Capitulo 05

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Chego em casa e me deparo com todos na mesa da sala, tomando café da manhã.

— Nanaaaa.— Lorenzo vem correndo na minha direção.
— Vai tomar um banho e se arrumar, rápido, não quero me atrasar. — meu pai diz sem nem olhar na minha cara.
— Tá precisando, você tá péssima.— Karina me olha de cima a baixo me reprovando.

Nada pior do que estar em casa e não se sentir em casa, só dou as costas e vou para o quarto.
Tomo um banho bem quente, troco de roupa, seco o cabelo e sento na penteadeira pra me maquiar.

— Dormindo na casa da Bebel é? Com essa blusa de macho? Acha que engana quem?. — Felipe entra no meu quarto.
— Essa blusa é minha idiota, eu uso de pijama, vai achar outro pra você encher o saco.— respondo sem nem olhar pra ele.
— O papai você pode até enganar com essa historinha, mas eu...—corto ele antes mesmo dele terminar.
— Até porque não preciso te enganar, não te devo nenhuma satisfação da minha vida.— digo levantando e fechando a porta na cara dele.

Depois de um tempo, saio do quarto pronta e vou rumo a cozinha beber um copo de água.

— Bom dia docinho, não quer comer uma coisinha? Fiz aquelas panquecas de banana que você gosta.— Diva diz enquanto limpa a mesa.
— Alguém se importa comigo nessa casa, te amo divinha, mas não precisa, eu não tô com fome.— dou um beijo na cabeça dela, vou em rumo a sala e me jogo no sofá.
— O motorista já está lá embaixo, levanta. — meu pai diz se aproximando.

Todos engomadinhos e prontos para um dia insuportável dando sorrisos amarelos.
Chegando lá, dou de cara com Rodrigo, que agarra meu braço e me leva para um canto com menos gente.

— Me faz esse vexame mais uma vez, que seu pai vai ficar ciente dos lugares que você anda frequentando.— ele diz baixinho, apertando meu braço pra chegar mais perto dele.
— Porra me deixa em paz, você que jogou a bebida na minha cara idiota.— digo soltando meu braço.
— Tão de namorico de novo?.— Felipe se aproxima.
— Tá doido pra ter esse cunhado de volta né?.— Rodrigo estende a mão e sorri para o meu irmão.
—Pelo menos ela ficava nas rédeas quando tava com você.—Felipe diz e os dois riem.
—É por isso que vocês são tão amigos, são dois escrotos sem noção. — digo e dou as costas para os dois.

Pego meu celular e começo a ligar desesperadamente para Isabela, mas ela não atende nenhuma das minhas 5 ligações, olho pro visor do celular que já marcam 12:00.

— Catherine, esse é o Carlos, lembra dele? Ele é o dono daquele hospital que te mostrei.— meu pai se aproxima com um velho.
—Ah, que legal.— sorrio sem graça.
— Ela já já tá terminando a faculdade de medicina, né filha? É uma das melhores alunas da faculdade.— ele me abraça.

É incrível como ele faz parecer que realmente me ama e tá super orgulhoso. Meu celular vibra e eu olho com esperança de ser a Bela, mas na verdade a notificação me faz sorrir boba.

Xamã❤️: Como tá aí no seu compromisso mega chato?
Xamã❤️: Te vejo hoje?

Pai, só um momento, preciso resolver uma coisa.— digo saindo da vista dele e procurando um lugar pra sentar.

Eu: Tá mega hiper super chato, não aguento maaaais 😮‍💨
Eu: Espero que sim, assim que eu sair daqui vou tentar dar um pulinho aí.
Xamã❤️: Tem certeza que não quer contratar meu serviço de sequestro? KKKKKKKKKK

Chego a pensar na possibilidade, balanço a cabeça negando meus próprios pensamentos.

—Catherine?.— escuto uma voz familiar me chamar.
—Sophia? Quanto tempo.— sorrio sem graça.
—Como você está? Seu pai me disse que está terminando medicina.— ela retribui o sorriso sem graça.

Nossa que surpresa, meu pai falando pra alguém que eu tô terminando a faculdade de medicina?

—Sim sim, e você? Estão no Rio a passagem? Como anda Brasilia?.
—Tá tudo na mesma por lá, e na verdade viemos pra ficar, por conta do trabalho do meu pai, você sabe bem.— a expressão no rosto dela é tão falsa, que ela está assim desde que começamos a conversar.
— Catheeee.— Bela vem na minha direção.—Sophia?.— o sorriso no rosto dela some em segundos.
—Isabela, vocês nunca desgrudam né? Até hoje estão nessa?.— Sophia desdenha.
— Sim sim, nunca desgrudamos, falando nisso vou precisar roubar ela um pouquinho, se você não se importa.— Bela responde já me puxando pro banheiro.

Assim que entramos, ela fecha a porta e encosta na mesma.

—O que diabos essa menina tá fazendo aq?.— ela arqueia a sobrancelha.
—Pelo que parece, vieram pra ficar.— reviro os olhos.
—Deus me livre, afasta toda negatividade.— brinca como se tivesse um incenso na mão.— Por que me ligou mil vezes mesmo?.— ela continua.
—Você não me respondia, não chegava aqui.— digo sentando na tampa do vaso.
—Eu não ia vir, por que eu viria?.
—Porque você sempre me acompanhou nesses eventos insuportáveis, e seu pai tá aqui.
—Que pai? Eu tenho um?.— olha para os lados como se de fato estivesse procurando.
—Seu nome estava na lista, então quer dizer que ele ainda tinha esperanças que você viesse.— franzo a testa.
—Eu acho que essa lista é automática desde que tínhamos uns 5 anos.
—Mais tarde temos compromisso.— digo levantando do vaso.
—Anem, quero só dormir hoje, é domingo, pelo amor de Deus, nunca tive uma ressaca tão horrível quanto hoje.—ela choraminga.—O que será que eu tomei tanto?.—continua resmungando.
—Bebida de uma qualidade questionável.— digo rindo.—Mas sério, vai rolar um showzinho no arpoador com o cantor gatinho de ontem.—sorrio.
—Vocês se pegaram?.—Bela pergunta empolgada.
—Não, maaas podemos resolver isso hoje.
—Quer que eu vá, pra segurar vela ainda?.— ela nega com a cabeça.
—Antigamente você era mais companheira.—faço biquinho.—Os amigos gatinhos dele vão estar lá também.—minto descaradamente porque não faço nem ideia de quem vai tá lá.
—Aí ficou bem mais interessante.—ela sorri maliciosa.

Saímos do banheiro e dou de cara com meu pai com mais um velho aleatório.

—Estava te procurando, esse é o Alceu, trabalha comigo agora, essa é a minha filha Catherine, aquele ali é o Felipe, o meu sucessor né, já trabalha comigo desde os 18, e tem o pequenininho que é aquele ali, o Lorenzo.—ele diz apontando para nós.
—E aquela ali é a primeira dama?.— O senhor aponta para uma loira de vestido vermelho.
—Sim, ela mesma.— meu pai responde orgulhoso.
—Ta mais pra terceira né.— sussurro baixinho.
—Senhor Enrico e senhor Alceu, que honra, como estão?.—Rodrigo diz se aproximando e eu reviro os olhos.
—Rodrigo Albuquerque, meu genrinho, como esta? Cadê seu pai?.—ele o abraça lateralmente.
—Hoje vim representar ele, ele está na Argentina resolvendo algumas questões.—ele diz ajeitando o terno.
—Ele não é mais seu genro, não sei se você lembra, mas a gente terminou já faz um tempo.—corrijo já sem paciência.
—A maior burrice que você já cometeu, um menino bom desses, de família, trabalhador...—interrompo o mesmo.
—Pai vou precisar sair um pouco mais cedo, acabei de lembrar que tenho que comprar uns materiais, a aula de amanhã é prática.—minto.
—Tudo bem, não prefere que alguém compre e entregue lá em casa?.
—Não, eu gosto de escolher direitinho.—sorrio.
—Ok, Sr.Alceu ela tá terminado medicina, aí você já viu né?.—ele ri e o velho retribui com uma gargalhada.

Dou as costas e procuro a Isabela que foi atrás de comida, acho ela, almoçamos, conversamos mais um pouco e algumas horas depois vamos em rumo ao estacionamento.

—Onde vocês vão?.— uma voz masculina surge do além.
—Pra casa do caralho Rodrigo, eu hein, pra que que você quer saber? Eu sei, a Cathe é um puta mulherão né? Mas já tá na hora de superar.— Isabela diz passando a mão impaciente no rosto.
—Vou comprar algumas coisas da faculdade, não escutou aquela hora? Sua vida deve tá muito sem graça né? Pra ficar me seguindo em todos os cantos ?.— digo apertando o botão do elevador.
— Isabela tu tá andando muito com a sua mãe, vai acabar ficando igual ela, sem uns parafusos.—ele debocha.
—NÃO FALA DA MINHA MÃE SEU MERDA.— Bela avança chegando a centímetros dele, apontando um dedo no meio do seu rosto.

Era uma vez // Xamã Onde histórias criam vida. Descubra agora