Desbloqueio e vejo umas mil mensagens do Xamã, penso em responder pra tentar acalmar ele, mas prefiro esperar amanhecer pra ela mesma responder.
—Ela convulsionou?.—ele pergunta depois de um silêncio longo.
—Não não, hoje ela não tava tão ruim, tava com muita febre e com os batimentos acelerados, ela deu umas alucinadas também, mas foi menos.
—Meu pai não pode nem sonhar, ele vai tentar internar ela de novo.—ele nega com a cabeça.
—Ninguém pode saber, fica de olho nas mídias pra ver se ninguém posta nada sobre ela.—levantando.
—É melhor ela dormir aqui, amanhã eu venho buscar ela assim que meu pai sair de casa.—ele levanta também.
Ele sobe até o meu quarto de novo, e senta do lado dela, da vários beijos na sua cabeça, e cobre o corpo dela com uma coberta.
—Obrigada bebel, por cuidar dela, sério eu não sei o que seria da vida dessa menina sem você.—ele vem em minha direção e me abraça.
A gente se despede e eu acompanho ele até a porta, volto pro quarto e deito ao lado da Cathe. Acordo de meia em meia hora, foi uma noite horrível e longa, provavelmente pela preocupação que eu tava.
—Bom dia minha bixinha.—digo vendo a Cathe despertar.
Ela só me olha e vejo os olhos dela encherem de lágrimas, ela espreme os lábios tentando evitar um choro.
—Parou, nãoooo, não vai chorar, eu sou tão feia assim?.—tenho brincar pra ela se distrair.
—Me desculpa.—ela diz desabando.
—Ei meu amor não tem o que se desculpar, vem cá vem.—digo puxando ela pro meu colo.
—Caralho que merda, sério eu sou de fato o ser humano desprezível que meu pai enxerga—ela engasga com o próprio choro.
—O que? Como assim? Você é a mulher mais linda, talentosa, e com o maior coração do mundo que eu conheço.—abraço ela com força.—Sabe quem tá doido atrás de você?
—Hum hum.—ela diz limpando as lágrimas.
—Xamã
—Que vergonha, cadê meu celular?.—ela diz levantando e se sentando.
—Tá aqui.—entrego pra ela.
A campainha toca e eu desço pra abrir, Felipe entra e caminha até o quarto.
—O que que você quer aqui?.— ela diz revirando os olhos.
—Você não lembra de nada de ontem né?.—ele debocha.
Vejo ela se constranger e ficar quieta.
—Cathe ele tá ajudando, as vezes a cabeça dele funciona bem.— eu brinco pra quebrar o clima.
—A cabeça dele não funciona já tem anos, ele virou um um mini Enrico.—ela volta a mexer no celular como se não se importasse.
—Como você sabe disso? Você nem me conhece mais, não fala comigo, eu me importo com você, até porque eu posso amar minha irmã e ao mesmo tempo amar o nosso pai.—ele senta do lado dela.
—Não, isso é claramente impossível, vendo que no olhar dele eu sou a pessoa mais desprezível do mundo.—ela segue mexendo no celular.
—Se você soubesse o tanto que eu te defendo pra ele, o quão eu te protejo quando você faz merda, você não tem noção.—ele se aproxima mais.
—Adianta de que se você fica do lado dele? Se você se envolve com as merdas dele?.—ela se afasta.
—Cathe isso são outros quinhentos, não tem nada a ver com a nossa relação, não vamos entrar nesse mérito.— ele levanta da cama.
Ele anda na minha direção, e apoia os braços na minha penteadeira.
—Ele viajou pra encontrar a Karina e o Lolo, quer ficar aqui na casa da bebel?
—Ele veio pro Rio só pra me esculachar?.—ela ri cinicamente.
—Quer? Ou quer ir pra casa?.—ele repete.
—Quero ficar aqui.
—Mais tarde eu venho te buscar então.—ele levanta.
—Não precisa, a Bela me deixa lá mais tarde.—pego no celular de novo.
Ele sai do quarto e eu abro o WhatsApp, com umas 20 mensagens do Xamã.
Me: Bom diaa
Me: Desculpa não ter ido, nem ter falado nada!
Me: B.O de família 🤯
Me: Não queria ter preocupado nenhum de vocês
Me: Meu celular descarregou
Bela entra no quarto com um café da manhã.
—Você precisa se alimentar.—ela deixa uma bandeja em cima da cama.
—Falei com ele, não queria mentir, é uma merda sério.—faço bico.
—É necessário, você sabe.— ela senta do meu lado.
Xamã ❤️: Pô me preocupou
Xamã❤️: Papo reto
Xamã❤️: Mas que bom que vc tá bem
Eu vejo as notificações e jogo a cabeça pra trás suspirando.
—Ele tá chateado, pelo chá de sumiço que eu dei.
—Você também estaria, você deixou ele esperando lá sem nem dar sinal de vida.—ela pega um morango.
—Que merda sério
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Era uma vez // Xamã
Fanfiction"Expulsa de casa porque não cumpria a regra Viu a Lua te falar Que o amor bem dado não se nega Era melô do camelô em Copacabana Que namorava uma bandida de Ipanema"
