Murdoc andava de um lado ao outro da sala. Ele remexia nos cabelos negros, puxando alguns tufos de quando em quando. Estava exausto. Já eram avançadas horas da madrugada, mas seus olhos se negavam a fechar. Por fim, parado diante da porta de 2-D, suspirou derrotado.
"Mas ele é um homem...", pensou. Como poderia, ele, Murdoc Niccals, estar atraído por um homem? O baixista balançou a cabeça para espantar a ideia. Não adiantava continuar negando aquilo que ele já estava negligenciando há tanto tempo. Ele queria 2-D. O desejava com todas as forças. Seu coração apertava ao lembrar-se da reação do azulado ao beijo. Ele não queria tê-lo feito chorar. Não daquela forma...
Murdoc levantou o punho para bater na porta. "Mas e Noodle? Ele provavelmente ama aquela garota". Baixou a mão instantaneamente. Era óbvio que 2-D amava Noodle, não poderia ser outra coisa. Não com tanta preocupação, não com tanta ênfase. Não, não poderia fazer aquilo. Quando 2-D descobrisse, iria odiá-lo. Quando o vocalista soubesse, nunca mais iria olhar em sua maldita cara...
Tão fria quanto estava seu corpo pela ansiedade, uma mão o tocou no ombro e o fez virar-se na ofensiva. Era a cyborg, com uma mão já diante do corpo para evitar o golpe. Ela o segurou com um ruído, torcendo o punho do outro.
- O que está fazendo aqui? – a voz mecânica falhava. Seus olhos vidrados pareciam penetrá-lo.
- Eu não lhe devo explicações. – Murdoc respondeu simplesmente.
Mas a máquina não pareceu satisfeita com a resposta. Impedindo o líder de se soltar, ela se aproximou o suficiente para estar quase nariz a nariz com ele. Os fluídos escuros ainda escorriam em seu pescoço.
- Não vai fazer mal a ele. Eu vou protegê-lo.
Murdoc observou seu rosto sujo e trincado. Ela falava sério. E a julgar pela força com que torcia seu braço, estava mesmo disposta a impedi-lo de tocar em 2-D. Seria difícil tomar novas iniciativas com ela por perto...
- Não quero fazer mal a ele.
- Eu não acredito em você.
- Eu não me importo. – Murdoc puxou o braço com toda a força que pôde juntar, mas, mesmo com defeitos, a cyborg ainda era muito forte. – Me solta sua vadia!
Atendendo seu pedido, a garota o soltou lançando-o contra a pequena mesa da cozinha. O líder escorou-se nas cadeiras de metal, fazendo um grande estardalhaço.
- Fique longe dele. – ela disse por fim, antes de se virar e sumir escada acima. – Está avisado.
Murdoc se levantou com dificuldade, segurando o pulso muito vermelho e inchado. É claro que ele não demonstraria diante dela a dor que estava sentindo. Inferno. Se quisesse mesmo se aproximar de 2-D, precisaria sumir com aquela máquina defeituosa. Mas se queria dar continuidade à banda, teria que mantê-la por perto e reprogramá-la assim que possível.
Sem ter muito que fazer, o baixista voltou para o seu quarto e se jogou na cama, a mesma em que pretendeu jogar 2-D mais cedo. Mas que diabo, como conseguiria dormir naquela cama se lembrando de todas as coisas não feitas? Como iria se esquecer das sensações que percorreram seu corpo?
Ele precisava se aliviar. Mas não poderia ser com 2-D, não daquele jeito. Respirou fundo. Teria que fazer por si mesmo. Precisava disso muito mais do que precisou em anos. Era uma necessidade.
Sem pensar muito, levou as mãos para o volume já muito firme nas calças. Esperou não fazer muito barulho. Seus dedos percorreram o interior da peça, segurando a si mesmo com força delicada. Seu corpo reagiu instantaneamente ao toque, fazendo-o prender a respiração. Seus movimentos eram precisos, ágeis, urgentes. Seus pensamentos iam e vinham de um rapaz pálido, magricela e muito tentador.
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Gorillaz: Make Me Feel Good
FanfictionDepois de Paula Cracker, o coração do doce e gentil 2-D se fechou para tudo e qualquer pessoa que tentasse transpor a armadura que ele criou para si próprio em autodefesa. Ele só não imaginava que não conseguiria ser capaz de impedir que o tiro de u...