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Sábado, 9:20...

Mariana!

- Eu vi ele de novo, eu vi o Carlos- chorei- ele tava alí, na minha frente- apertei eles no abraço- eu tô ficando louca, eu tô enlouquecendo!- neguei com a cabeça, chorando.

- Calma, Mariana- Novinho murmurou, acariciando meus cabelos molhados

Nós ficamos alí, abraçados no meio da sala por alguns minutos, até a porta ser aberta bruscamente.

- Que porra é essa aqui?- ouvi aquela voz grossa, oq me fez dar um pulo com tudo e me soltar dos meninos, gritando.

- AAAHHHHHHHHH!!! Sai daqui, sai!- joguei tudo que estava em cima da mesinha de centro, nele- meu Deus, pq o senhor tá fazendo isso comigo?- eu chorava, arremessando as coisas contra o homem que estava a minha frente- para, Jesus! Para! Tira ele da minha cabeça- eu caí de joelhos no chão, ainda chorando.

Já tô ficando desidratada de tanto chorar.

- P-pai?- a voz a Priscila vacilou.

- Pq tu tava agarrado na minha mulher? E a camisa, cadê? Tem não, porra?- olhou bravo pro Novinho.

- Sai daqui, por favor- eu implorei, apoiando minha cabeça nas mãos- tira ele da minha mente, Deus- sussurrei.

- Mãe, mãe- Priscila me cutucou, desesperada- ele tá aqui mesmo!

- Amor, calma- ele abaixou, ajoelhando ao meu lado- eu tô aqui!- sorriu, me abraçando.

Alí, nos braços do homem que eu amava, eu desabei. O apertei forte contra mim, só assim eu pude acreditar que ele realmente estava comigo.

- Que porra tá acontecendo aqui? O morto ressuscitou?- Novinho sentou no sofá, com a mão apoiada na cabeça.

- Pai!- a Priscila abaixou ao nosso lado, nos abraçando.

- Eu senti tanta saudade de você- eu sussurrei.

- Eu tô aqui, eu voltei- ele acariciou meu cabelo.

- Onde você tava? Pq sumiu por tanto tempo? Filho da puta- empurrei ele pra longe de mim e Priscila, dando tapas no seu peito.

- Eu tava preso, caralho- reclamou, segurando meus punhos.

- E o corpo? Eu vi você morto, eu vi- falei, sem entender.

- Eles pegaram um mano lá, x9. Fizeram todas as minhas tatuagens nesse cara e meteram tiro nele, pra fingir que era eu. Fiquei preso lá no cu do mundo, fugi na quinta e cheguei aqui na favela ontem a noite- ele explicou.

- E pq não veio aqui ontem a noite, Carlos?- resmunguei.

- Eu tava vindo, pô. Mas, te vi indo pro baile com um comédia lá, aí fui palmear pra ver qual que era a fita antes de botar as cara de vez- arqueou uma sobrancelha- quem era ele? Gostei de ver dançando toda agarradona nele, não! Tá cheia de gracinha, colfoi? Perdeu o respeito?

Revirei os olhos pro ciúmes dele.

- É o Miguel que trabalha no salão com a gente. Ele é gay, pai!- Priscila explicou.

- Hum, e esse comédia aí?- apontou com a cabeça pro Luiz.

...

Na favela!Onde histórias criam vida. Descubra agora