Domingo, 18:00...
Priscila
- Vem, Caio. Bora pra casa- L7 entrou na sorveteria assim que a tia Isabella saiu, puxando o braço do filho.
- Calma, papai- fez careta, após ter o braço puxado.
- Você tá machucando ele- olhei abismada pra mão dele, que apertava o Caio.
- Quer me ensinar como criar meu filho, porra? Não te mete- falou ríspido, puxando novamente o Caio.
- Ele é uma criança e não fez nada, você não pode chegar do nada agredindo ele desse jeito, seu doente- grunhi.
- Tu se acha, né não? Só pq é filhinha do dono, se liga porra! O filho é meu e eu faço oq eu quiser com ele, tu não é porra nenhuma do meu moleque!- rangeu os dentes.
- Seu pai deixou ele comigo, sob meus cuidados, então eu tenho o direito de te falar pra não encostar nele!- peguei o Caio no colo, dando as costas pro L7 e saindo da sorveteria.
Assim que saí, avistei o tio Buiu saindo de uma pequena casa do outro lado da rua, ajeitando o boné na cabeça.
- Eae, meus pirralhos- abriu um sorriso maroto assim que nos viu, atravessando a rua.
- Vovô!- pulou pro colo dele, o abraçando.
- Que porra é essa aqui, Priscila?- segurou o braço do neto, encarando o vermelhão que estava perto do pulso.
Abri a boca pra responder, mas o Caio foi mais rápido.
- Foi o papai, não a titia Pri- fez careta, escondendo o braço.
- Oq tu fez, menor?- falou alto encarando algo por cima dos meus ombros.
Não precisei girar meus calcanhares pra saber que o L7 tinha saído da sorveteria e vinha na nossa direção, pois eu sentia seu olhar queimar minha nuca e conseguia escutar seus passos firmes.
- Nada- deu de ombros, parando ao nosso lado com o olhar mais cínico do mundo.
- Isso aqui é nada pra tu, Lucas?- apontou pro braço do Caio, o colocando no chão- se liga, caralho! Que homem é tu que agride teus filhos? Foi esse o exemplo que eu te dei? Eu te batia quando tu era menor, Lucas? Pra tu tá fazendo isso com o teu filho!- rosnou.
O Caio abraçou minhas pernas, com medo.
- Sim, me quebrava no pau- arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços.
Tio Buiu o encarou por alguns segundos, antes de virar a mão no rosto do filho.
- Batia mesmo e tô batendo de novo que é pra tu aprender a ser homem, Lucas! Agora passa pra biqueira, vai trabalhar dobrado hoje, só sai de lá amanhã no final do plantão- falou em um tom que me fez tremer junto com o Caio.
O L7 não esboçou reação alguma, ajeitando o boné na cabeça e montando na sua moto, logo subindo a favela.
...