Capítulo 13

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Por alguns instantes nós apenas nos encaramos. Eu tinha muito o que falar, mas nada saía de meus lábios. Ele se sentou e me olhou receoso, como se estivesse analisando minha reação. Ele acha que tenho medo dele?

Sim — ele respondeu e eu franzi as sobrancelhas — Eu quero te explicar tudo, mas tem coisas mais importantes a serem faladas.

É, tipo o fato de você ser um velho ranzinza agora — tentei amenizar o clima estranho e ele gargalhou.

Eu não queria que fosse uma conversa travada ou difícil, era sempre muito fácil conversar com Cedric. 

''Era'' meu subconciente zombou.

Eu estou a muitos anos aqui, vivi em cidades diferentes, casas diferentes e... — ele passou a mão pelos cabelos — Eu não sou mais o homem que você amava.

Aquilo foi como um soco no estômago.

Amo — sussurrei — O homem que eu amo.

Grey, eu tentei, juro — sua expressão revelava culpa e tristeza — Por anos a única coisa da qual eu lutava era para voltar para casa. Voltar pra você — minha garganta se fechou em um nó e ficou difícil segurar as lágrimas — Depois de aceitar que eu nunca conseguiria, mudei meu nome e tentei deixar o que eu era e o que eu vivi para trás. Escolhi o nome Edward como uma sugestão de Jasper.

Um silêncio tomou conta do ambiente e eu estava me sentindo sufocada. Já sabia o que ele me contaria agora.

Conheci Bella no colégio — sustentei o olhar sobre Cedric e ele fez o mesmo — Foi natural, a primeira vez que eu a vi...

Seu rosto assumiu uma expressão que eu conhecia muito bem, de vergonha.

O sangue dela é diferente para mim, é mais forte — eu tinha me esquecido desse detalhe, de como os vampiros se alimentavam — Eu não costumo me alimentar de sangue humano, geralmente caço animais, mas ainda tenho instintos e quando ela surgiu pela porta da sala de aula, eu quase a matei ali mesmo.

Uau, que relacionamento saudável.

Eu tentei fugir para não fazer uma besteira, eu não quero ser um monstro — ergui minha mão para o reconfortar, mas abaixei logo em seguida, hesitando — Mas eu não consegui fugir muito tempo, e então nós nos aproximamos e...

Ele parou de falar abruptamente e eu apenas sufoquei tudo que estava sentindo.

Você a ama? — não consegui  disfarçar a angústia em meu tom de voz.

Ele demorou alguns segundos antes de responder:

Sim.

E isso foi o bastante para que a corrente de choro se rompesse e eu chorasse em sua frente, tornando tudo pior e humilhante. Ele tentou tocar em meu braço mas eu recusei seu toque, desviando.

Tudo bem, entendo — me levantei rapidamente — Onde está Alice?

Grey... — ele se aproximou — Não chore por favor.

Dessa vez ele me abraçou e eu não afastei, o que resultou em um som estrangulado de minha garganta. Um som de uma pessoa cansada e que já se afogou em dor demais na vida.

Como está Fred? — entendi que ele quis me distrair, porque falar de Fred e suas pegadinhas me faziam feliz, mas agora minha pernas cederam e bateram no piso de madeira enquanto ele se agachava junto a mim.

O choro aumentou.

Está morto! Assim como Dumbledore, assim como eu pensei que você estava! — solucei — Me deixe ir Cedric, por favor.

Ele se afastou um pouco do abraço e passou a mão por minhas lágrimas, visivelmente abalado e eu não sabia se era pelas informações jogadas ou por meu pedido.

Eu estou tão feliz que você esteja vivo – ousei erguer minha mão e afagar seu rosto — Quero que dê tudo certo aqui, com sua nova vida.

Meu coração se apertou, e ele balançou a cabeça negativamente, entendendo minhas palavras. Era nossa despedida. Estávamos encerrando aquilo.

Eu o amo ardentemente, Diggory — sussurrei em seu ouvido e ele paralisou.

Me levantei e perguntei novamente.

Onde está Alice? — ele me olhou, ainda parado do jeito que estávamos a uns segundos atrás.

Aqui — ela surgiu das escadas e lançou um olhar preocupado para nós dois.

Podemos conversar sobre aquilo? — ela assentiu e eu dei as costas.

Deixando meu coração em suas mãos, como sempre havia feito quando se tratava de Cedric. A diferença é que agora ele tinha o descartado.

Entre Dois Mundos- Edward/CedricOnde histórias criam vida. Descubra agora