Entre Dois Mundos- Edward/Cedric

Capítulo 12

Alice dirigia em silêncio ao meu lado quando eu perguntei:

– Para onde estamos indo?

– Para minha casa — olhei para a janela e observei as árvores pelo caminho — Meu pai está de folga hoje e ele pode te explicar melhor que eu.

Ficamos em silêncio novamente enquanto eu pensava em toda essa loucura. Cedric está vivo. Cedric tem uma namorada. Ele a ama.
Segurei as lágrimas e respirei fundo. Por mais que as últimas afirmações machucassem, a dor era muito menor do que a ideia de sua morte. A voz doce de Alice retornou em uma fala convicta:

– Não quero assustar você — ela tirou os olhos da estrada e eu a olhei com mais atenção — Eu não sou humana.

Ergui uma sobrancelha sem entender o que ela queria dizer e ela sorriu de um modo confortável.

– Sou uma vampira.

– Ok — foi minha resposta.

Afinal de contas, eu era uma bruxa. Coisas sobrenaturais não me assustavam.

– Oh, você absorve rapidamente as informações — eu gostaria que ela tivesse razão. Mas não tinha.

Paramos em frente a uma casa moderna e bem bonita. Era marrom e passava uma sensação familiar.
Quando descemos ela pediu para me acompanhar e entrou na casa.
Um homem loiro e muito bonito desceu as escadas, assim que me olhou, parou onde estava.

– É, estamos todos surpresos — Alice disse como uma explicação.

Ele desceu o restante das escadas e veio em minha direção.

– É um prazer te conhecer, Stella — todos eles sabiam meu nome? — Sou Carlisle, pai de Edward.

–  Prazer — estendi minha mão, ele a apertou logo em seguida.

– Onde ele está? — seu olhar parou em Alice que pareceu desconfortável.

– Estava com Bella no estacionamento.

Carlisle pareceu entender e sorriu para mim.

– No que posso ajudar vocês? — ele disse gentilmente enquanto nos convidava para sentar em uma sala com mesa de vidro.

– Eu não sei o que estou fazendo aqui — fui sincera — Eu pensei que Cedric estava morto por anos e de repente acordei em um quarto estranho — O loiro balançou a cabeça em entendimento.

– Penso que seria melhor você conversar com ele sobre isso, mas entendo a... situação.

Por o tom de voz, eu sabia que ele estava falando de Bella.

– Conheci Cedric no hospital, em 1918 — meu coração parecia ter parado de bater — Ele estava com um ferimento que eu não soube identificar qual, mas como estávamos na época da peste negra, eu dei o diagnóstico que ele havia contraído a doença — os olhos dourados de Carlisle estavam distantes, como se as lembranças passassem diante dele — Eu percebi que ele era especial, me apeguei ao menino e não aguentei o ver naquele estado.

Eu entendia, Cedric causava esse tipo de sentimento nas pessoas.

– Ele delirava e não conseguia formular frases direito, só murmurava coisas como ''meu pai'' ou ''Grey'' — senti as lágrimas quentes rolarem por meu rosto sem que eu pudesse as segurar. Alice se posicionou ao meu lado e segurou meu ombro — Ele estava quase morrendo, e então eu o transformei  nisso.

Suas palavras pesaram com tanta culpa que eu me levantei e me encaminhei até onde ele estava. Ele é pai, assim como Amos, Carlisle o ama e eu amo Carlisle por isso. Alice e ele me olhavam com interrogação quando o abracei.

– Obrigado — minha voz saiu baixa, mas eu sabia que eles tinham escutado.

Ele retribuiu e quando me afastei a voz de Alice soou animada.

– Você é mesmo tudo que ele disse — me virei confusa e ela deu de ombros.

– Eu preciso entender onde estou, por favor — minha voz era suplicante — E como é possivel você ter o conhecido em 1918.

– Eu entrei na familia bem depois, junto com meu namorado, Jasper. Conheci Edward e ele me contou sua história. — ela encarou um ponto da mesa, completamente imóvel — Decidi tentar ajudar e fiz pesquisas. Descobri que existem teorias de outras realidades. Estamos em Forks e parece que cada realidade pode se encontrar no passado ou futuro.

Escutei cada palavra atentamente.

– Nós tentamos muito Stella, por anos, encontrar uma forma de ele voltar — sua voz ficou tristonha — Ele tentou voltar pra você por 87 anos, até...

– Até Bella — falei.

Carlisle e Alice me encararam e eu soltei uma risada sem humor.

– Para mim foram 3 anos, para ele foram 87 — passei a mão por as lágrimas teimosas — Eu entendo.

– Vocês precisam conversar — Carlisle disse docemente.

– É, precisamos — encarei Alice e ela balançou a cabeça como se soubesse o que eu iria fazer em seguida — Posso fazer um pedido?

– Eu te ajudo — Alice disse antes que eu sequer formulasse a pergunta.

Carlisle nos olhou confuso.

— Eu irei tentar ajudar ela a voltar — Alice disse quando o barulho da porta nos iterrompeu, com quatro pessoas, inclusive Cedric, entrando no ambiente.

– Grey — Ele disse com tanta dor que eu desviei o olhar. Olhei para o lado percebendo que todos nos encaravam.

– Vamos deixá-los sozinhos — Carlisle falou e todos sumiram em 1 segundo.

Eu sabia que era o momento. Era o ponto final. Nossa história se encerraria aqui. E eu não poderia estar mais despreparada para isso.