Clara

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Clara teve uma infância feliz e uma adolescência um tanto quanto difícil, assim como a da maioria das pessoas, afinal essa fase é uma fase de muitos descobrimentos e algumas pessoas acabam se perdendo e magoando outras no processo.

Apesar dos pesares, Clara cresceu bem e se tornou uma mulher forte e de fibra, que não se deixa abater e sabe se impor. Desde muito cedo desenvolveu habilidades artísticas, e tornou-se uma desenhista de renome, procurada para desenhar capas de livros, filmes e até ilustrar alguns projetos para campanhas publicitárias. Ela é plenamente feliz em sua profissão, e com ela vem alcançando tudo o que sempre quis.

Escolheu viver a vida em uma cidade pacata, cercada pela natureza pois assim era mais fácil relaxar e encontrar inspiração. De tempos em tempos, viaja a trabalho, mas só passa o tempo necessário fora.

Apesar dos dias tranquilos, o que assombra Clara é o que acontece durante a noite. Todas as noites ela sonha que está em uma ponte, à espera de um rapaz, a ponte é sempre a mesma, porém, a paisagem ao redor sempre muda, assim como suas vestimentas. No final dessa ponte, há um rapaz esperando por Clara, mas ela não consegue ver seu rosto, apenas sua magra silhueta, e o cheiro do seu perfume que é trazido pelo vento. Ela desesperadamente quer encontrá-lo, porém, acontecem muitos imprevistos e eles nunca conseguem ficar cara a cara.

Clara acorda no meio da noite, com o peito sufocando e com a boca seca. É frustrante estar sempre no mesmo lugar e tão perto de quem ela tanto deseja, e não conseguir sequer vê-lo. Ter sonhos assim a amedronta, mas seu maior medo é por algum motivo deixar de sonhar com ele.

Na noite passada, Clara teve o seguinte sonho:
Ela estava em frente a ponte, vestindo um vestido da era vitoriana, luvas, e estava segurando uma sombrinha. Do outro lado da ponte, estava o rapaz loiro e magro, com vestimentas também da era vitoriana. Ele acenava para ela com um belo sorriso no rosto. Assim que ela coloca os pés na ponte e começa atravessá-la, um homem alto e robusto a puxa pelo braço: "onde pensa que vai senhorita Clara? Seu pai me deu ordens para levâ-la direto à casa do senhor Robinson para que tome um café da tarde com ele enquanto seu pai conversa com a família do senhor Robinson sobre os detalhes do casamento". E assim, ela é praticamente arrastada pelo homem, nada podendo fazer.

Não foi um dos piores sonhos que Clara já teve, mas o fato de não conseguir chegar perto do rapaz ou ao menos ver seu rosto, a deixava muito frustrada.

Ela acordava durante a madrugada e não conseguia mais dormir, então se levantava e ia até seu estúdio fazer esboços de seu sonho.

Depois quando o dia amanhece, Clara sempre conta seu sonho para sua melhor amiga, Greta, que sempre a aconselha a procurar ajuda profissional.

Greta: - Isso vai acabar te enlouquecendo Clara, procure algum psicólogo, vá em um centro espírita, ou faça uma sessão de regressão. Eu fico preocupada com esses seus sonhos. Você vive a espera desse rapaz, e talvez (muito provavelmente) ele nem seja real.

Clara: - Eu sei disso amiga, mas tenho medo do que eu posso descobrir. Prefiro achar que não é real, eu só queria ver o rosto dele, só isso.

Greta: - Isso precisa acabar, desde que começou a ter esses sonhos (depois daquele acidente de carro que você teve há 3 anos), você nunca mais se relacionou com ninguém. Durante a noite você sonha com ele, e durante o dia quando não está trabalhando você fica imaginando como ele é.

Clara: - Não se preocupe, eu vou começar a fazer terapia, sei que minha cabeça está ficando confusa e que às vezes tenho confundido sonho com realidade.

Ela disse isso, mas esperava ansiosamente que a noite chegasse para que pudesse novamente ver o tal rapaz.

Ela disse isso, mas esperava ansiosamente que a noite chegasse para que pudesse novamente ver o tal rapaz

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𝓓𝓮𝓳𝓪 𝓿𝓾 | 𝒫𝒶𝓇𝓀 𝒥𝒾𝓂𝒾𝓃Onde histórias criam vida. Descubra agora