fazer essa semana! Provavelmente vou estar exausta- dei de ombros- e você?

- Acho que não também, vou trabalhar- desviou o olhar.

- Pq você tá trabalhando tanto esses dias? Fiquei sabendo que você vendeu o seu carro e mais algumas coisas, oq aconteceu?- juntei as sobrancelhas, olhando seu rosto.

- Po, o Novinho não comentou não?- coçou a nuca.

- Não, ele só disse que você estava com alguns problemas- murmurei, puxando meu suco pelo canudo.

- A mãe do Caio apareceu na favela uns dias atrás, tava querendo pegar ele de volta- suspirou- pra ela não fazer isso, a ordinária pediu dinheiro- soltou um riso pelo nariz.

- Quanto?- não contive a curiosidade.

- Uma bolada!- resumiu- mas, dinheiro nenhum vale mais que meu filho- negou com a cabeça.

Segui seu olhar, observando os meninos brincarem dentro do mar.

- Pelo que já ouvi falar dela, ela não parece ser uma boa pessoa. Pq você ficou com ela?- o olhei, sem entender.

- Eu era novo, burro e tava apaixonado- balançou a cabeça- não me arrependo pq ela me deu o Caio, mas hoje em dia vejo o quão burro eu fui, em me envolver com ela!

- Eu entendo- estalei a língua.

- É foda!- murmurou, dando mais um gole na cerveja.

Sorri pra ele.

- Relaxa! Eu não vou te fazer sofrer, igual ela fez- brinquei.

Ele me olhou, dando um sorriso largo e beijou minha cabeça, voltando a olhar pra água.

- Atacante!- riu, balançando a cabeça.

- Aí, vamo cair por onde agora?- Vinicius se aproximou, bagunçando o próprio cabelo.

- Em casa, abusado- dei um chute na canela dele.

- Papai, a gente vai embora com o senhor ou com o tio Kaká?- Caio pegou a lata de refrigerante de cima da mesinha, dando um gole.

- Com o Kaká, eu tô de moto- L7 avisou.

- Priscila vai com nós, tu volta sozinho- Vinicius fechou a cara- quero minha irmã andando pra cima e pra baixo contigo não, L7!

Dei risada e abri minha boca pra responder, mas o L7 foi mais rápido.

- Tua irmã vai comigo, vou passar em outro canto com ela- se levantou, dando um tapa na cabeça do Vini- ó a carona de vocês lá na calçada já, mete o pé- empurrou os dois na direção do calçadão.

- Te quero em casa antes das dez, Priscila- Vinicius resmungou, indo na direção do Kaká com o Caio.

Dei risada, me levantando.

- Vou alí na água rapidão, firmeza? Eu voltando, nós já mete o pé- estalou a língua, jogando a própria camisa em cima de mim e se afastando.

Fiz careta, colocando minha saia antes de começar a recolher nossas coisas.
...

Na favela!Onde histórias criam vida. Descubra agora