Capitulo 04

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Consigo sentir sua respiração de tão perto que estamos um do outro, ele coloca uma de suas mãos no meu rosto e acaricia com o dedão, passando lentamente pelos meus lábios.

— Desculpa, atrapalhei você e o Pk? — ele sorri cínico. 
— Hum hum. — nem se quer uma palavra saia da minha boca naquele momento, então só murmuro com a boca e aceno negativamente de leve com a cabeça.

Ele se inclina fazendo com que os centímetros entre nossas bocas se tornem milímetros, sua mão que estava na minha cintura puxa meu corpo contra o seu.

— Xamã caralho. — me assusto e me afasto ao ouvir um grito vindo do corredor chegando na porta.

Noto que estava segurando a respiração de tão nervosa, e solto ela percebendo a presença do loiro na porta.

— Tá chapando, Orochi não tava me... — ele entra e percebe o clima e nem termina a frase.— Filha da puta... — ele ri e balança a cabeça negativamente.
— Licença, eu preciso ver aonde a Bela tá. — digo com o rosto corado e saio andando rápido.

Suspiro tentando fazer com que minha respiração volte ao normal.

—Amigaaaaaaa. — ela vem pulando na minha direção ao me ver na sala.
— Você sumiu maluca.— chamando a atenção dela.
— Tava beijando na boca né minha filha. — ela me abraça de lado e ri.
— Percebi. — digo relembrando da cena que vi há uns 15 minutos atrás.
— Só homem bonito nesse lugar, ave, mas tô sentindo falta das mulheres viu? Ninguém me deu bola. — ela faz biquinho.
— Aí Bela, só você viu. — eu começo a rir.
— Nossa Cathe acho que vou vomitar. — ela muda a expressão rapidamente e apoia no meu ombro.
— Vamos pegar água, segura esse vômito!. — digo rindo.
—Catherine. — escuto a voz rouca do moreno atrás de mim.
— Oi.
— Não tá afim de ir pra um lugar mais calmo?. — ele passa uma de suas mãos por trás da sua própria nuca.
— Eu preciso ir embora, a Bela tá passando mal e já tá bem tarde. — digo olhando para o relógio no meu pulso.
— Não é melhor deitar ela ali e esperar pelo menos uma horinha pra ela ficar de boa? Eu levo vocês em casa.
— Não precisa, tá tranquilo, a gente já vai mesmo!
— Certeza? E vocês vão como?.
— De uber. — respondo rápido.
— Que uber que tu acha que vai subir o morro?. — ele ri debochando.

Fico calada alguns segundos tentando pensar, ele tem razão.

— Eu levo vocês lá. — ele diz rindo percebendo meu mini desespero.
— Não, faz o seguinte, só desce o morro com a gente e a gente pega o uber lá. — penso rápido.
— Qual foi? Eu levo vocês em casa, não tem problema.
— Não, não precisa, é muito longe!
Ele sai e depois de uns 2 minutinhos ele volta rodando uma chave de um carro em seus dedos.

— De quem é esse carro?. — questiono ao lembrar que viemos de moto.
— De um brother. — ele diz caminhando em rumo a saída.

Deito Isabela no banco de trás e a mesma capota, fecho a porta e entro no banco da frente. Ele acelera e descemos o morro, não sei como um carro passa ali, as ruas são tão estreitas que parece que vamos entalar a qualquer momento.

— Seus olhos são surreais, você tem descendência indígena?. — ele quebra o silêncio.
— Obrigada, na verdade é oriental. — Sorrio sem graça. — Minha família de parte de pai é japonesa.
— Que foda, tu tá uma japa muito bronzeada, por isso pensei que pudesse ser indígena.
— Você tem os olhos puxados também, é indígena?
— Sim, descendente. — Ele diminui a velocidade ao sair da comunidade.
— Onde vocês moram?
— Na Delfim Moreira
— Leblon, agora tudo faz sentido.— ele debocha. — É a riquinha revoltada, que quer matar o veio do coração e sai pra um rolê na favela de madrugada.
— Nossaaa e você é o artista que se paga de "não vamos julgar ninguém"— imito a voz dele.— Mas na verdade rótula as pessoas pelo dinheiro que elas tem ou o lugar aonde elas moram.— reviro os olhos em rumo a janela do meu lado.
— Pessoas não são potes de maionese pra rotularmos elas tá ligado? Só tô dizendo que...— ele faz uma pausa, creio que tá tentando pensar em algo.— Foi mal eu realmente julguei, fui babaca.
— Tava querendo beijar minha boca faz nem meia hora, e agora porque eu moro no Leblon eu sou a mimadinba revoltada?.— dou de ombros e vejo ele ficar sem graça pela primeira vez na noite.
— Quem disse que queria te beijar?.— tenta dar a volta por cima.
— Não queria?. — olho de canto.
— Genteeeee. — Isabela grita do nada, se levantando.
— Caralho que susto.— Xamã dá uma leve freada no carro.
— Porra Isabela, quer me matar?.— olho pra ela e começo a rir.
— Minha casa, aliiiiiiii.— ela diz embolado.
— Eu sei onde você mora cara, não sei se você se lembra mas a gente se conhece faz uns 18 anos.— nego com a cabeça rindo.
— É aquele terceiro prédio ali.— aponto para Xamã.
— Muito obrigada lindinho, fala pro seu amigo que ele é um gostoso. — Isabela diz rindo pra o moreno que está encostando o carro na frente do prédio.
— Qual dos 5 que você pegou?. — ele ri.
— TODOS. — ela grita saindo do carro.
— Você pode me deixar aqui, eu vou deixar ela lá em cima e vou a pé pra casa.— digo abrindo a porta do carro.
— Tá maluca, sobe lá, eu te espero aqui.— ele desliga o carro.
— São só 3 ruas pra baixo, já são 6 da manhã, os velhinhos tão até caminhando já.— sorrio apontando com os olhos pro outro lado da rua.
— Eu te levo em casa, vai lá.
— Moço que horas exatamente são agora?.— Isabela pergunta pra um homem correndo com sua esposa pela calçada, que ignora ela e segue correndo.
— Já volto então. — saio do carro e puxo a loira pelo braço.

Entramos no prédio, subo com ela, deixando a mesma na cama, a casa estava vazia, pra variar a mãe dela não estava lá.

— Não precisava me esperar, eu sempre vou andando, é aqui pertinho.— digo entrando no carro.
— Faço questão. — ele sorri.

Ele da a partida no carro.

—Vou fazer um showzinho na praia hoje, não tá afim de ir?.— o moreno pergunta meio sem jeito.
— Eu tenho um compromisso extremamente chato, se eu faltar meu pai me deserda, mas não sei até que horas é lá.
— O show é lá no arpoador no final da tarde, se quiser posso te sequestrar no seu compromisso.— ele sorri encostando o carro no meu prédio.
— Espero ter saído até o final da tarde, como eu te encontro lá?.— pergunto pegando minha bolsa no chão.
— Me da teu celular. — pego na minha bolsa e entrego na mão dele.

Ele me devolve e olho no visor o contato salvo como
"Xamã❤️"

Desço do carro e apoio meus braços na janela.

— Obrigada pela carona, e pela noite!.— sorrio.
— Eu que agradeço, te espero mais tarde ein. — ele da uma piscadinha e eu desapoio do carro.

Subo alguns degraus e entro na portaria.

— Bom diaaaa. — dou um sorriso para o porteiro.
— Bom dia dona Catherine, juízo ein, seu pai tá em casa!— ele balança a cabeça negativamente.
—Pode ter certeza que eu sou a mais ajuizada daquela casa, ótimo dia sr.Mário.— digo entrando no elevador.

Era uma vez // Xamã Onde histórias criam vida. Descubra agora