Terça, 20:30...
Priscila!
- O menino já tá lá em baixo- Vinícius apareceu na porta do meu quarto, fazendo careta- ele é feio!
- A mãe já começou o discurso dela?- calcei meus chinelos, o seguindo pra fora do quarto.
- Já repetiu ele duas vezes- riu, descendo as escadas.
- Você sempre costuma se atrasar pros seus compromissos?- minha mãe perguntou, serrando os olhos.
- Não, não. É que hoje eu tava ocupado com umas parada- sorriu sem mostrar os dentes.
- Imagino, deve ser muito ocupada essa sua vida de traficante- olhou com desdém pra cara do menino.
- Ô mãe!- a repreendi.
- Tá suave- ele me olhou, sorrindo de lado- eu faço isso pela necessidade, dona- olhou pra minha mãe, coçando a cabeça.
Ele claramente estava sem graça.
- Não tenho dúvidas disso- balançou a cabeça, com um sorriso irônico no rosto.
- Vem aqui conhecer ele, irmã- Fernanda sorriu, mudando de assunto.
Me aproximei, dando um leve sorriso.
- Prazer, sou a Priscila!- estendi a mão pra ele.
Ele deu um sorriso de lado, encarou minha mão por alguns segundos e logo a apertou.
- Prazer, cunhadinha! Sou o Novinho- sorriu.
- Seu nome é Novinho?- Vinícius riu.
- Não é nome, filho. É vulgo, uma coisa que os traficantes usam!- minha mãe deu um sorriso debochado- nome dele é Luiz!
- Vamos comer, né?- Fernanda levantou do sofá, puxando o menino junto com ela.
- Opa, com certeza- minha mãe levantou do sofá, indo na direção da cozinha.
Todos colocamos nossas comidas, nos sentando a mesa pra comer.
- Essa lasanha tá boa, em, mãe- Vinícius falou de boca cheia.
- Tá mesmo, dona Mariana! A senhora manda muito na cozinha- Novinho confirmou, dando um gole no refrigerante.
Minha mãe virou a cara, se segurando pra não sorrir. Elogiar a comida da minha mãe, é o ponto fraco dela! Se derrete todinha.
- O Luiz tem uns amigos mó gatinhos, Priscila. Você podia tentar conhecer alguns, né...pra parar de ser encalhada- Fernanda me olhou, sorrindo.
- Eu não sou encalhada- fiz a ofendida.
- É sim! Até eu namoro e você não, irmã- Vinícius me olhou- e eu só tenho 6 anos!
A Fernanda e o Luiz caíram na risada, minha mãe riu igual.
- Pô, acho que meu primo ia te curtir mermo- Luiz me olhou, esfregando as mãos.
- Que primo? O que tá no comando? Aquele que fica subindo e descendo o morro com fuzil atravessado nas costas?- minha mãe juntou as sobrancelhas- nem pensar!
...
Luiz, 29 anos. (Novinho)