Era uma vez // Xamã

Capitulo 13

Levo um susto ao ouvir o despertador tocar e vejo ele levantando da cama.

—Ah nãooooo, qual foiii, deita só mais um pouquinho.—jogo meu braço em seu tronco que está levantando da cama.
—Eu tenho que trabalhar bebê.—ele me dá um selinho.
—Mas são...—digo tentando abrir os olhos para ver a hora.—seis horas da manhã ainda.—resmungo.
—Tenho que pegar um bus pra casa, pra me arrumar, pegar a moto e ir trabalhar, ate lá já deu umas 9:00.—ele veste a calça que está jogada no chão.
—Eu te levo em casa, eu tenho que ir pra faculdade já já, que horas você tem que estar em casa?.—tento convencer ele.
—7:30 no máximo.— ele olha pra mim.
—Então pronto, deita mais um cadinho comigo, que já já a gente vai.—puxo o corpo dele na minha direção.

Ele puxa a coberta e me abraça.

—Só você mesmo viu, mimada.—ele resmunga no meu ouvido.
—Prefere pegar um busão lotado ou ficar mais uma horinha deitadinho comigo?.—digo com os olhos fechados já.
—Nossa que pergunta difícil, deixa eu pensar.—ele ri e se acomoda de conchinha em mim.

6:40 o meu despertador toca, e me espreguiço tentando me despertar, dou um beijinho nele e me levanto.

—Vem tomar um banhozinho, aí quando chegar em casa é só trocar de roupa.— faço biquinho.
—Se eu entrar nesse banheiro contigo eu não saio nem tão cedo.—ele sorri safado.
—Acho que agora ficou ainda mais interessante.—sorrio de lado.

Entro no banheiro e tomo um banho rápido, saio enrolada na toalha em busca de uma roupa.

—Quem é esse?.—olho para trás e vejo ele olhar minha parede de fotos.
—Meu irmãozinho.—sorrio.
—Que fofo ele, quantos anos ele tem mesmo?.
—Vai fazer quatro esse mês.

Volto para o banheiro e visto minha roupa, pego minhas chaves e minha bolsa em cima da escrivaninha e caminho até a cozinha com ele.

—Senta, quer comer o que?.—eu deixo os pertences em cima da mesa e vou até a geladeira.
—O que você for comer.
—Humm vamos ver o que temos aqui

Preparo algo rápido, tomamos café e descemos para o estacionamento.

—Que horas o show hoje?.—pergunto parando em um sinal fechado.
—22:00.
—Onde vai ser?.
—No Catete, te passo a localização.
—Okayy, tô animada.—sorrio, aumentando o som.

Assim que chegamos na entrada da comunidade, um cara faz sinal pra parar o carro. Xamã tira a cabeça pela janela e dá um sinal.

—Que isso em moleque, esse papo de músico tá dando certo mermo ein.— ele só sorri e fecha o vidro.
—Pode me deixar aqui mesmo, é melhor.—ele diz indo abrir a porta.
—Claro que não, tá de boas, eu subo tranquila, você acha que não sobe? Vai pegar aqui embaixo?.—digo tirando o rosto pra fora da janela pra avaliar se tá pegando na parte de baixo do carro.
—Acho melhor, vira o carro que vou ficar te olhando.—ele diz descendo do carro.

Viro o carro e ele se aproxima da minha janela.

—Até mais tarde Cat.—ele me dá um selinho.
—Até, bom trabalho.—dou um tchauzinho.
—Boa aula.— ele se afasta e eu acelero o carro.

Fecho os vidros e ligo para a Bella no alto-falante do carro.

—Alô
—Fudeu
—O que? Catherine?
—Tô apaixonada
—Larga de ser idiota, quer me matar de susto porra, achei que tinha acontecido algo.—escuto está suspirar.
—É muito precipitado eu chamar ele pra dormir comigo de novo hoje?
—Sim? Achei precipitado ontem, imagina hoje DE NOVO.
—Eu não sei explicar, ele é tão intenso, não sei explicar, parece que aconteço ele faz anos, ele faz eu me sentir viva.
—Ehhhh dona Catherine, eu sei explicar, o nome é pika de mel, depois fala de mim, tu ainda vai se fuder nessa história.
—Vou né? Tá, vou parar!! Não vou chamar ele pra dormir comigo.
—Eu duvido, mas você que sabe, preciso desligar, tô atrasada pra faculdade, a casa tava uma zona quando acordei.
—Beijo, te amo.—desligo.

Estaciono o carro e vou em direção a faculdade.

—Xamã—

—Osh, qual foi? Ainda tá aqui?.—digo abrindo a porta e vendo major sentado no sofá.
—Claro, tava esperando você chegar, nunca assistiu o filme corra não? Nunca vá para a casa de uma garota branca e rica sozinho.—ele levanta e pega o capacete que estava do lado dele.
—Larga de ser idiota.—começo a rir sem parar.
—Vai nessa, pobre é pobre, rico é rico!.
—Mas ela é diferente.—digo suspirando e me jogando no sofá.
—Sai dessa Geizon.
—É sério, acho que tô apaixonado.—jogo a cabeça para trás.
—Apaixonado o que porra, tu não tem tempo pra isso não, vai meu filho, bora que tá atrasado já.— ele dá dois tapinhas nas minhas costas.

Respiro fundo, me levanto e vou em direção ao banheiro pra tomar um banho. Me arrumo e vou trabalhar.

—Catherine—

—Seu almoço chegou.—Bianca diz entrando na sala.
—Pediu o meu junto né? Tenho horário complementar hoje.—Laura se aproxima escutando.
—Nossa e quem que vai dar essa aula? Eu vou pra casa, só tenho que terminar isso aqui.—resmungo indo em direção a porta.

Abro a porta.

—Boa tarde, Yasmin?.—o entregador diz abrindo a mochila.

Viro o rosto rápido, tentando esconder.

—Cathe?.—ele pergunta confuso.
—Oi Geizon.—sorrio sem graça.
—Yasmin?.—ele ri.
—É minha amiga, pedi pelo ifood dela.—o sorriso sem graça permanece no meu rosto.
—Que coincidência louca, você não estudava na PUC?.— ele pergunta perdido.
—Simm, vim aqui na UFRJ ver uma palestra hoje.—vou fechando a porta devagarzinho.
—Yas eu tô de carro hoje, quer carona pra não ir de metrô? Só que a gente tem que ir agora, tenho consulta, eu já terminei lá os figurinos, amanhã eu faço as flores do cenário.—uma das minhas colegas abre a porta da sala, saindo dela.
—Que? Não obrigada.—respondo me fazendo de sonsa, querendo enfiar minha cara num buraco.
—Tá, beijooo até amanhã.—a mesma me abraça e eu não tenho nem coragem de olhar pra cara do mesmo que segue ali.